Bridgerton: Preconceito ou uma Questão de Adaptação?

Eu já fui daquelas que no cinema levantava a plaquinha “No livro não é assim”! Fiz muito isso, mas os anos passaram e entendi que adaptação não é cópia fiel a obra original. O tempo de tela não é o mesmo que o tempo de leitura, além da adaptação poder ampliar uma infinidade de situações, personagens e enriquecer o universo já criado.

Eu entendo que os fãs de Bridgerton esperassem uma cópia exata do que existe nos livros da Julia Quinn, é coisa de fã, mas busco um momento de reflexão. Será que o racismo e a homofobia não estão tão enraizados em nós a ponto de não percebermos os nossos próprios preconceitos?

Eu amo os livros da Julia Quinn, li há muitos anos, mas se eu quisesse reviver as histórias exatamente como foram criadas eu leria o livro. Há muita reclamação na internet com as mudanças na série, parece chorume de racismo e homofobia. E sim, a série deveria ter aproveitado o espaço para discutir racismo e não fez como deveria. 

E existe outro fator ignorado por muita gente, Bridgerton como série de livros têm como base os romances de banca! É de banca sim! Sem preconceito! A Editora Arqueiro que colocou capas diferentes e transformou em edições um pouco mais caras, mas a essência é a mesma dos romances de banca! E nesse universo não se trabalha personagens gays, negros quando aparecem são hipersesualizados e os homens precisam ser macho alfa. Pleno 2024 a gente vai reclamar de romances que não perpetuam esses fatores? Eu gosto de romance de banca, mas sou capaz perfeitamente de enxergar seus defeitos!

Compreendo que todo mundo queria ver seus personagens como estão na obra da Julia Quinn ou da maneira como os enxergamos e imaginamos, mas como disse, igual só no livro e isso vale para qualquer adaptação. Aprendi a abrir minha mente para rumos inesperados e aceitar que por mais que ame o que foi no passado, não há o menor problema em modificações, ainda mais quando trazem representatividade. E representatividade não é só falar de homofobia para gays, de racismo para negros, de machismo para mulheres é quebrar bolhas e atingir um público maior.

Fica a reflexão.

Michele Lima

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