Máfia da dor [Crítica do Filme]

Netflix lançou em agosto a boa série Império da dor que conta sobre a crise de opioides nos Estados Unidos. Pouco mais de dois meses depois eles lançam o filme Máfia da dor que também fala sobre a indústria farmacêutica  e a crise de opioides. Obviamente que o tema estaria saturado, embora bem importante e atrativo por ser baseado em fatos reais, mas fica evidente a crise criativa em Hollywood e a falta de um bom senso da Netflix em explorar o assunto em curto espaço de tempo.

Dirigido por David Yates (Harry Potter e a Ordem da Fênix), o longa tem como protagonista Liza Drake (Emily Blunt), uma mãe falida que precisa desesperadamente de dinheiro para cuidar da filha.  E sem dúvida é o desespero que move Liza em boa parte do filme. Ela conhece Pete Brenner (Chris Evan), um funcionário ambicioso de uma empresa farmacêutica que lhe oferece emprego, um tanto do nada. Também desesperado para vender, já que o remédio com nome fictício Lonafen não conseguia entrar no mercado de modo algum, Pete falsifica o currículo de Liza e a contrata como vendedora.

Esperta, inteligente e muito observadora, Liza consegue convencer um médico também falido e carente de atenção a trocar os medicamentos comuns para dor em pacientes de câncer para o Lonafen. Era o que a empresa precisava para começar a vender e muito! Desde o início Liza, Pete e o dono da empresa,  Dr. Neel (Ahdy Garcia) sabiam que estavam tomando o caminho errado com conferências e dando dinheiro ao médico pelas receitas, mas a protagonista se convencia de que estava ajudando pacientes com câncer. Até que as coisas saem do controle.

Se a vendedora Shannon (West Duchovny) de Império da dor tinha um pouco de carisma por ser ingênua, aqui em Máfia da dor Liza conquista por fazer de tudo pela filha e por tentar conseguir ter respeito dos demais, depois de uma vida bem complicada. Emily Blunt é a alma do filme a ponto de não me fazer ter raiva dela. Seu arrependimento soa verdadeiro demais. Já Andy Garcia que representa o CEO farmacêutico germofóbico tem uma participação limitada demais para um personagem importante. E temos um Chris Evan bem canastrão.


O longa é baseado no artigo The Hard Sell: Crime and Punishment at an Opioid Startup, do jornalista Evan Hughes, que foi publicado no New York Times em 2018 e mostra no final que Lonafen é Subsys. Os personagens somam a junção de várias pessoas reais. É um caso importante porque foi a primeira vez que um chefão da indústria farmacêutica (John Kapoor que inspira o personagem de Andy Garcia)  vai preso nos Estados Unidos, um país, assim como outros, enfrenta uma forte crise com centenas de pessoas morrendo com o uso indiscriminado de opioide. 

A direção de David Yates é concisa e nos mostra um filme de fato produzido para televisão, mas o roteiro peca na construção do envolvimento de Pete e Lisa, explorando porcamente a relação dos dois e também não se preocupa em nos explicar exatamente como Liza consegue dinheiro para a cirurgia da filha. A reta final tem muitas falhas.

Embora a previsibilidade seja inevitável e a empolgação menor por um filme com um tema recentemente abordado na própria Netflix, Máfia da dor é um longa assistível, com erros, mas com uma protagonista que realmente salva a história. 

FICHA TÉCNICA

Título: Máfia da dor
Título Original: Pain Hustlers
Direção: David Yates
Data de lançamento: 27 de outubro de 2023
Netflix

Michele Lima

One thought on “Máfia da dor [Crítica do Filme]

  • 7 de novembro de 2023 em 10:35
    Permalink

    Nunca tinha ouvido falar desse filme. Obrigado por compartilhar essa história comigo. Parece ser bem interessante.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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