Rosa e Momo [Crítica do Filme]

Baseado no livro A Vida pela Frente, escrito por Émile Ajar (pseudônimo de Romain Gary) e publicado em 1975, Rosa e Momo lembra, em muitos momentos, Central do Brasil (1998) e Moonlight (2016), dadas as semelhanças com seus protagonistas mirins.
Momo (o pequeno grande ator Ibrahima Gueye) é um órfão senegalês que ganha uns trocados vendendo drogas pelas ruas de Bari, cidade à beira mar na Itália, onde impera a criminalidade, tráfico de drogas e a prostituição. Filho de uma prostituta estrangeira, Momo foi abandonado pelo pai aos cuidados do dr. Cohen (Renato Carpentieri), médico de Rosa (Sophia Loren, de volta aos holofotes e esplendorosa como sempre) ex prostituta que ganha a vida tomando conta dos filhos de outras prostitutas. Rosa é bastante idosa, judia e carrega traumas dos tempos do holocausto. Momo é muçulmano e bastante agressivo, reflexo de uma vida triste e de muito abandono. Ele comete furtos e trabalha para um traficante local, lutando para sobreviver em um país que lhe é hostil o tempo todo.
Depois de roubar um castiçal de Rosa em plena luz do dia, Momo é levado pelo dr Cohen a devolver a peça e se desculpar. Acaba ficando no local a contra gosto e claro, batendo de frente com Rosa, onde competem pra ver quem fala mais palavrões. Mulher forte mas acometida por lapsos de demência, Rosa vai aos poucos preenchendo o vazio maternal na vida de Momo, dando início a uma bela parceria, tanto dos personagens quanto dos intérpretes. Temas pesados são tratados com delicadeza pelo roteiro enxuto de Ugo Chiti e a direção inspirada é de ninguém menos que Edoardo Ponti, filho de Sophia Loren.
O livro já foi adaptado para o cinema em 1977 rendeu o também ótimo Madame Rosa, dirigido e roteirizado por Moshé Mizrahi e protagonizado pela francesa Simone Signoret. Madame Rosa ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e Simone levou o César (o Oscar francês) de melhor atriz. 
Algo parecido deve acontecer com este Rosa e Momo: provavelmente vai garfar indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro e atriz para Sophia Loren, cuja última indicação foi por Matrimônio à Italiana (1964) e seu último papel memorável foi em Prét-a-Porter de 1994. Se conseguir tal feito, será a atriz mais velha a concorrer e se ganhar, também. Sophia brilha em vários momentos dramáticos e emociona tanto quanto Fernanda Montenegro em Central do Brasil. Destaque também para a atriz trans Abril Zamora no papel da melhor amiga de Rosa – é linda a cena onde as duas dançam “Malandro” de Elza Soares.
Comovente, humano e nunca piegas, Rosa e Momo tem como um dos seus principais trunfos sua narrativa ágil e bem conduzida. Em nada lembra o cinema italiano de tempos atrás, sendo mais moderno do que muitas produções independentes feitas nos EUA. 
Merece ser visto com carinho por sua qualidade e pelo bem-vindo retorno de Sophia Loren ao cinema.
Uma vez estrela, sempre estrela.
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: Rosa e Momo
Título Original: La vita davanti a sé
Direção: Edoardo Ponti
Data de lançamento: 13 de novembro de 2020
Netflix
Italo Morelli Jr. 

2 thoughts on “Rosa e Momo [Crítica do Filme]

  • 1 de janeiro de 2021 em 13:12
    Permalink

    Oi Italo,
    Eu ainda não assisti ao filme. Vi as indicações da Netflix, mas devido a pandemia e a época do ano, acabei dando prioridade aos filmes de Natal fofos e açúcarados, rs.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    Resposta
  • 21 de janeiro de 2021 em 17:50
    Permalink

    Olá,
    Eu vi a indicação desse filme na Netflix e salvei para ver depois. Foi ótimo relembrar dele através da sua resenha, que ficou incrível. Inclusive, não sabia que era uma adaptação, mas gostei de saber disso.

    Beijo!
    http://www.amorpelaspaginas.com

    Resposta

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