Do Fundo da Estante: O Silêncio dos Inocentes [Nostalgia]
O saudoso diretor Jonathan Demme vindo dos bobos Totalmente Selvagem (1986) e De Caso com a Máfia (1988), Sean Connery e Michelle Pfeiffer recusando os papéis principais, adaptação de um livro de Thomas Harris e…por pouco O Silêncio dos Inocentes não saiu do papel. Assim que subiram os créditos iniciais, plateias do mundo todo constataram que estavam diante de uma das maiores obras-primas da história do cinema.
Não por acaso, levou merecidamente os 5 principais Oscar: filme do ano, diretor, ator (Anthony Hopkins), atriz (Jodie Foster) e roteiro adaptado. É apenas o terceiro filme a conseguir este feito, sendo os anteriores a comédia Aconteceu Naquela Noite (1934) e Um Estranho no Ninho (1975), ambos espetaculares.
Com visual de filme B e direção de arte absolutamente natural e zero estética, O Silêncio dos Inocentes conta a história da agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster, magnífica, vencendo o seu segundo Oscar antes dos 30 anos) que procura por um serial killer conhecido como Buffalo Bill (Ted Levine, fantástico e esquecido pelo Oscar) que ataca mulheres jovens e obesas para depois retirar suas peles. Ele acaba de sequestrar a filha de uma importante senadora norte-americana e para construir o perfil psicológico deste psicopata, Clarice recorre à ajuda ao dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, extraordinário), um psiquiatra canibal que teve o assassino como um de seus pacientes. Jame Gumb, o tal Buffalo Bill, é uma mulher trans que precisava de um laudo psiquiátrico para realizar uma cirurgia de mudança de sexo. Lecter, além de não conceder o laudo, também o deixou vivo, já que tinha o hábito de devorar seus pacientes.
Para ajudar na investigação, Lecter quer em troca um local mais confortável para ficar preso. Enquanto negocia suas condições, ele libera aos poucos as informações necessárias para que Clarice encontre Buffalo Bill, não sem antes submete-la a uma análise profunda de sua vida e seus traumas do passado.
Em duas horas de projeção, Anthony Hopkins aparece por apenas 22 minutos e domina o filme. Sua presença e expressões faciais são aterrorizantes, e Hannibal Lecter é lembrado até hoje como um dos maiores vilões da sétima arte.
Hopkins faz de Lecter um maestro que conduz a narrativa como se fosse um concerto musical, sabe exatamente o que está fazendo, quais serão as consequências e como será o final. Jodie Foster, que já havia ganho seu primeiro Oscar por Acusados (1988), brilha igualmente, numa das personagens mais inesquecíveis que se tem notícia. Sua Clarice Starling passa por uma verdadeira descida ao inferno tanto na busca pelo serial killer, quanto ao revistar o seu passado e sua infância mais precisamente. Filha de um policial já falecido, Clarice é destemida e seus encontros com o dr. Lecter são antológicos. Ela sabe que está diante de um psicopata muito perigoso, porém se mantém firme na solução do caso. Lecter demonstra afeto por Clarice mas não nos dá certeza se faria ou não mal a ela. O cenário da prisão, é quase um personagem da trama. Parecida com uma masmorra e com vidro ao invés de grades, é realçada pela fotografia genial, que não embeleza a imagem – apenas torna cada take muito mais sombrio.
A riqueza de elementos, detalhes e situações marcantes do roteiro, empolgam o tempo todo. O roteiro é bem fiel ao livro, cuja história é realmente bem pesada. A direção é impecável e mal dá pra acreditar que Jonathan Demme, cuja carreira só tinha patinhos feios, fez o seu canto do cisne de maneira tão esplendorosa. A improvável “química” entre os protagonistas foi crucial para que o duelo de interpretações ficasse tão incrível – algo que não vimos em A Casa da Rússia (1990) onde Sean Connery e Michelle Pfeiffer atuaram juntos e foram cogitados pelos produtores – disseram um sonoro não alegando que o roteiro era de extrema violência.
E, como toda obra-prima, O Silêncio dos Inocentes gerou alguns filhotes: Seven (1995), Beijos que Matam (1997) e Zodíaco (2007), cujas comparações são inevitáveis. Vejam, revejam, vejam de novo, batam palmas e recomendem para todos – nunca mais o cinema fez e nem fará outra maravilha dessas.
FICHA TÉCNICA
Título: O silêncio dos inocentes
Título Original: The Silence of the Lambs
Direção: Jonathan Demme
Data de lançamento no Brasil: 17 de maio de 1991
Nota 5/5
Italo Morelli Jr.
Oi, Italo! Tudo bom?
Eu lembro do quanto fiquei tensa e aterrorizada com tudo (especialmente a performance do Anthony) durante o filme todo. Assisti faz um tempão, mas é daqueles filmes que marcam a gente pra sempre.
Beijos, Nizz.
http://www.queriaestarlendo.com.br
Um filme clássico, mas que ainda não o vi. Pretendo assistí-lo algum dia. Grato pela resenha tão bem escrita.
Bom fim de semana!
OBS.: O JOVEM JORNALISTA está em quarentena de 22 de julho à 31 de agosto, mas comentarei nos blogs amigos nesse período.
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Oi Ítalo
Eu nunca assisti esse filme mas essa cena do Hannibal na prisão é épica. Estou me arriscando nos meus primeiros livros de crime scene e quero muito ler O silêncio dos inocentes, quem sabe eu não animo de ver o filme.
Beijo!
https://www.capitulotreze.com.br/
Oie
Este filme é top, muito bom e um clássico.
Beijinhos
http://tecendoaliteratura.blogspot.com
Olá, Italo.
Acredita que nunca assisti esse filme. Eu sempre fui meio medrosa para esse tipo de filme, até mais do que sou agora hehe. Mas tenho vontade de conferir os livros.
Prefácio
OI Italo! Eu adoro o ator, mas este filme eu nunca consegui terminar. Ele me apavora. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Oi, Italo. Tudo bem?
Esse filme é um clássico, com certeza. Eu amo cada detalhe dele e até compre para minha coleção em dvd, também gosto da sequência com a Julianne Moore. Você curtiu?
Beijos, Vanessa
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