Clímax [Resenha do Filme]

Gente estranha em festa esquisita!

O polêmico diretor argentino Gaspar Noé adora chocar os críticos e o público. Seja com a interminável e nauseante cena de estupro em Irreversível (2002) ou a pornografia em 3D de Love (2015). Em seu novo filme Clímax, ele parece ter ouvido as críticas aos seus trabalhos anteriores, amadurecido e finalmente dosado os excessos – Clímax é o seu melhor filme. 
O elenco (liderado por Sofia Boutella) está extraordinariamente bem dirigido, todos atuam de maneira tão intensa e natural que nem parece uma obra de ficção. Exceto Boutella, que além de dançarina profissional já fez outros trabalhos como atriz, o que se vê é que os outros dançarinos fizeram dramaturgia de verdade. A trama é simples e a duração de apenas 90 minutos deixa aquele gostinho de quero mais.
Nos anos 90, um grupo de dançarinos urbanos se reúnem prestes a começarem uma turnê, em um isolado internato, localizado numa floresta. Durante uma festa de comemoração depois de três dias de exaustivos ensaios, todos tomam um ponche contaminado com LSD e simplesmente piram. Loucura, sexo e violência explodem na tela. Durante a abertura, que mostra as entrevistas feitas com os dançarinos e exibida numa TV de tubo, é possível ver uma pilha de livros do lado esquerdo e outra pilha de filmes do lado direito. Os que identificamos de imediato são Suspiria (1977) do diretor italiano Dario Argento e Possessão (1981) do diretor polonês Andrzej Zulawski. E curiosamente é a influência nítida e inegável desses dois filmes que vai ditar a estética e o andamento do filme. 
A claustrofobia do lugar em tons de vermelho, a atmosfera de pesadelo e os espasmos corporais vertiginosos, num excelente trabalho de expressão corporal de todo o elenco, parece realmente uma mistura de Suspiria e Possessão. Uma homenagem, talvez. Inclusive a clássica cena de Isabelle Adjani em Possessão é reproduzida de leve por Sofia Boutella
Imprevisível e incômodo, Clímax mostra não só os perigos das drogas sintéticas, mostra também que os demônios são individuais e internos, e que pra muitas pessoas, parafraseando o padre Quevedo, eles no eczistem!
Filme e trilha sonora imperdíveis!
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título Climax
Direção: Gaspar Noé 
Data de lançamento no Brasil: 31 de janeiro de 2019
Nota 5/5
Imovision 
Italo Morelli Jr.

3 thoughts on “Clímax [Resenha do Filme]

  • 14 de fevereiro de 2019 em 21:37
    Permalink

    Oi, Italo!
    Eu tentei assistir o Love mas não consegui passar da metade. Achei muito maçante. Mas quero conferir esse novo trabalho do Gaspar.
    Beijos
    Balaio de Babados

    Resposta
  • 15 de fevereiro de 2019 em 10:19
    Permalink

    Não conhecia, mas não me chamou tanto assim a atenção. Mas quem sabe dou uma chance.

    Beijo!
    Cores do Vício

    Resposta

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