Império da dor: de caricata a necessária [Crítica da Série]
Segundo o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), cerca de 500 mil americanos morreram por conta de overdose de opioide nas primeiras décadas do século 21. O país vive uma epidemia de opioides e OxyContin, que faz parte da família de substâncias químicas da heroína, é um deles, centro da história da minissérie da Netflix.
Baseado na obra Pain Killer, de Barry Meier, e também no artigo The Family That Built an Empire of Pain, de Patrick Radden Keefe, a série nos mostra como Richard Sackler (Matthew Broderick, nosso eterno Ferris Bueller de Curtindo a Vida Adoidado) pegou uma das empresas do tio e conseguiu ficar bilionário vendendo um remédio para dor, duas vezes mais potente que a morfina, altamente viciante se aproveitando do marketing, do despreparo dos médicos e da negligência somada a corrupção do governo americano.
A narrativa é conduzida pela personagem Edie Flowers (a brilhante Uzo Aduba), ex-funcionária do governo que começa há muito anos a investigar a Purdue Pharma. E por meio de flashbacks é que algumas respostas nos são dadas. Como conseguiram a aprovação de um remédio tão perigoso? Por que os médicos receitaram uma droga altamente viciante? Por que demoraram tanto para fazer algo? Por que o remédio ainda existe? E durante a história ainda conhecemos Glenn (Taylor Kitsch), um pai de família, como muitos outros, que teve a infelicidade de se acidentar e ter seu destino cruzado com o remédio e Shannon (West Duchovny), uma das vendedoras de OxyContin que ganhou muito dinheiro reproduzindo o discurso da farmacêutica.
Quem assistir Dopesick no Star+ pode até fazer alguma comparação com Império da dor, já que o tema é o mesmo, mas a Netflix trabalha com menos profundidade, embora com momentos importantes e dramáticos. Difícil não sentir o absurdo ao descobrir de onde sair o estudo de referência do remédio, ou não sentir a dor dos familiares que aparecem em cada episódio. O que me levou também a um certo estranhamento em alguns momentos porque o roteiro tem certo humor. Tal como uma ótima trilha sonora.
Richard Sackler de Matthew Broderick é um tanto caricato, o roteiro até tenta dar um pouco de profundidade ao personagem ao estabelecer uma relação cheia de complexidades com seu tio, mas falha. Já Uzo Aduba é o grande destaque da minissérie! Uma atuação cheia de força e honestidade, desde dos momentos mais inocentes como a funcionária que acredita que vai mudar as coisas, até a já cética Edie Flowers.
Império da dor tem um ótimo ritmo, o que mostra que a Netflix entende como fazer minissérie sem ser maçante. Não é uma obra prima, mas é claramente um produto feito para atingir mais pessoas sobre uma tema que realmente precisa ser notório.
Michele Lima
Parece ser uma série bem polêmica e marcante. Quero muito assistir.
Boa semana!
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