O Retrato de Dorian Gray [Resenha Literária]

Sempre tive vontade de conhecer o clássico Dorian Gray que ainda inspira a cultura pop com personagens no cinema. Uma obra tão famosa, não só por abordar um drama fascinante, que se mantém sempre atual, quanto pelo julgamento do autor, Oscar Wilde, condenado à prisão por manter um relacionamento homoafetivo.

Já é de conhecimento público as fantásticas edições da DarkSide® Books que aqui mais uma vez traz um material bem rico para o leitor entender a obra e o autor e tudo que acontece para que Oscar Wilde fosse condenado. A edição traz um texto introdutório que conta o quanto Dorian Gray afetou Wilde, que saia sempre em defesa do seu livro, o que gerava ainda mais burburinho sobre o quanto o protagonista tinha do autor. E Wilde além de defender enfaticamente a liberdade de criação, acabou também encontrando seu próprio Dorian, Alfred Douglas, filho de um marquês com quem tinha um relacionamento mais íntimo.

A premissa de Dorian Gray é bem simples e ao contrário de muitos escritores do século 19, sua narrativa é fácil e fluida, exceto nas falas filosóficas e arrogantes do personagem Henry. Dorian é um jovem muito bonito que caiu nas graças do pintor Basil Hallward, que fez do protagonista sua inspiração para a arte. Basil pintava Dorian constantemente, mas um dia ao falar do rapaz para Henry, acabou juntando os dois numa terrível amizade. Henry instiga Dorian a uma caminho de corrupção, ambição e prazeres sem consequências e é ele que faz Dorian perceber que com o tempo ficará velho e as pessoas podem perder o interesse nele.

O protagonista fica bastante abalado com a perspectiva do seu futuro e de alguma forma cria.um laço com o retrato que o Basil fez dele. À medida que o tempo passa, o retrato envelhece, mas se deforma também pelas atitudes ruins de Dorian.

Oscar Wilde joga com a ambiguidade o tempo todo e é por isso que muito se assemelha com O médico e o monstro de Robert Louis Stevenson. No entanto, em certo momento fica claro os sentimentos de Basil por Dorian e ainda assim tudo é muito mais imaginado pelo leitor do que descrito pelo autor. Não existem cenas escandalosas, o que existe são insinuações e nada mais, infelizmente o suficiente para um escândalo na época.
Henry é um personagem bem intragável, cultuando a cultura hedonista, machista e sem remorsos. Faz de Dorian um experimento e o protagonista se converte em uma pessoa sem empatia, frívolo, manipulador e narcisista. Interessante que até hoje o envelhecimento provoca medo nas pessoas, capaz de recorrer à ciência para retardar o processo o máximo possível. Não julgo Gray por querer ficar eternamente jovem, mas sim pelo sociopata que ele se torna.

O Retrato de Dorian Gray foi o único romance de Oscar Wilde usado como bode expiatório na era vitoriana contra as relações homoafetivas. A obra tem alusões a Fausto, Shakespeare e também ao romance de Joris-Karl Huysmans (livro que Henry dá a Dorian de presente). É uma história curta, mas cheia de profundidade e reflexão, se tornando um dos meus clássicos favoritos.

A edição da DarkSide® Books amplia nosso conhecimento sobre a história e o autor ao nos trazer um ótimo texto introdutório, às critica a obra na época (com direito a defesa de Wilde), contextualização do julgamento do autor, nos mostrando que Wilde acabou se incriminando mais ainda em seus depoimentos e vários textos de análise e fotografia e notas. Simplesmente perfeita.

FICHA TÉCNICA
Título: O Retrato de Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Onde Comprar: DarkSide® Books e Amazon
Michele Lima

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