Do Fundo da Estante: Meu Primo Vinny [Crítica]

O Oscar de atriz coadjuvante para Marisa Tomei por Meu primo Vinny (1992) é considerado por muitos a maior zebra de todos os tempos da premiação. Ela, que veio da bomba Oscar – Minha filha quer casar, em sua primeira indicação conquistou o tão desejado prêmio que, nos idos de 1992 ainda tinha alguma credibilidade ou importância. Concorriam com ela a australiana Judy Davis e as britânicas Joan Plowright, Vanessa Redgrave e Miranda Richardson, todas em desempenhos admiráveis. Joan já havia ganhado o Globo de Ouro, mas Judy era a favorita por sua magistral atuação em Maridos e Esposas, de Woody Allen. 

Polêmicas à parte, Marisa está muito bem em cena, demonstrando ter timing cômico, o que é essencial para fazer graça sem cair no ridículo. Ela interpreta Lisa, namorada do tal Vinny do título (Joe Pesci, impagável), advogado inexperiente que é chamado pra defender o primo (Ralph Macchio, Karatê Kid) e o amigo (Mitchel Withfield) acusados injustamente de um assassinato. O problema é que além de inexperiente, Vinny é atrapalhado, tem zero afinidade com a profissão e não respeita o código de vestimenta exigido nos tribunais, o que rende ótimas cenas com o saudoso Fred Gwynne, que rouba a cena no papel do juiz.

Nos bons tempos em que ainda produzia comédias honestas não direcionadas exclusivamente ao público adolescente e sem apelações e escatologias, Meu Primo Vinny tem aquele DNA de Sessão da Tarde, de filme leve que se assiste com um sorriso nos lábios.

Joe Pesci já havia recebido merecidamente o Oscar de coadjuvante por Os Bons Companheiros (1990) e foi a escolha perfeita para ser o Vinny. Sua baixa estatura, o corte de cabelo fora de moda e o figurino cafona ajudaram mais ainda na construção do personagem. E sua química com Marisa Tomei é ótima! Ambos fazem graça apenas com suas presenças em cena, enquanto o roteiro cheio de situações engraçadas permite que eles brilhem. O bom de Meu Primo Vinny é sua falta de pretensão. Em nenhum momento o filme força pra ser o que não é. 

A história é simples, a direção é criativa, adequada ao tema. O roteirista Dale Launer criou uma trama convincente, um deleite para quem gosta de comédia, filmes de tribunal e carros. Launer escreveu depois os roteiros de Eddie – Ninguém segura essa Mulher (1996), onde Whoopi Goldberg é a técnica de um time de basquete e o recente As Trapaceiras (2019) com Anne Hathaway. Com quase 30 anos de existência, já é possível chamar Meu Primo Vinny de cult e recomendá-lo pras novas gerações, afinal, todo trabalho de qualidade sobrevive!

Curiosidades:

Robert De Niro foi a primeira escolha para interpretar Vinny e depois dele foram sondados Danny DeVito e Jim Belushi. Will Smith também foi a primeira escolha para o papel do amigo.

– O diretor Jonathan Lynn obteve um mestrado em direito pela Universidade de Cambridge e, portanto, insistiu na precisão legal do filme. Ele também participou de um julgamento por assassinato em Monticello, na Geórgia, como parte de sua pesquisa.

– A American Bar Association classificou Meu Primo Vinny como número 3 em sua lista dos 25 Maiores Filmes Legais e clipes dele são mostrados regularmente nas salas de aula da faculdade de direito.

– Vinny deveria ser dislexico. O roteiro original mostrava close-ups do texto da maneira que Vinny o via: todos desordenados. Também incluía um diálogo no qual Lisa se oferece para ler os arquivos, mas a parte foi cortada.

– A cena icônica de “relógio biológico” de Lisa não estava no primeiro rascunho do roteiro e foi por essa cena que a personagem continuou no filme, pois seria cortada.

 

– As cenas da prisão foram filmadas numa prisão real e na cena em que Stan e Bill estão caminhando para suas celas, são prisioneiros reais gritando com eles.

– Em 1998, Joe Pesci lançou um álbum chamado Vincent “Vinny” LaGuardia Gambini canta Just For You.

– O diretor Jonathan Lynn disse que o filme, apesar de ser uma comédia, é principalmente sobre “quão errada é a pena capital”. Em entrevista à Abnormal Use, ele disse: “Sou profundamente contrário à pena de morte e acho que o filme faz essa afirmação. Embora seja divertido e de uma maneira que não pregue às pessoas”

– Existe um roteiro para uma sequência, mas as chances de entrar em produção são reduzidas. Segundo o roteirista Dale Launer, quando Marisa Tomei e Joe Pesci concordaram em participar, o estúdio não estava mais interessado.]

– Super fãs podem fazer uma viagem por My Cousin Vinny pela Geórgia e ver alguns dos locais de filmagem – incluindo a loja de conveniência Sac-O-Suds, recentemente reformada. O blog ” Road Trip Memories ” mostra exatamente onde ir para ver Sac-O-Suds, a praça da cidade de Monticello, o tribunal e muito mais.

 

FICHA TÉCNICA

Título: Meu primo Vinny
Título Original: My Cousin Vinny
Direção: My Cousin Vinny
Data de lançamento: 13 de março de 1992

 

Italo Morelli Jr.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Crítica: A Esposa do meu marido Dorama: Diva à Deriva Dorama: Nosso Destino 5 doramas dublados no Star+
Crítica: A Esposa do meu marido Dorama: Diva à Deriva Dorama: Nosso Destino 5 doramas dublados no Star+