Matrix: Ressurrection [Crítica do Filme]

Matrix: Ressurrection é ousado, nostálgico e acaba na mesmice.

A “ressurreição” de diversas franquias modais em Hollywood não é novidade; misturar nostalgia, apresentar conceitos e continuar as trajetórias filmografias. No mundo gamer esse pressuposto é visto com os jogos tendo versões remasterizadas, sequências e chegam a receber uma repaginação completa os “remakes”. Matrix: Ressurrection (2021) é um amálgama desses dois conceitos e universos.

Após 18 anos, a diretora Lana Wachowski, sem sua irmã Lilly (dirigiu em conjunto os três filmes) apresenta uma novo algoritmo de ciclos da Matrix como um pressuposto para ressuscitar os personagens de Keanu Reeves (Neo) e Carrie Anne Moss (Trinity) para o quarto filme da franquia.

O primeiro filme é um marco no cinema, muito por conta de sua originalidade narrativa, conceitos, referências filosóficas e visuais. No segundo e terceiro longa abriram mais seu leque para explorar novas possibilidades do mundo através da Matrix e que acabou não agradando a todos. Já o quarto longa é mais apreciativo se o espectador tiver acompanhado a trilogia para não apenas captar momentos nostálgicos, mas para entender o contexto por trás desse “novo” mundo.

O longa se inicia com fragmentos de um “soft reboot” com apresentação de novos personagens: Bugs (Jessica Henwick) e um novo Morpheus (Yahya Abdul-Mateen) na qual é revisitado com contextualização distinta que foi vista no primeiro longa de 1999. Ambos os personagens se encaixam na cosmologia proposta por Lana. Já o retorno de Keanu Reeves, é um dos pontos chaves desse conceito ousados inseridos pela diretora.

Thomas Anderson (Neo), é apresentado como um famoso desenvolvedor de games que é responsável por criar a franquia consolidada “Matrix”. E com isso, Wachowski, brinca mais uma vez com a mente de todos para discutir pautas que foram relevantes no início dos anos 2000 à tona com a realidade do mundo atual e entrando no conceito de gamificação. Assim, mostrando que é claramente uma sequência direta.

Todavia, o ambientalismo deste “novo” algoritmo presente no sistema é visualmente mais vibrante e saturado. Com semelhanças ao final de Matrix: Revolutions (2003) onde notamos que o filtro verde é extinto com a salvação por Neo, assim reconstruindo a realidade e botando um fim na guerra contra as máquinas. O próprio filme faz piadas como uma “paródia” de si mesmo por ter mais um longa da saga, mas intencionalmente colocadas na construção da linha narrativa.

Neil Patrick Harris é uma das grandes surpresas no filme, é carismático e perturbador. Como uma série de referências ao mundo dos jogos eletrônicos presentes no filme. Seu personagens lembram os games: Until Dawn, Control e Quantum Break. O retorno mais significativo do filme fica em parte para a cara metade de nosso protagonista, a Trinity, que ganha o destaque que merecia com esmero.

Contudo, o filme tem boas intenções em entregar nostalgia, revitalização e humor (algo pouco visto na franquia). Porém, o longa acaba introduzindo conceitos interessantes de narrativas, plots e abordagens diferenciadas. E acaba finalizando como um Blockbuster simplista, focando no poder desse amor “escolhido”, algo já explorado na franquia que acaba se repetindo de outras perspectivas. A metalinguagem que mescla com o clássico e games pode atrair uma nova geração que acaba virando fã do filme, da mesma forma que o primeiro longa foi para a Vanguarda.

Vale a pena mergulhar e tomar a pílula vermelha de Matrix: Ressurrection que estreia 22 de dezembro nos cinemas.

Trailer

 

FICHA TÉCNICA
Título: Matrix Resurrections
Direção: Lana Wachowski
Data de lançamento: 22 de dezembro de 2021
Warner Bros Pictures Brasil

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