Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo [Crítica]

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo é bizarro, surreal, dramático, familiar, depressivo, existencialista, niilista e sarcástico. O título é praticamente autoexplicativo quando você entende a premissa desta louca dessa história.

Evelyn (Michelle Yeoh) é uma mulher visivelmente cansada exausta de cuidar da família, o marido é bobo, o pai está doente, o relacionamento lésbico da filha a desagrada, (principalmente porque ela abandona a faculdade) e a receita federal está fazendo novamente uma auditoria em sua lavandeira.

A beira do caos, do cansaço físico e mental, Evelyn vai na receita federal junto com seu marido e pai. No elevador algo estranho acontece, seu marido muda de repente, como se fosse outra pessoa. Waymond (Ke Huy Quan) é o seu marido do alfaverso que está naquele universo para explicar para a protagonista que ela é a única que pode salvar o mundo de um figura destrutiva chamada de Jobu Tupaki

Tudo acontece ao mesmo tempo em todo lugar, mas fisicamente o filme é quase todo dentro do prédio da receita federal. Evelyn aprende a se conectar mentalmente com suas outras versões de outros universos e para isso ela tem que fazer coisas aleatórias e muito bizarras. A cada universo encontramos uma Evelyn que tomou uma decisão diferente na vida, como aquela que não se casou e se tornou uma estrela de Hollywood com filmes de Kung Fu, uma referência a carreira da própria atriz. Aliás, o filme está cheio de referências à cultura asiática, e de certa forma, temos uma homenagem também à sétima arte neste longa.


Mas não se enganem, não é só de ficção científica e situações absurdas que o filme é feito. É evidente o fundo familiar dramático na história, cheio de metáforas. Evelyn passa por várias situações de aprendizagem para tentar chegar no mesmo patamar de Joy (Stephanie Hsu), ou seja, é como se a protagonista tivesse que se desconstruir para entender os sentimentos da filha. Evelyn também está cansada da vida, aceita com muita facilidade o multiverso porque é uma alternativa de vida em que as suas escolhas foram diferentes da atual, universos que ela pode ser tudo que sonhou e até o que nunca sonhou. Uma cientista brilhante, uma cantora, atriz, cozinheira e assim, sair da infelicidade e mesmice de sua vida em pouco tempo. 

Muitas cenas saem da lógica e da previsibilidade e impactam por isso, gerando riso em vários momentos. É engraçada a ideia da rosquinha que perpetua o filme ou as atitudes sem sentido para saltar mentalmente para os outros mundos, as alegorias em várias cenas evocam o caos, às vezes até em um estilo barroco, cheio de excessos em tela, dualidades, hipérboles e metáforas. 

Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo de Daniel Kwan e Daniel Scheinert é um filme que só funciona se você aceitar os absurdos em tela, mas uma vez que você se você desprende da lógica, acaba entrando em uma aventura científica caótica, que quebra as expectativa várias vezes, mas que claramente trabalha com temas modernos e aflições universais. 

PS: seria interessante o filme em que a pessoa precisa sentar a bunda em um objeto fálico para pular nos multiversos ganhasse o Oscar.. rs

FICHA TÉCNICA

Título: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Título Original: Everything Everywhere All at Once
Direção:  Daniel Scheinert, Daniel Kwan
Data de lançamento: 23 de junho de 2022
Diamond Films

Michele Lima

One thought on “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo [Crítica]

  • 8 de fevereiro de 2023 em 15:03
    Permalink

    Deve ser uma loucura esse filme. Fiquei curioso em assistir. Gosto desses filmes que são fora da caixinha.

    Boa semana!

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    Até mais, Emerson Garcia

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