The Handmaid’s Tale – Primeira temporada

Quando a ficção na verdade se mostra uma realidade não tão distante da nossa, é para se passar todos os episódios de uma série refletindo e sentindo diversas emoções negativas pelo o que estamos presenciando pelos olhares de súplicas, desespero e ódio que a personagem de Elizabeth Moss joga para nós durante as cenas. Uma realidade que a religião se mostra soberana a todos, toda tradição e regras impostas para um “bem maior” a partir do “sacrifício” mais brutal e triste que é ser uma mulher fértil em um mundo que bebês são raros. Ser uma mulher fértil é uma benção divina, então trabalhe para fazer seu papel: procriar até não poder mais. 
The Handmaid’s Tale, ou O Conta da Aia, da Hulu e criada por Bruce Miller, é adaptação do livro que leva o mesmo nome traduzido, escrito por Margaret Atwood e também possui uma adaptação como filme, feito em 1990, levando o título A Decadência de uma Espécie, que resume muito bem a forma como tudo ocorre nessa sociedade. As vontades das mulheres não existem, mesmo as mulheres dos Comandantes, os homens da casa, então imaginem como deve ser a vida de uma Aia.
Offred (Elizabeth Moss) perde seu real nome para ter como substituto um que diz a quem ela pertence. Vestidas de vermelho sangue, que representa a luxúria, mas toda a violência que é ter seu papel, ser estuprada todo mês e ser uma mera serva perante todos os outros e propensa a sofrer violência em qualquer lugar. Vestidas da forma mais tradicional possível, sem mostrar a pele ou os cabelos, as Aias só podem andar acompanhadas e jamais sozinhas, não podem ser vistas fazendo nada que seja fora do alcance de uma mera mulher e Aia; para piorar tal posição, o chapéu que elas usam, apesar de brancos para simbolizar certa divindade nelas, não as deixa olhar para os lados, sempre para frente e para baixo, como prisioneiras. Elizabeth Moss conseguiu passar tantos sentimentos com apenas olhares que trouxe a ela um brilhantismo sem igual, atuar parada e apenas demonstrando o que podia sem fazer alguma expressão que pudesse prejudicá-la.
Enquanto assistia essa série, eu me perguntava como uma sociedade com um cotidiano tão normal como o nosso se transformou facilmente em uma sociedade extremamente retrógrada. A construção dos fatos vem aos poucos e no meio de flashbacks com cortes secos e marcados para demonstrar o que é passado, é passado. Passei raiva, muita raiva, a cada episódio assistido, pois a série mexe e mostra as coisas de uma forma real e possível. A forma que a religião pode tomar o poder e ir além do fanatismo, a forma que a mulher vai perdendo toda sua igualdade conforme a transformação que sofre os EUA, apenas demonstra e critica o que sofremos hoje; diferença de salários, o tratamento como meros objetos em uma vitrine, a genitora da família, machismo estampado e mostrado por toda parte, que vem junto da verdadeira família tradicional e todos seus preconceitos e proibições. 
Além da construção fantástica da protagonista, os outros personagens possuem seus mistérios e personalidades formadas de forma clara. Uma das personagens que mais me deixou intrigada foi a Tia Lydia, Ann Dowd, senhora responsável por treinar as novas Aias da melhor forma possível, podendo ser a verdadeira bruxa má, mas você começa a notar pela forma que age que ela realmente acredita no que faz e que se preocupa genuinamente com a situação das garotas. O Comandante e sua Esposa, Joseph Fiennes e Yvonne Strahovski, possuem uma construção misteriosa e são pessoas com personalidades distintas, porém a construção, principalmente da esposa, é cheia de reviravoltas. 
A direção de arte da série é linda, todas as cores são suaves, nada tem muito contraste, tudo tende ser o mais neutro possível e com enquadramentos nas Aias que parecem que elas estão presas naquele pequeno quadro.
The Handmaid’s Tale é uma série que veio para incomodar, para te deixar com raiva e inconformado com a situação que você está assistindo e principalmente te fazer pensar em como nossa sociedade, nosso presente, está bem mal.
Carol Espilotro

11 thoughts on “The Handmaid’s Tale – Primeira temporada

  • 3 de fevereiro de 2018 em 01:12
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    Oi
    eu ainda nem assisti, mas penso na sociedade que vivemos e isso já é revoltante, preciso assistir essa série, mas tenho que estar emocionalmente preparada, tenho certeza que irei ficar revoltada como você.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  • 3 de fevereiro de 2018 em 02:48
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    Olá!!
    Acredita que estou lendo O Conto da Aia neste momento? Livro que inspirou essa série.
    A curiosidade de ver a série ficou bem grande, ai decidi ler ao livro e depois partir para a série.

    Beijão
    Leitora Cretina

    Resposta
  • 3 de fevereiro de 2018 em 04:18
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    Essa é uma das melhores séries que já assisti na vida <3
    É tão revoltante e empolgante ao mesmo tempo e as atuações tão maravilhosas, principalmente da Elisabeth Moss (não é a toa que ganhou o Emmy né haha), mas Ann Dowd não fica atrás, a Tia Lydia me dava ódio toda vez que aparecia em cena hahaha
    Estou bastante curiosa para ver a 2ª temporada, já que não será baseada no livro (pois ele acaba da mesma forma que a 1ª temporada) =D

    Ótima resenha, beijão!

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  • 3 de fevereiro de 2018 em 12:02
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    Oi Carol,
    QUE SÉRIE!
    Sou viciada nessa história. Acabei de ler um post dela no blog A Colecionadora de Histórias e agora aqui… Acho que é um sinal para eu maratonar novamente, rs.
    Eu fico impactada com as críticas sociais e atuações. Tudo isso pode ser verdade um dia!!!!
    Que venha logo a season 2.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  • 3 de fevereiro de 2018 em 14:03
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    eu não vi a serie, quero ver. então nem li em detalhes. eu amei o livro que terminei esse mês e a resenha está lá no blog. fiquei muito impactada com a trama. margaret atwood é genial. deve ter resultado em uma grande série e pelos prêmios que vem levando deve ser muito bom mesmo. beijos, pedrita

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  • 3 de fevereiro de 2018 em 14:13
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    Hello! Tudo bom?
    Dá pra sentir uma angústia só de ler a sua resenha.
    Não conhecia a série.
    Obg por comentar lá no blog.
    Volte sempre !

    ~ miiistoquente

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  • 3 de fevereiro de 2018 em 18:51
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    Olá
    Eu vi essa série em um único dia. Devorando. É aquela série agoniante, que incomoda, que te faz pensar sobre tudo, que te mostra que tudo pode mudar do dia pra noite somente com o querer de alguns poderosos. É sim pra incomodar. É maravilhosa. É preciso falar sobre ela.

    Vidas em Preto e Branco

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  • 6 de fevereiro de 2018 em 12:09
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    Oi Carol,
    Tudo? Primeiro parabéns pela resenha. Eu ainda estou tentando criar coragem em assistir essa série, porque sei que vou me incomodar muito com várias situações. Mas, sim quero muito ver porque acredito ser uma verdadeira obra que veio abrir os olhos da sociedade em alguns sentidos.
    Beijos
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com.br/

    Resposta

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