Do Fundo da Estante: O Poderoso Chefão – Trilogia [Nostalgia]
Épico. Colossal. Portentoso. Todo e qualquer adjetivo é pouco para definir este clássico absoluto e incontestável. A saga da família Corleone teve início em 1972, longe da Era de Ouro de Hollywood e situada em uma época na qual o cinema norte-americano estava criativamente estagnado. Com um dos melhores elencos reunidos, personagens inesquecíveis e uma trilha sonora tocada até hoje nos casamentos, a saga de O Poderoso Chefão (1972/1974/1990) é basicamente sobre uma família de mafiosos na Little Italy em Nova York, mas a direção do então jovem Francis Ford Coppola aos 33 anos, elevou a obra a um patamar jamais visto na história do cinema – nem antes e nem depois.
O primeiro longa de 1972 se passa em 1945, onde Don Corleone (Marlon Brando, soberbo) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Acostumado a apadrinhar várias pessoas (daí o titulo original The Godfather), ele presta favores em troca de favores futuros. Com a chegada das drogas, as famílias começam uma sangrenta disputa por território e mercado. Quando Corleone se recusa a facilitar a entrada dos narcóticos na cidade, não oferecendo ajuda política e policial, sua família começa a sofrer atentados para que mudem de posição.
É nessa complicada época que Michael Corleone (Al Pacino), um herói de guerra nunca envolvido nos negócios da família, vê a necessidade de proteger o seu pai e tudo o que ele construiu ao longo dos anos, se tornando aos poucos tudo o que ele sempre rejeitou. Tudo o que uma famiglia italiana tem de mais caro é mostrado de maneira tão fiel que parece que estamos diante de um reality show. Desde a Nonna até o hábito do cumprimento com beijo no rosto, a elegância na vestimenta e o sangue quente que fala mais alto nas situações mais extremas, tudo é retratado com a mais absoluta perfeição. Indicado a 11 Oscar, levou apenas 3: filme, ator (Marlon Brando, que mandou uma falsa índia recusar o prêmio) e roteiro. Al Pacino, protagonista indiscutível, odiou e com razão, ter sido indicado na categoria de coadjuvante, onde já estavam merecidamente, James Caan e Robert Duvall. Os votantes do Oscar nunca se mostraram tão perdidos ao não reconhecer um dos melhores filmes já feitos.
O sucesso foi tanto que imediatamente o segundo capítulo começou a ser produzido e foi lançado dois anos depois em 1974. Para muitos, O Poderoso Chefão 2 é um caso raro de continuação que supera o original.
Durante a década de 50, Michael Corleone (Al Pacino, hipnotizante) está agora à frente da família e tenta expandir seus negócios por Las Vegas, Hollywood e Cuba. Em flashback, acompanhamos a história de Vito Corleone (Robert De Niro, merecidamente premiado com o Oscar de ator coadjuvante), ainda jovem na Sicília, em 1910, e como ele chegou a Nova York e começou a construir o seu império. O diretor Francis Ford Coppola conseguiu manter o mesmo nível do filme anterior e deixou público e crítica de joelhos – simplesmente não há defeitos e o rumo da indústria cinematográfica em Hollywood nunca mais seria o mesmo. Ninguém estava disposto a sair de casa e ir ao cinema por menos do que foi apresentado aqui. No mesmo ano, Coppola conseguiu emplacar outro excelente trabalho, o drama A Conversação com Gene Hackman. Além de vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes, teve que enfrentar a si próprio no Oscar – ele foi indicado ao Oscar de melhor diretor por A Conversação e por O Poderoso Chefão parte 2, pelo qual foi premiado. A Conversação também concorreu a melhor filme, mas não tinha a menor chance. Indicado a 11 Oscar, a segunda parte da famiglia Corleone levou 6 prêmios: filme, diretor, ator coadjuvante, roteiro, direção de arte e trilha sonora. Destaque também para as atuações de Michael V. Gazzo, Lee Strasberg e Talia Shire, todos merecidamente lembrados.
Al Pacino estava no topo de Hollwood. Depois das indicações ao Oscar por O Poderoso Chefão (1972), Sérpico (1973), O Poderoso Chefão 2 (1974), Um Dia de Cão (1975) e Justiça para Todos (1979), Pacino viu sua carreira entrar em declínio após o ótimo Scarface (1983) e só se recuperou com Vítimas de uma Paixão (1989), sendo indicado apenas ao Golden Globe. Em 1990, 16 anos após o segundo filme, O Poderoso Chefão parte 3 foi lançado. Passou metade da década de 70 e a década de 80 inteira e muita coisa mudou no mundo e no mundo do cinema. A volta da famiglia Corleone foi muito mais que bem-vinda, estava devidamente atualizada e o diretor Francis Ford Coppola estava em plena forma.
O terceiro e último capitulo se passa em Nova York no ano de 1979. A Ordem de San Sebastian, um dos maiores títulos dados pela Igreja, é dada para Michael Corleone (Al Pacino), após fazer uma doação à Igreja de US$ 100 milhões, em nome da fundação Vito Corleone, da qual Mary (Sophia Coppola), sua filha, é presidenta honorária. Sim, máfia e igreja, crimes e religião estão intimamente ligados desde que o mundo é mundo e esse plot não poderia passar batido.
Michael está velho, doente e divorciado, mas faz atos de redenção para tornar aceitável o nome da família Corleone. Na comemoração pelo título recebido, após 8 anos de afastamento, Michael recebe “Vinnie” Mancini (Andy Garcia, ótimo), seu sobrinho, que a pedido de Connie (Talia Shire) é apresentado a Michael manifestando vontade de trabalhar com o tio. Nesta tentativa de diálogo a conversa toma um rumo hostil, pois participava também da reunião Joey Zasa (Joe Mantegna), que agora mantém o domínio de uma área outrora mantida por Don Vito Corleone, o pai de Michael. Vinnie é chefiado por Zasa, mas fala que não quer continuar, principalmente pela traição de Zasa de não reconhecer o poder de Michael. Vinnie é quase morto pelos capangas de Zasa e uma guerra pelo poder tem início. Um arcebispo da Igreja solicita a Michael US$ 600 milhões, pois resolveria o déficit da Igreja, oferecendo em troca que Michael ganhe o controle majoritário da Immobiliare, antiga e respeitável empresa européia de propriedade da Igreja. Michael concorda, mas isto deixa vários membros do clero contrariados, que não o aceitam por sua vida duvidosa.
Durante a divulgação do filme, Al Pacino era pura arrogância com a imprensa e com os membros da Academia. Indicado ao Golden Globe, achou que seria coroado com o Oscar de melhor ator para encerrar a saga com chave de ouro, mas nem sequer foi indicado – teve que se contentar com uma indicação por Dick Tracy na categoria coadjuvante. Outro grande filme de máfia estava no páreo pelas estatuetas – Os Bons Companheiros de Martin Scorsese, rezou com sucesso na cartilha que Coppola lançou lá atrás.
Indicado a 7 Oscar, inclusive a filme, diretor e ator coadjuvante (Andy Garcia), não levou nenhum, perdendo a maioria para o “faroeste romântico” Dança com Lobos, dirigido por...Kevin Costner! Sim, Kevin Costner levou pra casa o Oscar de filme e diretor enquanto Coppola foi solenemente (e injustamente) ignorado. Além do final polêmico e, de certa forma coerente, O Poderoso Chefão parte 3 é maldosamente lembrado pela fraca interpretação da filha Sofia Coppola em um papel importante, que fora recusado por Winona Ryder. Sofia se redimiu e tornou-se uma respeitada diretora e foi a terceira mulher a concorrer ao Oscar na categoria por Encontros e Desencontros, de 2003.
Nem juntando todas as polêmicas que envolvem este terceiro e último capitulo, é possível diminuir suas qualidades. A história é intrigante e bem contada e Al Pacino oferece uma performance arrebatadora. Nem chega a ser um filme “menor” perante os outros dois, ele é gigante perto de muitos outros do mesmo gênero e muito superior a tantos outros lançados na mesma década.
Baseado nos livros do escritor Mario Puzo, também roteirista dos filmes, O Poderoso Chefão é um verdadeiro edifício construído com muito esmero, onde é possível ver a preocupação em cada mínimo detalhe. Mais que obrigatório, necessário.
Nota: 5
Italo Morelli Jr.
Oi, Italo!
É mesmo um filme bem clássico e muito bom!
xx Carol
https://caverna-literaria.blogspot.com/
é um clássico, mas daqueles que não faz muito meu estilo
beijo
A mina de fé
EU nunca assisti acredita?
Mas é um clássico e quero muito ver.
Beijinhos ;*
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Olá,
Eu fui lendo a crítica, mas nem lembro se cheguei a finalizar o filme, hahaha
Sempre assisto eles, por partes, quando passa pelos canais da Sky. É, merecem uma maratona decente.
Meu pai adora eles.
até mais,
Canto Cultzíneo
Uau! Que resenha incrível. Eu vi os três filmes e fiquei com vontade de ver outra vez.
Bom fim de semana!
OBS.: O JOVEM JORNALISTA está em quarentena de 22 de julho à 31 de agosto, mas comentarei nos blogs amigos nesse período.
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Oi Italo!
Acredite ou nao mas nunca vi nenhum desses filmes KKKKKK. Talvez seja o genero ou a tematica em si, mas nunca senti vontade de conhecer, infelizmente, apesar de todo mundo amar.
Abraços
Emerson
http://territoriogeeknerd.blogspot.com/
Faz um tempão que não assisto esse filme. Eu era criança quando vi pela primeira vez e fiquei impactada kkk. E até hoje sou curiosa para ler os livros que o filme foi baseado.
Abraço
Imersão Literária
Oi Italo,
Ai ai ai, eu SEMPRE durmo nesse filme. Já até desisti de assisti-lo kkkkkkkkkkkkkkk
Me julgue, mas não consigo sair dos 10 minutos iniciais! kkkkkkkkkk
beijo
http://estante-da-ale.blogspot.com/