Grito [Resenha Literária]

E cá estou eu de volta com críticas literárias… Dessa vez trago a vocês uma peça de teatro. Sim, uma peça! Comecei a pegar gosto no início da adolescência e sempre que posso me deleito. 
A peça em questão é de Godofredo de Oliveira Neto, ganhador do prêmio Jabuti e que escreve obras do gênero ficção. A narrativa é leve e as mudanças de atos são muito diretas e bem conectadas. Não se deixem enganar pela simplicidade das palavras, pois a obra revela todo o conhecimento e erudição do autor, que é professor da UFRJ. O próprio título já revela a essa carga de conhecimento, a obra Grito é uma referência à tela de Edvard Munch. Muito embora, o grito exaltado ao longo da narrativa seja muito mais fruto das ações e reações de Fausto frente a sua busca e os próprios gritos polifônicos de uma cidade cosmopolita como o Rio de Janeiro, lugar que é ambientado o enredo.

Falando em enredo propriamente, a trama se desenrola em torno de Fausto e Eugênia. O primeiro é um jovem pobre e negro que busca na arte a realização de sonhos e Eugênia uma senhora já na casa dos oitenta anos e que é uma atriz consagrada. A aproximação entre ambos se dá inicialmente por conta da arte, mas paulatinamente o que vemos é o desejo e erotismo ganhando espaço… 

Esse seja a grande sacada da peça. Há dependências muito explícitas a clássicos como William Shakespeare, mas com uma pitada de debate sobre gênero, sexualidade e, é claro, idade. 
É ao meio de muitos gritos que o autor talvez tenha tentado trazer um grito ainda muito abafado pela sociedade: a violência diária contra a mulher que tem que achar que cantadas de rua algo natural ou o não direito sobre o seu corpo e acima de tudo não direito de exercer sua cidadania e o direito de amar e ter prazer independentemente de cor, idade, sexo e etnia. 

Dados do Livro:

Título Original: Grito 
Autor: Godofredo de Oliveira Neto 
Ano: 2016 
Abs,
Juliana Cavalcanti

18 thoughts on “Grito [Resenha Literária]

  • 1 de agosto de 2016 em 20:22
    Permalink

    Oie, Juliana.
    Não conhecia o livro, mas achei o assunto interessante, principalmente por a violência contra a mulher ser um tema tão debatido atualmente (apesar de ser algo por qual já sofrem há séculos, mas debater nunca é mais, não é?).
    Vou anotar a dica e aproveitar a leitura quando tiver oportunidade.
    Bj.

    Lu – http://www.leiturasedevaneios.com.br

    Resposta
  • 1 de agosto de 2016 em 23:49
    Permalink

    Olá! A única peça que li até hoje foi "Anjo Negro" de Nelson Rodrigues (resenha dele no meu blog: http://thehouseofstorie.blogspot.com.br/2016/06/resenha-anjo-negro.html ) e eu fiquei encantada com a criticidade da obra. Acredito que "O grito" seja no mesmo estilo: crítico e debate temas atemporais. Adoro livros que falam sobre a condição da mulher no mundo contemporâneo, essa pseudoliberdade e pseudocidadania… triste realidade. Beijos.

    http://thehouseofstorie.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 1 de agosto de 2016 em 23:53
    Permalink

    Oi! O livro parece ter um conteúdo que gera debate e muito bom ter esta questão da mulher e sua posição na sociedade. Gostei da dica.

    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 01:44
    Permalink

    Oie Juliana =)

    Já conhecia esse livro, e sei que a história dele é um pouco tensa. Não faz meu estilo de leitura, mas para quem gosta de livros do estilo tenho certeza que ele é um boa opção.

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias…
    @mydearlibrary

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 10:18
    Permalink

    OI Ju, tudo bem?
    Eu costumava ler algumas peças quando mais nova, mas depois acabei deixando de lado.
    Nos últimos tempo, li O Auto da Compadecida e até curti, mas preferi o filme. Acho que estranhei ler uma peça depois de tanto tempo :3
    Mas essa me chamou a atenção. Sempre gosto de obras que tratam sobre os problemas vivenciados por nós, mulheres.
    Um beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 11:59
    Permalink

    Oi, Ju!
    Li o livro e lembrei do quadro O Grito hahha
    A única peça de teatro que li foi Sonhos de Uma Noite de Verão
    Beijos
    Balaio de Babados

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 13:23
    Permalink

    Hummm, o que pode ter em comum entre Fausto e Eugênia? Dois personagens tão diferentes…
    Nunca li uma peça de teatro, mas deve ser uma experiência muito prazerosa.

    Bj, Van – Retrô Books
    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 14:47
    Permalink

    Oi Mi e Juliana, suas lindas, tudo bem com vocês?
    Você acabou de me lembrar que faz tempo que não vou ao teatro e eu adoro, risos… A impressão que eu tive foi que o texto é forte e polêmico, que irá fazer o leitor discutir, refletir, mesmo não concordando com os argumentos. Confesso que não faz muito o meu gênero, mas com certeza irei indicar depois dessa resenha que ficou ótima!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 19:09
    Permalink

    Olá, Juliana.
    Confesso que não sou muito fã de teatro. Acho que só assisti uma vez na minha vida. mas achei muito interessante o tema abordado. Infelizmente a violência contra a mulher ainda é muito grande e as pessoas se calam.

    Blog Prefácio

    Resposta
  • 2 de agosto de 2016 em 19:59
    Permalink

    Olá, Juliana.

    Se eu te falar que nunca fui a um teatro, você acredita?! Morro de vontade de ver, mas tenho um receio em relação a classe social rsrs
    Sou um tanto quanto antiquada para estas coisas. Mas adorei a dica e espero em breve vencer este tabu em minha vida.

    Beijos da Camila.
    http://cabinedeleitura1.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 13 de agosto de 2016 em 12:46
    Permalink

    Só li um livro que era uma peça, mas como era para a escola e acabei lendo "obrigada" não curti, sinto que preciso conhecer novos livros desse gênero,
    Adorei a temática de Grito, ainda mais por tratar sobre o medo que nós mulheres temos que passar todos os dias nas ruas, tema importantíssimo,
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

    Resposta

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