Emilia Pérez [Crítica do Filme]

Emilia Pérez

Quem não gosta de musicais ou novela mexicana, deve passar longe de Emília Perez. O prêmio de interpretação coletiva para as quatro atrizes no Festival de Cannes e as treze indicações ao Oscar soam exageradas, visto que Emília Perez é um passatempo ok, nada marcante.

Manitas (Karla Sofia Gascón) é um temido chefe do tráfico responsável por muitas mortes e que decide largar tudo, mudar de vida e fazer a transição de gênero. Após sequestrar a advogada de porta de cadeia, Rita (Zoe Saldana), ele faz uma oferta irrecusável: milhões de dólares para que ela cuide de tudo, desde sua cirurgia de redesignação sexual e as inúmeras plásticas até mandar a esposa Jéssica (Selena Gomez) e os filhos para outro país em segurança. Os anos passam e Emília Perez (Karla Sofia Gascón de novo) surge e encontra Rita por acaso e a coloca em outra missão: trazer Jéssica e seus filhos de volta pra morar com ela, como se ela fosse uma tia, e fundar uma ONG que vai procurar os desaparecidos que matou quando ainda era Manitas.

A transição de Emília além do gênero foi de consciência também. O até então ameaçador Manitas se torna uma mulher de meia-idade muito elegante e sedenta por justiça social.

Tudo isso é contado em meio a canções de gosto duvidoso, composta pela francesa Camille, que simplesmente as traduziu para o espanhol, idioma que não domina. Os números musicais também beiram o ridículo com suas coreografias feitas claramente por quem não entende de dança e executada por um elenco que não sabe dançar e nem cantar – nem a Inteligência Artificial conseguiu melhorar.

Emilia Pérez

Zoe Saldana é o destaque do elenco, juntamente com a espanhola Karla Sofia Gascón, a primeira atriz trans a ganhar Cannes e a concorrer ao Oscar. Ela se sai bem nos dois papéis Manitas/Emília, valendo-se de anos de experiência quando era Carlos Gascón e atuou em várias novelas na Espanha. O diretor francês Jacques Audiard já entregou trabalhos sólidos, como o drama penitenciário O Profeta (2009) e o belo Ferrugem e Osso (2012) com Marion Cotillard, mas fez com Emília Perez o seu filme mais fraco e confuso.

As declarações de que não usou um autêntico elenco mexicano por não serem bons e de que foi usada I.A. para afinar a voz da atrizes, só demonstra o frankenstein mal sucedido que é Emília Perez. A sequência final, uma total tragédia mexicana daquelas, tem uma conclusão abrupta demais.

Fica aquela sensação de que Audiard conduziu tudo com rédeas frouxas e não teve tanto controle criativo quanto deveria. Produção da Netflix (que vem gastando milhões em divulgação), Emília Perez parece um capítulo de novela estendido e caro, cheio de rasas emoções e situações inverossímeis, difíceis de engolir.  Vale uma espiada apenas pela curiosidade.

FICHA TÉCNICA

Título: Emilia Perez
Direção:  Jacques Audiard
Data de lançamento: 6 de fevereiro de 2025
Paris Filmes

 

Italo Morelli Jr.

One thought on “Emilia Pérez [Crítica do Filme]

  • 10 de fevereiro de 2025 em 16:01
    Permalink

    Essa trama eu passo.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está em HIATUS DE VERÃO do dia 19 de janeiro à 06 de março, mas comentarei nos blogs amigos nesse período. O JJ, portanto, está cheio de posts legais e interessantes. Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

    Resposta

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