O Irlandês [Resenha do Filme]
Se existe uma autoridade quando o assunto é filme sobre máfia italiana, Martin Scorsese é certamente um nome imbatível.
São dele Caminhos Perigosos (1973), Os Bons Companheiros (1990), Casino (1995) Os Infiltrados (2006) e agora O Irlandês (2019), provavelmente sua empreitada definitiva sobre o gênero. O cineasta Francis Ford Coppola também deu a sua contribuição com a espetacular trilogia de O Poderoso Chefão (72/74/90), porém, Scorsese ainda está na ativa e vem entregando grandes trabalhos com frequência – algo que Coppola fez até o seu último grande filme, Drácula de Bram Stoker, lá atrás em 1992 e vive de glórias do passado.
É sempre um prazer ver Scorsese voltar ao tema, visto que nunca se atrelou a ele, realizando obras dos mais variados estilos e acertando com louvor em trabalhos marcantes como os dramas Alice não mora mais Aqui (1974) Táxi Driver (1976) Touro Indomável (1980) A Última tentação de Cristo (1988), A Época da Inocência (1993) e Silêncio (2016), os divertidos O Rei da Comédia (1982) e Depois de Horas (1985), os formidáveis A Cor do Dinheiro (1986) Gangues de Nova York (2002) e O Aviador (2004), os belos Kundun (1997) e A invenção de Hugo Cabret (2011) e os eletrizantes Cabo do Medo (1991), Vivendo no Limite (1999), Ilha do Medo (2010) e o Lobo de Wall Street (2013). Pouquíssimos cineastas norte-americanos têm uma filmografia de tão alto nível e não por acaso ele é saudado como o maior autor de cinema vivo. Merece todas as honras e homenagens.
O personagem Jimmy Hoffa, interpretado por um soberbo Al Pacino neste O Irlandês, já havia sido levado às telas do cinema em 1992 em Hoffa, bom filme dirigido por Danny DeVito e protagonizado por Jack Nicholson. Poderoso líder sindical envolvido com a máfia, Hoffa desapareceu e nunca mais foi encontrado. Em O Irlandês, Martin Scorsese narra a história de Frank Sheeran (Robert De Niro, fantástico como sempre), o tal irlandês caminhoneiro de profissão que se transformou em um assassino de aluguel sob ordens da máfia da Little Italy de Nova York. Usando o recurso do flashback, Sheeran, já bem idoso, doente e morando em um asilo, narra a própria história e nos conta ao longo de 3 horas e 30 minutos de duração, o que aconteceu com Jimmy Hoffa e os reais motivos.
Em meio a disputas de poder, os códigos de honra das “famiglias” e os gangsters, traições, golpes e tudo mais o que envolve a máfia e sua atuação no mundo do crime, Frank Sheeran transita o tempo todo conduzindo a história ao longo das décadas, enquanto divide a cena com Russell Bufalino, temido mafioso interpretado com firmeza por Joe Pesci.
Quando parecia que o tema “máfia” não tinha mais o que render, o oscarizado roteirista Steven Zaillan (A Lista de Schindler) fez uma adaptação brilhante do livro I heard you painted Houses escrito por Charles Brandt (baseado em fatos reais) e Scorsese, diante do material incrível que tinha em mãos, se esbaldou. É claro, que para tanto, foi necessário um orçamento de 140 milhões de dólares que só a Netflix quis bancar, o que fez o longa ter uma carreira curta no cinema para em seguida ser lançando em streaming – o que não diminui em nada o seu impacto.
A reconstituição de época é belíssima, com lindos cenários compondo restaurantes, hotéis e residências de muito bom gosto, assim como a fotografia cheia de cores e ótimos enquadramentos e a maquiagem que, juntamente com efeitos visuais, rejuvenesce em décadas o elenco principal que já beira os 80 anos de idade.
Apesar da longa duração e da ação quase inexistente – dá pra contar nos dedos a quantidade de mortes – o filme não cansa, não enrola e se desenvolve sem atropelos. A narrativa simples e ousada ao mesmo tempo, justifica o porque das críticas de Scorsese aos filmes da Marvel – não dá pra discordar do baixinho.
Com uma intensidade rara nos dias de hoje, principalmente quando os monstros sagrados De Niro e Pacino dividem a cena, O Irlandês é mais uma obra-prima na carreira de Scorsese e também uma aula de cinema. Menção honrosa também a habitual montadora de Scorsese, Thelma Schoonmaker, ganhadora de 3 Oscar (Touro Indomável, Os Infiltrados e Hugo) e que aos 79 anos realiza mais um ótimo trabalho.
Mostrando menos o lado glamouroso da Era de Ouro da máfia e focando mais em seu processo de deterioração e decadência, não tinha como O Irlandês ser um filme movimentado. A decisão acertada de manter tudo imerso numa incômoda melancolia serve perfeitamente a proposta do longa e não há do que discordar.
Oscar?
Sim, merece vários. E se não ganhar nenhum, pouco importa – muitos grandes filmes da história não ganharam e sinceramente…O Irlandês nem precisa.
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: O Irlandês
Título Original: The Irishman
Diretor:Martin Scorsese
Data de lançamento: 27 de novembro de 2019
Nota 5/5
Netflix
Italo Morelli Jr.
Oi Italo!
Eu acho que na vida nunca assisti um filme sobre márfia KKKKKKKKK. Não tenho paciencia para tramas desse modelo, mas que bom que foi algo tão poderoso a ponto de você querer Oscars para cada ponto da trama. Parece de fato um enredo bastante inteligente, mas sou incapaz de opinar por saber um total de zero coisas a respeito. Inclusive eu nem conhecia o filme KKK.
Abraços
Emerson
http://territoriogeeknerd.blogspot.com/
Ótima essa resenha. Eu vi O poderoso chefão e adorei.
Bom fim de semana!
Até mais, Emerson Garcia
Jovem Jornalista
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Hey Italo! Tudo bem?
Eu quero muito assistir esse filme, acho a premissa dele muito interessante, a única coisa que não curti foi o tempo, é um filme longo, então vou deixa pra quando tiver com bastante paciência.
Obrigada por comentar lá no blog.
Volte sempre!
| Blog Misto Quente |
Oi Italo,
Vou falar e você me julgue: que preguiça que filmes de máfia. Não estou dizendo que as 3 horas e meia são um impecilholho, não me leve a mal, eu não tenho problema com o tempo de filme já que maratono séries, isso nem é um problema, mas o fato de ter protagonistas masculinos, sem nenhum girl power me desanima. Nunca nem terminei de ver O Poderoso Chefão! 🙁
beeeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Quero ver, já ouvi muito sobre esse filme.
Beijinhos ;*
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Oi, Italo!
Estou adiando assistir esse filme por conta da quantidade de hora mesmo kkkkkk Ultimamente não posso ficar muito tempo na frente da tv porque fico com enxaqueca 🙁
Beijos
Balaio de Babados