A Filha Perdida [Crítica]
Ser Mãe nunca foi padecer no Paraíso
O livro de Elena Ferrante, a atriz Maggie Gyllenhaal estreando na direção de longas como se fosse uma veterana e a oscarizada Olivia Colman no papel principal. Os planos fechados nos alertando a todo momento de que estamos diante de um filme tenso, denso e sufocante. A trilha sonora bacana tem até Livin’ on a Prayer do Bon Jovi ,mas não alivia nada!
A professora universitária britânica Leda está de boa curtindo suas férias no litoral sul da Itália. Ela é antissocial, discreta e não quer ser incomodada. De dia toma sol na praia e de noite veste o pijamão listrado. Toma uns vinhos, lê e curte a paisagem. O faz tudo Lyle (Ed Harris) é do tipo invasivo, mas ela tira de letra. Não demora muito pro horror começar. Uma família numerosa chega e toma conta do lugar. Gente chata, barulhenta e espaçosa que quer até o lugar onde Leda está sentada. O desconforto ao saber que já foi analisada e teve até sua idade discutida também é nosso. Uma menina ali presente e sua boneca é o gatilho que acaba com o pouco de sossego que restava.
No recurso batido do flashback, a jovem Leda (interpretada pela talentosa cantora Jessie Buckley, filha de Tim e irmã de Jeff) vive a experiência nada agradável da maternidade. Está esgotada, está estressada. Suas duas filhas de 7 e 5 anos a enlouquecem e seu marido fraco e broxa não a ajuda em nada. Passado e presente que se alternam em pouco mais de duas horas de projeção que passam num instante. Afinal, porque Leda roubou a boneca da menina na praia e está obcecada por ela? Qual o segredo de Leda?
Nem quem tiver o livro em mãos e nem quem estiver assistindo ao filme ficará decepcionado por não ter uma explicação plausível, ainda que polêmica. Todos os sentimentos de Leda são transmitidos sem que Olivia Colman faça caras e bocas afundada no overacting. Suas emoções são discretas e intensas, seu potencial dramático já foi provado anteriormente em Tiranossauro (2011), A Favorita (2018), Meu Pai (2020) e na série The Crown, o que deve ter enchido umas duas estantes de prêmios. Leda é mais uma grande personagem para seu repertório e A Filha Perdida é mais uma produção da qual deve se orgulhar.
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: A Filha Perdida
Título original: The Lost Daughter
Direção: Maggie Gyllenhaal
Data de lançamento no Brasil: 31 de dezembro de 2021
Netflix
Italo Morelli Jr.