Sandman [Crítica da Série]

Eu demorei para conhecer Neil Gaiman, mas uma vez no seu universo um mundo de fantasia realmente se abre. Desde um mais simples como Stardust – O Mistério da Estrela, a um infantil como Coraline ou algo mais denso e maduro como Deuses Americanos. No entanto, infelizmente, meu conhecimento sobre Sandman é raso, por isso esse texto não fará comparativos com a HQs que inclusive leva o selo da DC.

Sandman (Tom Sturridge) é um dos perpétuos, seus irmãos são: Destino, Morte (Kirby Howell-Baptiste), Destruição, Desejo (Mason Alexander Park), Desespero (Donna Preston) e Delírio. Cada um dos 7 perpétuos tem uma função. Sandman tem o reino dos sonhos onde a humanidade costuma visitar com muita frequência. Pode parecer algo tolo, mas ao longo da série percebemos o que acontece com os seres humanos incapazes de sonhar…

Sandman é capturado logo no início e passa longos anos preso no porão da mansão de Roderick Burgess (Charles Dance), que queria a Morte e ter um dos seus filhos de volta. Entretanto, ele tenta barganhar com Sandman sem sucesso. Quando o protagonista, enfim, consegue escapar, descobre que seu reino foi arruinado e para reconstruí-lo vai precisar resgatar seus objetos roubados. Sua areia está com Johanna Constantine, interpretada pela maravilhosa Jenna Coleman.

O Elmo de Sandman está no inferno em um episódio ótimo com Lúcifer (Gwendoline Christie). Diria que é a partir daqui que a série começa a ter um tom mais reflexivo. Isso porque o quinto é pesado, angustiante e de difícil digestão.

Ethel Cripps (Joely Richardson) é uma mulher que se envolveu com Roderick e teve um filho com ele. Não querendo abortar, ela foge da mansão e leva os pertences de Sandman, mas ao longo dos anos acabou trocando os objetos. A areia para Constantine, o Elmo para um demônio em troca de um amuleto de proteção. Mas, o rubi fica com ela e é roubado pelo seu próprio filho John Dee (David Thewlis). Aqui é interessante dizer que John nas Hqs está aprisionado no Asilo de Arkham.

O quinto episódio é focado em John Dee e nos seus experimentos. Com o rubi ele obriga as pessoas de uma lanchonete serem verdadeiras umas com as outras. É assim que descobrimos a importância também das mentiras e dos sonhos. David Thewlis está impecável como John! Roteiro e ambientação acima da média. Tudo é  conduzido com uma crescente tensão, as luzes da lanchonete vão ficando mais escuras à medida que a história se torna cada vez mais sombria. Já no episódio 6 temos o aparecimento da Morte em uma história também bastante reflexiva.

Uma vez que Sandman recupera seus poderes, descobrimos seus verdadeiros inimigos e ainda temos o arco da vórtice humana Rose Walker (Kyo Ra). E vale destacar o vilão Coríntio (Boyd Holbrook).

Várias coisas me chamaram atenção ao longo da série. O inferno é bastante interessante. E o mundo dos sonhos também, onde Caim (Sanjeev Bhaskar) e Abel (Asim Chaudhry) possuem vaga cativa. Além de Hob Gadling (Ferdinand Kingsley), um ser humano que não aceitava a morte e teve seu desejo concedido, se tornando um experimento para Sandman. E o próprio protagonista que muda de certa forma ao longo dos episódios, sempre contando com a ajuda de Lucianne (Vivienne Acheampong).

A série tem uma produção de qualidade com Gaiman cuidando de sua obra. Bons efeitos especiais, figurinos, ambientação, um roteiro excelente que nos deixa completamente imersos na história e um bom elenco também. 

Mesmo que você nunca tenha lido nada de Sandman pode assistir a série tranquilamente, ela funciona como uma obra independente.  Sem dúvida uma das melhores da Netflix nos últimos anos.

Michele Lima