Alien Romulus [Crítica do Filme]

Alien Romulus é o primeiro filme da franquia feito especialmente para os influencers e youtubers. Quem é fã desde o clássico de 1979, vai assistir uma verdadeira coletânea de tudo o que já foi feito até aqui, inclusive os humilhados Alien 3, Aliens Resurrection, Alien vs Predador 2, Prometheus e Covenant. Sim, o diretor uruguaio Fede Alvarez não deixa escapar nada e a quantidade de fan service é tanta que a geração que não viu nenhum Alien e nem o remake de Evil Dead, consagrou Alien Romulus como o melhor filme de terror do ano.

O visual de filme barato e os cenários e efeitos práticos artesanalmente construídos, situam o longa numa época distante e não em 2024 – mesmo com o uso do CGI em algumas cenas. Como era de se esperar, Alien Romulus é um slasher de luxo, mas não tem a construção de clima e o suspense de Alien – O Oitavo Passageiro e nem a ação inventiva de Aliens – O Resgate. Sim, os dois primeiros, a exemplo dos dois primeiros Terminator, seguem imbatíveis.

Seis personagens, sendo um deles um andróide/sintético, tentam escapar da vida de escravidão num planeta distante, onde trabalham a vida toda para a mineiradora Wyland Yutani, sem chance de aposentadoria. Planejam a fuga usando uma nave da própria corporação e…

Um dos muitos acertos de Alien (1979) é que não dá pra saber que a protagonista é a tenente Ripley (Sigourney Weaver, estupenda) até que ela seja a única sobrevivente. Já Alien Romulus, apresenta a mocinha Rain logo de cara (Cailee Spaeny, que possui metade do tamanho e do talento da Sigourney) e mesmo com 27 anos (contra 29 da Sigourney na época) sua postura em cena é uma da adolescente da franquia A Hora do Pesadelo, assim como o restante do elenco, exceto o talentoso David Jonsson no papel do sintético emotivo.

Muito do visual e vários takes de Alien Romulus vem do game Alien Isolation, afinal é preciso atrair aos cinemas um público com menos de 40 anos que ainda tem vontade de sair de casa.

Depois de uma rápida apresentação dos tripulantes e uma sequência ensurdecedora com as naves pra ver se o engenheiro de som garfa uma indicação ao Oscar, o jogo de gato e rato começa.

O uruguaio Fede Alvarez é um diretor ok, começou bem com o remake de Evil Dead (2013), seguiu com o razoável O Homem nas Trevas (2016) e escorregou feio com A Garota na Teia da Aranha (2018) – ele ter sido escolhido por Ridley Scott ao invés do sul-africano Neil Blomkamp é um mistério. Diretamente dos palcos londrinos, Sigourney Weaver se consagrou como a tenente Ripley e teve a companhia de atores do calibre de John Hurt, Yaphet Kotto e Ian Holm em personagens marcantes, enquanto Alvarez teve que fazer o possível para extrair algumas caretas de pavor de um elenco que parece ter vindo do Clube do Mickey.

Com várias sequências bem construídas e outras nem tanto (onde foram parar os Aliens na parte da gravidade zero?), Alien Romulus tem um ato final apressado e com uma surpresa desnecessária. Com gancho para uma sequência, fica evidente que mesmo tendo os seus eventos pós Alien – O Oitavo Passageiro, Alien Romulus vai continuar em paralelo e independente de Aliens – O Resgate, podendo vir a cometer as mesmas falhas de Prometheus e Covenant, desidratando e bagunçando a franquia como já aconteceu com a saga O Exterminador do Futuro.

Empolgado com a boa abertura de bilheteria e pela aceitação de crítica e público, Alvarez já declarou que Alien vs Predador 3 é de sua vontade, além de uma parceria com Dan Trachtenberg, diretor de…Prey, da franquia O Predador. Tudo da Disney.

Divertido, bem barulhento, Alien Romulus não causa o mesmo impacto dos filmes de origem e vale como um bom passatempo se não houver nada mais interessante para ser feito.

Apenas deixem essa franquia em paz, nota 6/10.

FICHA TÉCNICA

Título: Alien Romulus
Diretor:  Fede Alvarez
Data de Lançamento: 15 de agosto de 2024
Disney

Italo Morelli Jr.