Halloween Kills: O Terror Continua [Crítica do Filme]

Eu sei que Halloween Kills é o “filme do meio” da nova trilogia e que geralmente é o mais fraco pois antecede o gran finale, mas não precisava ser essa bomba toda. 
Bom, pra começar, o início ao invés de continuar de onde o anterior parou, começa com um flashback daqueles nada a ver e que mesmo depois de explicado, continua meio nada a ver. Halloween Kills é a prova de que essas franquias de filmes de terror dos 80’s deveriam ficar por lá e na nossa memória saudosista. Lembro de quando vi o primeiro longa de 1978 em VHS e me impressionou o show de direção de John Carpenter fazendo milagres com um orçamento precário. O jovem elenco foi ponta firme, a direção de arte simples totalmente adequada (sim, as casas estadunidenses parecem chamariz de psicopatas) e a trilha sonora, marcante. A continuação, que continua exatamente de onde o primeiro parou, passou no SBT com o nome Dia das Bruxas 2 e as chamadas eram a cada intervalo das novelas mexicanas – mostrava um carro prensando um suposto Michael Myers e várias cenas sangrentas pra delírio da garotada e desespero da família conservadora. Estreou no mesmo dia que Atração Fatal na Globo e claro que Alex Forrest (Glenn Close, maravilhosa) ganhou no Ibope e aposto que ganharia também num confronto corpo a corpo.
A franquia deveria ter tido o quarto filme no lugar do terceiro e finalizado com o bom Halloween H20 de 1998. E só. Mas…o próprio John Carpenter anunciou em 2017 uma nova trilogia e os fãs ficaram ouriçados. Eu também.
Lançado em 2018 e intitulado simplesmente Halloween, ignora o segundo e continua de onde o primeiro terminou. Não gostei disso e a decisão foi picuinha pessoal do agora produtor John Carpenter. A direção ficou com David Gordon Green (quem?) e o resultado até que me agradou. O fato da máscara do Michael estar “envelhecida” como provavelmente ele está após 40 anos, foi uma grande sacada que tiveram e até a fotografia é parecida com a do original. Se não me encheu de nostalgia, também não me deu neurose igual a esse Halloween Kills. Pensem num filme ruim. É pior. Amo a Jamie Lee Curtis, mas aqui ela está a própria bruxa e sua personagem Laurie Strode viveu o suficiente pra virar uma caricatura. Uma pena, pois Wanda de Um Peixe Chamado Wanda (1988) e Helen Tasker de True Lies (1994) seguem antológicas. Praticamente elenco de apoio aqui, não dá nem pra avaliar sua atuação. Nem dela, nem de ninguém. Quase todo o elenco do primeiro filme (exceto Donald Pleasence, que infelizmente se foi) está presente só pra ser assassinado pelo Michael. Isso nós já sabíamos, mas não precisava ser na base da tosquice. Criatividade ZERO.
Roteiro? Não tem. Tem a cidade inteira enfiada no pronto socorro e na delegacia combinando de dar um fim ao maledeto. Diálogos pífios. O bordão “O mal morre esta noite” é tão “méh” que nem viralizou internet afora. O elenco atua no piloto automático, provavelmente fazendo justiça ao cachê que receberam. O lanche do set de filmagem deve ter sido da Wendy’s Burger que faliu depois de 1 ano aqui em SP. Não há um único take de câmera marcante, os enquadramentos legais foram apenas no momento em que Michael está sem a máscara (sim, arrancam a clássica máscara dele!) e apenas detalhes são mostrados em meio a escuridão e flashlights.
O “final” faz uma homenagem bem sem vergonha a Psicose, mas como não é com Jamie Lee Curtis,  então o resultado é bem zoado. E duvido que a vítima tenha morrido.
Lançado em 1978, mesmo ano em que nasci, o primeiro Halloween é o marco zero do segmento “slasher” do gênero terror. Depois vieram Jason, Freddy Krueger e Chucky – este último acaba de ganhar uma série e possui uma franquia bem menos ruim. Com o passar do tempo, Michael deixou de ser visto com um psicopata indestrutível e ganhou a alcunha de representação da violência que surge do nada e nunca vai embora. Até hoje não é dada nenhuma explicação para a psicopatia dele e mesmo depois de 40 anos internado numa instituição para doentes mentais, ele continua matando. Com um pouco de esforço dá pra enxergar mil metáforas em Halloween, porém isso tira um pouco do brilho do longa original que era apenas uma história sobre alguém que mata impiedosamente e sem motivos.
Em 2022 será lançando o último (será?) filme da trilogia, Halloween Ends e vai se passar em plena pandemia. Será que Michael vai sucumbir ao Coronavírus?
Nota: Nenhuma. Não merece nem zero e jamais seria escolhido pra passar na Tela de Sucessos do SBT sexta-feira a noite ou nas tardes do Cine Trash da Band.

Trailer


FICHA TÉCNICA
Título: Halloween Kills: O Terror Continua
Título Original: Halloween Kills
Direção: David Gordon Green
Data de lançamento: 14 de outubro de 2021
Universal Pictures

Ítalo Morelli Jr.

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