Cem Anos de Solidão [Crítica da Série]

Aureliano, Cem anos de Solidão

Quando saiu a notícia da adaptação de Cem anos de solidão, um dos maiores clássicos latino-americanos de Gabriel García Márquez, eu torci o nariz! A obra literária é tão complexa e rica que achei que a Netflix poderia estragar a história. Paguei minha língua. E muito provavelmente porque a série respeita demais o autor e é tudo feito sem o dedo americano. Ou seja, é uma obra completamente latina! Não que eu não goste de obras hollywoodianas, na verdade eu adoro, mas ninguém melhor do que nós latinos para contar nossa própria história! 

Seguindo a ordem cronológica, vamos acompanhar a família Buendía e essa primeira temporada é focada nas duas primeiras gerações. Úrsula e José Arcadio se casam mesmo contra a vontade da família, a mãe de Úrsula acreditava que a filha teria um filho com rabo de porco porque ela estava se casando com um primo. 

Úrsula tem três filhos e nenhum nasce com rabo de porco, mas a segunda geração dos Buendía é completamente problemática. José Arcadio (Édgar Vittorino) depois de adulto explora os pobres, Amaranta (Loren Sofía Paz) tem sentimentos pelo sobrinho e Aureliano, o único que pensa em ajudar o povo, até se apaixona por uma criança. Aliás, é Aureliano (Claudio Cataño) um dos principais desse enredo, um homem que tem presságios, que se recusa a entrar na guerra política e quando entra tem dificuldades para sair.

No começo da história, José Arcadio parte com Úrsula e um grupo de amigos para procurar o mar e acabam fundando Macondo, uma incrível representação da América Latina. É em Macondo que tudo acontece! Desde a prosperidade da cidade e seus habitantes a sua derrocada. 

Macondo era um paraíso onde ninguém se importava com política e todos viviam bem, mas José Arcadio, o fundador, sempre teve sonhos grandiosos, queria a aldeia ligada ao resto do mundo. E ao sair do isolamento, eles entram no radar do governo. Daí é só ladeira abaixo. Gabriel García Márquez foi genial ao mostrar o quanto o ser humano é corruptível! Inevitavelmente sempre que penso em Macondo me lembro dos anarquistas. 

José Arcadio e Ursula em Cem anos de Solidão

A família Buendía apresenta um ciclo de repetições e padrões (tanto nos nomes como em suas personalidades). São personagens cheios de camadas e ainda que José Arcadio (o pai, interpretado por Marco Antonio González Ospina e Diego Vásquez) e Úrsula (interpretada por Susana Morales e Marleyda Soto) sejam pessoas de bom caráter, também não são perfeitos. Diria que José é um intelectual deslumbrado, o que fica claro quando encontra os ciganos. E Úrsula, como muitas mulheres latino-americanas, assume sozinha as responsabilidades mais difíceis da família.

A fotografia da série é linda! A direção é ótima! Destaque para as cenas em que Macondo é atacada pelos conservadores durante o período da ditadura de Arcadio (Janer Villarreal)! Impecáveis as cenas da invasão. O elenco também é primoroso! Tanto que achei que a troca de atores faria os personagens perderem o brilho. Mas não! Todos atuam excepcionalmente bem!

Outro trunfo da série são os ganchos! O roteiro muito bem adaptado conseguiu prender minha atenção do início ao fim! Toda a parte do realismo fantástico mescla muito bem a realidade dos fatos. 

É claro que a série não é melhor do que o livro e nem tenta ser! Mas é uma adaptação que funciona muito bem sozinha ao mesmo tempo que complementa ampliando os sentidos visuais de uma história incrível!

No aguardo da segunda temporada!

Michele Lima

One thought on “Cem Anos de Solidão [Crítica da Série]

  • 23 de dezembro de 2024 em 15:56
    Permalink

    Parece ser uma trama incrível. Fiquei curioso em assistir.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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