Sequestrada a luz do dia [Crítica]

A Netflix produziu recentemente alguns documentários excepcionais sobre crimes reais e acertou em cheio com a maneira com que tem abordado o tema.

Repleto de reviravoltas cada vez mais estranhas, com um pedófilo altamente manipulador no centro de uma história que é quase estranha demais para ser acreditada, Sequestrada a luz do dia certamente é cheio de surpresas. Daquelas historias obscuras que preenchem a mente.

Composta principalmente de cabeças falantes, fotos antigas, gravações de voz e reconstruções com atores, o filme conta a história da família Broberg – mamãe, papai e três meninas, todas as quais aparecem no documentário. Nos anos 70, o vizinho Robert Berchtold insidiosamente insinuou-se para família com a mira na filha mais velha de Broberg, Jan, que tinha 12 anos de idade. Um pedófilo que (descobrimos no documentário) tinha uma forma anterior de estuprar garotinhas, Berchtold não apenas sequestrou Jan (ele a sequestrou duas vezes, de fato), mas ele também conseguiu seduzir os pais dela como um meio de chegar até a garota. Ao longo do filme, há momentos pesados, e não quero soltar spoilers. Basta dizer que, se você acha que sabe o que está por vir, provavelmente não sabe.

O que é mais impressionante no todo, é a maneira com que a família toca em alguns pontos, demonstrando sua coragem e sinceridade. Por um lado, parece uma loucura absoluta que qualquer pai deixe sua filha ser raptada pelo mesmo homem, duas vezes, bem na frente de seus narizes, mas, por outro, toda a família está claramente tão culpada e devastada com o que aconteceu, frequentemente em lágrimas durante as entrevistas e expressando o quão incapazes são de se perdoar, que é impossível não sentir enorme compaixão por eles.

O que aconteceu foi que uma família gentil, carinhosa e incrivelmente ingênua, fez algumas escolhas ruins por causa das coerções de um sociopata obstinado e carismático. Uma história verdadeiramente bizarra e chocante que brilha uma luz estranha sobre o quanto as coisas mudaram em termos de nossas reações e compreensão da pedofilia (Berchtold foi considerado culpado pelo estupro de outra criança e só foi condenado a um ano de prisão, por aí vemos como era a maneira com que lidavam com o assunto).

Sequestrada a luz do dia é perturbador. É uma história fascinante de confiança deslocada e obsessão unilateral que é uma observação obrigatória para os verdadeiros fãs de crimes e para os fanáticos por documentários. Um documentário que mostra que não devemos deixar nossos filhos tão soltos por aí e, principalmente para aprendermos a desconfiar!

FICHA TÉCNICA
Título: Sequestrada a luz do dia
Título Original: Abducted in Plain Sight
Criadores: Skye Borgman
Data de lançamento:  26 de maio de 2017
Nota: 4/5
Netflix
Natália Silva

5 thoughts on “Sequestrada a luz do dia [Crítica]

  • 6 de abril de 2019 em 13:05
    Permalink

    Oi Natália,
    Nem tinha visto a sugestão desse documentário, mas fiquei super interessada!
    A Netflix acerta no tom das obras mesmo, certeza que vou ficar vidrada até a conclusão do caso.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    Resposta
  • 6 de abril de 2019 em 19:13
    Permalink

    Olá, Natália.
    Esses dias li um livro que tinha um documentário e fiquei bastante interessada me assistir um já que nunca assisti hehe. E o assunto desse é bem forte. Vou anotar aqui para não esquecer.

    Prefácio

    Resposta
  • 6 de abril de 2019 em 20:11
    Permalink

    Ei Natália!!!
    Vou adicionar à lista para ver depois.. estou assistindo "O desaparecimento de Madeleine Maccan" também da Netflix, e estou gostando muito!
    Um beijo
    EVENTUAL OBRA DE FICÇÃO

    Resposta
  • 7 de abril de 2019 em 11:12
    Permalink

    Oi, Nat!
    Eu ando viciada em documentários e esse com certeza eu vou conferir. Ele parece ser super pesado, então haja estômago.
    Beijos
    Balaio de Babados

    Resposta

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