Britney vs Spears [Crítica]

Todos os fãs e até quem não é, sabem que Britney Spears vive numa situação de tutela (aqui no Brasil chamada de curatela) por 13 anos em que ela não tem direito a tomar nenhuma decisão por conta própria. Tudo começa com seu divórcio turbulento com Kevin Federline, a disputa pela guarda das crianças e mentalmente a cantora vai sofrendo com tudo que a mídia fazia com ela. Porque tem duas coisas que o documentário da Netflix deixa bem claro: o pai da cantora só aparece para conseguir ser seu tutor e o circo com a mídia armada a cada pequena saída de Britney de casa era um horror.
A diretora Erin Lee Carr se uniu à jornalista Jenny Eliscu nesse documentário para mostrar em ordem cronológica como Britney chegou na atual situação e todos os momentos que tentou sair dela. Como por exemplo, se encontrar com a jornalista escondida em um banheiro para assinar um documento em que pedia outros advogados. Parecia cena de filme, uma coisa absurda.
O documentário mostra com clareza a ausência do pai da cantora por muito tempo e sua postura de deboche com a empresa ao longo dos anos. A análise dos documentos colocam em evidência que foi dito ao juiz que Britney tinha problemas mentais, mas isso nunca foi um problema para seu tutor e empresas envolvidas para a obrigarem a sair em exaustivas turnês. E se a cantora está doente, ela pode se apresentar normalmente? E quem foi o médico que assinou o laudo de demência? E quem é Lou M; Taylor, a mulher dona de uma empresa que aparece para ajudar o pai da cantora? Tanta coisa nebulosa nesse caso que o documentário serve para questionarmos bastante as intenções de quem supostamente estava ajudando Britney.
Também temos um pouco da relação dela com o paparazzi Adnan Ghalib que demonstra real preocupação com Britney, mas que foi afastado pelo pai da cantora. Assim, como os outros relacionamentos dela ao longo dos anos e suas diversas tentativas de ter um mínimo de liberdade, já que nem dinheiro para comprar presentes para os filhos ela tinha, muito menos sair para comer um hambúrguer sem pedir permissão. Enquanto isso, trabalhava e ganhava milhões que não podia usufruir. Também fica claro que por diversas vezes Britney se calou e recuou com medo de não poder ver mais os filhos.
Eu acredito que para os fãs, o documentário não traz muita novidade, mas pontua bem as falhas no sistema judiciário americano que permitiu que por mais uma década que Britney não fosse ouvida devidamente e questiona de maneira muito perspicaz todos que se beneficiaram com a situação de tutela da cantora.
Michele Lima

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