Eleanor & Park [Resenha Literária]
Seis anos após a primeira leitura dessa obra, que por acaso foi uma das minhas queridinhas, leio-a novamente e infelizmente não foi a experiência que eu esperava. O que alguns anos não fazem a cabeça de um leitor não é mesmo? Eleanor & Park é um dos mais recentes livros lançados pela Editora Seguinte e embora dê uma visibilidade de extrema importância, centralizando uma protagonista fora dos padrões por ser a, ainda assim, não oculta outras problemáticas racistas que ficam implícitas na obra e que só agora, nessa releitura, vieram a me incomodar.
Ser a menina nova em uma cidade de estranhos nunca foi algo fácil, sendo ainda mais difícil quando não gostam de você simplesmente pelo fato de ser uma pessoa gorda e não se encaixar em seus padrões. Essa é a triste realidade vivida por Eleanor, que não só a persegue nas ruas e na escola, como na vivência com seus familiares, tornando um dia pior do que outro. Por isso, o único momento de felicidade que ela tem são as idas e vindas no ônibus escolar ao lado de um garoto incomparavelmente nerd chamado Park. Entre conversas sobre quadrinhos e músicas compartilhadas, Eleanor consegue ser ela mesma, embora saiba que em algum momento esse pedaço feliz de sua vida também pode ser arruinado.
Narrado em primeira pessoa, iremos acompanhar a história e seu desenrolar sob a ótica dos dois personagens, intercalando os capítulos. E esse é um dos primeiros pontos que mais gosto. Além da escrita fluída e da dinâmica, tornando a leitura gostosa e leve, Rowell consegue abordar bem os dilemas que Eleanor enfrenta, não só lidando com os dramas de uma família altamente disfuncional, como também enfrentando a gordofobia diariamente em sua escola. A protagonista tem seu carisma e é fácil se apegar a ela, por mais volátil que sua personalidade possa parecer. A autora constrói bem os aspectos da personagem e não peca nessa abordagem.
Infelizmente, o mesmo não pode ser dito sobre Park. Embora a autora mascare muito bem as suas escorregadas em cima de um cenário fofo e romântico, ainda assim, essa releitura me fez perceber todos os problemas que diversas outras pessoas já haviam levantado anteriormente. Rowell usa termos pejorativos, faz trocadilhos sobre “olhar bem, ou o melhor que ele consegue com aqueles olhos puxados” e outros mais que são extremamente problemáticos quando estereotipa pessoas com ascendência asiática como é o caso do personagem. Fica muito evidente a falta de toque da autora de ter ao menos solicitado uma leitura mais sensível da parte que concede ao protagonista em si, parecendo-me que ela escorrega, não liga muito e oculta tudo com o romance. E isso para mim é extremamente precário. Os capítulos do Park foram os mais complicados de engolir, porque eu não sentia a naturalidade do personagem como acontecia no caso da Eleanor. Ele parecia até meio robótico, e o que salva são as interações em alguns casos dos dois (e em alguns casos quero ressaltar que são quando a Eleanor não está fazendo comparativos racistas sobre ele).
Há 6 anos eu li essa obra pela primeira vez e me lembro do quanto me envolvi com ela e do quão interessante foi ler sobre uma personagem fora do padrão que tinha problemas com seu corpo assim como eu. Hoje, infelizmente, eu não sei se essa é uma leitura tão saudável quanto pensava. E dói dizer isso, mas realmente Rowell erra bastante no que diz respeito a ser mais cuidadosa quando aborda uma vivência da qual ela não tem voz.
Fora isso, os personagens que estão ao redor dos protagonistas também são mal aproveitados, muitas vezes servindo apenas de apoio ou mal tendo alguma participação efetiva. No entanto, o que mais pesa é o final. Desde a primeira leitura que fiz, eu sinto um gosto meio doce amargo com o desfecho. Não é um final triste que vai arrancar seu coração, mas também não é feliz. Pra mim, me pareceu mal resolvido, pouco elaborado e deixa tudo no ar. É como se todos os problemas até ali não tivessem mais tanto peso assim e pudessem ser ignorados, e acreditem, tem muita coisa pesada. Inclusive, o drama doméstico que Eleanor passa beira a violência. São tópicos bem sensíveis que no tom desse desfecho parecem mal explorados.
Por curiosidade eu quis checar alguns pontos de ambas as traduções, tanto a já publicada anteriormente aqui anos atrás, quanto essa mais recente. E a Editora Seguinte fez algumas alterações para tentar eliminar termos ou falas que soem ofensivas para algumas pessoas. No entanto,nem tudo foi eliminado e o pouco que ainda fica, deixa o resquício de um trabalho bem descuidado por parte da autora e que em muito me desagradou. Ou seja, apesar da excelente edição e do esforço na tradução, lamentavelmente Eleanor & Park é uma obra mediana e que tinha o potencial de ser melhor. Embora o intuito de transmitir uma mensagem positiva para pessoas gordas seja bom, a falha falta na execução, utiliza-se de comparações racistas ou pejorativas para descrever o personagem Park, cria uma dualidade esquisita para esse livro, sendo bom por lado e péssimo por outro.
FICHA TÉCNICA
Título: Eleanor & Park
Autora: Rainbow Rowell
Onde Comprar: Amazon
Emerson Andrade
OI,
Há algum tempo atrás , diria que até pouco tempo atrás eu tinha muita vontade de ler esse livro depois perdi o interesse. Eu amei a capa e pena que você não gostou tanto assim, achou que foi meio que um descuido em algumas partes do livro.
Espero que as próximas leituras sejam melhores.
beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Depois do lançamento de O sol da meia noite, passei a ver a saga crepúsculo com outros olhos, e foi a minha saga amorzinho. Depois disso, são poucos livros da minha adolescência que eu tenho coragem de reler. Naquela época muitas coisas eram mascaradas e tratadas como normal, hoje temos uma visão de mundo muito diferente – tanto pelo novo meio que estamos como pela maturidade que a vida nos proporcionou. Amei ler Eleanor e Park, e pra preservar meu amor por esse livro acho que nunca irei reler.
Beijinhos
Renata
Oi, Daverson
Não sabia desses comentários no livro, uma pena que a nova tradução não tenha conseguido eliminar todos e que o problema esteja na escrita da autora. Eu nunca senti vontade de ler, nuncha chamou minha atenção.
Beijos
– Tami
https://www.meuepilogo.com
Não sei se leria a obra. Já li outras duas obras da autora, mas essa me fez ficar com um pé atrás devido as críticas envolvidas. Acabei perdendo o interesse e focar só nos outros livros que achei interessante.
Abraço
Imersão Literária
Oi Emerson,
Eu li esse livro tambem há uns 6 anos atrás e tinha gostado muito da leitura. Acredito que conforme o tempo vamos amadurecendo e tendo um olhar mais aguçado.
Não sei se leria novamente, mas foi bom relembrar da história.
Bjs
https://diarioelivros.blogspot.com/
oi, já ouvir falar muito desse livro, mas ainda não despertou o interesse em ler essa obra.
Abraço
https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/
Olá, Emerson.
Tem muitos livros que gostei anos atrás e que se fosse ler hoje só encontraria problemas. Eu não li esse livro da outra vez e acho que não lerei agora porque estou vendo bastante gente apontando os mesmos pontos que você.
Prefácio
Eu li esse livro tem uns 2, 3 anos e ele foi super esquecível pra mim, sendo sincera. Só lembro de algumas situações da Eleanor e do final corrido. Mas esse lance do Park é bastante complicado e a autora nem ajuda muito…
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Emerson. Pra mim o livro também foi incrível a primeira vez que li, apesar de que o final me matou. Eu vi que muitas pessoas acabaram relendo e encontrando os mesmos problemas, e é uma pena porque isso nunca tinha ficado evidente anos né? Provavelmente não lerei mas é bom ter esses apontamentos, pra gente já se ligar futuramente para as obras da autora.
Beijo
http://www.capitulotreze.com.br/?m=1
eu quero muito ler esse livro, está na minha lista há um tempão
beijo
A mina de fé