Capitã Marvel [Resenha do Filme]

Já começo esse texto dizendo que eu gostei do filme. Minha filha, de oito anos, também gostou. E para mim isso já está ótimo. Confesso que não entendo o motivo de tanta crítica negativa, de tanta raiva, de pedidos de boicote. Eu realmente não entendo essas coisas. Hoje em dia querem rotular tudo. Querem sempre “lacrar” (como odeio esse termo), tudo tem que ter uma razão, fazer parte de algo ou ter sentido. Só que isso só vale para um lado, o que é estranho.. 
Alguns comentários da atriz Brie Larson podem ter sido recebidos de maneira equivocada? Creio que sim. Atualmente cada um entende as coisas do jeito que quer. Mas o fato é que para mim, esse filme foi realmente bom. É um filme de origem, então a pessoas já teriam que ir ao cinema com essa predisposição. É um filme perfeito? Não. Não é. Está no rol dos “piores filmes”? Não, não está. Tem representatividade? Claro que tem. Vamos falar mais um pouco sobre isso. 
Nós temos em Capitã Marvel um clássico filme de origem de personagem, onde é mostrado sua personalidade, suas características, de onde veio e o que a move. Simples assim. Em um filme como esse, depois de dez anos de história, as pessoas colocam suas expectativas lá no alto, principalmente os fãs mais ferrenhos. No entanto, temos que levar em consideração que o filme não é feito só para esse nicho, é feito para um muitos tipos de pessoas, e muitas delas não tem uma bagagem desse tipo de história. Então, é preciso que as coisas sejam contadas mais calmamente, até mesmo com mais detalhes. 
Como cito acima, o filme não é perfeito, há alguns problemas em relação a edição, ou a caracterização de alguns personagens. Como os produtores escolheram um tipo de narrativa onde nós também não sabemos exatamente o que está acontecendo e descobrimos junto com a protagonista, o começo pode parece ser um pouco perdido, mas com o decorrer do filme as coisas começam a entrar nos eixos. Não acredito que essa maneira de contar a história esteja errada, isso nos torna parte dela, já que descobrimos com ela os acontecimentos passados. 
Carol Danvers faz parte da Starforce, um grupo de soldados Krees que protegem o universo e tem como inimigos os Skrulls, seres metamorfos. Em uma das missões ela acaba caindo no planeta Terra, e na iminente invasão Skrull sai em busca desses seres. Ela acaba conhecendo o jovem Agente Fury e nessa caçada aos Skrulls, começa a descobrir um pouco mais do seu passado. 
Aqui vou virar a chave para o leitor e colecionador de histórias em quadrinhos. Eu sei bem que o universo cinematográfico precisa de adaptações em relação às HQs. Algumas são bem feitas, outras nem tanto. No caso da Capitã, adaptações foram feitas para contar sua origem e eu achei que ficaram bem. Mesmo alterando a origem e até o gênero de alguns personagens fez com que a origem dos seus poderes fosse facilmente explicada e concisa, sem a inserção de mais personagens. Inclusive o conhecimento que tenho sobre os Krees e os Skrulls foram colocados a prova, e eu acredito que algumas coisas importantes ainda vão acontecer. Infelizmente, nem todos pensam dessa maneira, e querem sempre que seja o mais fiel possível. 
Uma crítica recorrente que acompanhei foi o fato da atriz Brie Larson não parecer a vontade no papel. O que para mim é um tanto estranho, já que na história ela não sabe realmente quem é, como poderia estar a vontade? Citam a falta de um inimigo, de um vilão à altura. A pessoa está tendo recordações de um passado difícil, onde sempre diziam que ela não poderia fazer aquilo, que não poderia estar ali, ou seja, ela luta contra demônios internos. Você quer vilão pior que isso? O fato de ter que se provar merecedora, de provar que é capaz, mesmo quando todos a sua volta dizem o contrário não é um vilão grande o bastante? As pessoas têm em mente a figura física do vilão, um Thanos, um Caveira Vermelha, um Ares e esquecem que existem outros tipos de vilões. 
Nesse filme fica claro isso, a luta da Capitã não é contra um vilão físico, ainda que eles existam, ela luta contra seus vilões, seus demônios internos. Tanto para saber mais de sua vida, quando para poder controlar seus poderes. E uma coisa que é dita, que ao meu ver como demérito: você é emotiva demais e por isso atrapalha. Então, uma pessoa emotiva não pode ser forte? Acredito que são essas questões que o filme passa, além do universo super heroico, já que antes de tudo Carol Danvers foi, e ainda pode ser, considerada uma humana. E isso desagradou muita gente – principalmente homens. Ter uma mulher com todo esse poder e segurança assusta as pessoas. E muitos disseram não ter tido empatia por ela e as comparações com a Mulher-Maravilha foram inevitáveis. Mas alguém lembra que a Diana é uma deusa? Ela é um ser quase que supremo, enquanto a Carol era uma pessoa comum, com sonhos, desejos com uma vida, e de uma hora para outra tudo muda. 
Esse filme tem sua representatividade sim, muitos dizendo que não, assim como algumas pessoas disseram ser “esquecível”, sem frases de impacto (vai ver querem fazer camisetas). Mas uma coisa interessante, em uma determinada cena onde Carol mostra que não precisa provar nada pra ninguém, minha filha fala a famosa frase “Turn Down for What!”, acredito que todos saibam do que se trata, e faz aquele gesto com as mãos parecido com o que Usain Bolt fazia, e ainda completa com um belo “Toooma!”. Se ver isso em uma menina de oito anos não é bom, não sei o que é. Acredito que lá no seu interior ela pensou que poderia estar lá, não pelos poderes em si, mas pela capacidade de resiliência. Se aquela Carol passou por tudo aquilo e consegui passar por cima, por qual motivo ela não pode fazer o mesmo?
Capitã Marvel abre uma nova fase, a partir de agora um novo personagem fará parte dos Vingadores e poderá tomar papel de destaque. E já que sua história foi contada e ela se tornou conhecida, não é mais necessário mexer com isso, e o leque está aberto para que apareçam os tais “vilões” que todos esperam. O filme tem sua importância sim, infelizmente agentes externos fizeram com que opiniões fossem criadas antes mesmo da sua estreia, gerando algum certo hype negativo. Mas nada melhor que a Carol Danvers para mostrar como passar por cima de tudo isso. 

Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: Capitã Marvel
Título Original: Captain Marve
Direção: Anna Boden, Ryan Fleck
Data de lançamento: 07 de março de 2019
Nota: 4/5
Disney

Renato Zanotte

5 thoughts on “Capitã Marvel [Resenha do Filme]

  • 16 de março de 2019 em 00:04
    Permalink

    Oii!
    Vi o filme e amei! Não sou leitora das HQs, mas acompanho vários dos filmes de heróis. É um universo muito masculino, como muito do nosso cotidiano, mas isso está mudando. Por ter essa característica, acho que incomoda muito ver mulheres sendo protagonistas dessa forma como está começando a acontecer. Capitã Marvel veio pra mostrar que veio com tudo e pra ficar!
    Adorei a reação da sua filha! Meu coração se enche de orgulho sabendo que essas pequenas mulheres estão tendo excelentes exemplos!
    Beijos!
    http://www.queriaestarlendo.com.br/

    Resposta
  • 16 de março de 2019 em 16:09
    Permalink

    Oi Renato!
    Gostei de ler sua opinião. Ainda não vi o filme mas espero que isso aconteça logo, rs. Os filmes de origem da Marvel nunca foram perfeitos. Pra mim o que chegou mais perto disso foi o primeiro Capitão América.
    Realmente a comparação com Mulher Maravilha e inevitável, mas não para desmerecer um ou outro, mas por uma questão de análise de abordagens, que com certeza devem ser diferentes.
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

    Resposta
  • 6 de junho de 2019 em 02:35
    Permalink

    Olá ! Só vim conhecer a página, por sugestão de sua filha Ana (minha aluna). Vou dar uma olhada nas indicações, parabéns pelo trabalho.

    Resposta

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