Do Fundo da Estante: Convenção das Bruxas [Nostalgia]

“As bruxas reais se parecem muito com as mulheres comuns e você nunca pode ter certeza se é uma bruxa que você está olhando ou uma senhora gentil. Elas na verdade são carecas e narigudas e passam seu tempo esperando para machucar crianças”
Mai Zetterling faz definitivamente uma das avós mais queridas do cinema neste já cult Convenção das Bruxas, mas se Anjelica Huston não tivesse sido escalada para interpretar a aristocrática e chique bruxa Miss Ernst, em um dos seus papéis mais marcantes, não teríamos um filme tão bacana.
Filmado há exatos 30 anos pelo saudoso e elegante diretor Nicolas Roeg (1928-2018), Convenção das Bruxas fez um merecido sucesso e é lembrado com carinho até hoje porque não foge a sua proposta: é um filme sobre e com bruxas e como tais, elas são assustadoras e muito más. O público ao qual o longa foi destinado não foi poupado – os pequenos iriam se assustar sim e para além de sua história narrada em ritmo de um conto de fadas pra lá de sombrio, a maquiagem das bruxas, principalmente a da bruxa mor., é uma das mais impressionantes já feitas. 
The Witches (dessa vez o título nacional é até melhor que o original) começa de maneira um tanto quanto sinistro na Noruega, com Luke (Jasen Fisher) escutando histórias sobre bruxas por sua velha avó, a também saudosa Mai Zetterling. 
Então, uma tragédia acontece: Os pais de Luke morrem em um acidente de carro e ele viaja com sua avó de Chicago para a Inglaterra a negócios da família e acabam em um resort à beira-mar que está hospedando uma convenção da Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra Crianças.
Vagando pelos corredores labirínticos do local, Luke se depara com uma reunião privada e para seu (e nosso) horror, descobre que a Sociedade é na verdade uma convenção de bruxas – e que Huston, a lendária Grande Bruxa Alta, tem planos de transformar todos as crianças na Inglaterra em ratos.
Baseado no livro do escritor Roald Dahl, um especialista em livros infantis nada fofos, Convenção das Bruxas é um filme assumidamente ambicioso e o diretor Nicolas Roeg não faria menos. O seu brilhante Inverno de Sangue em Veneza (1973) é sempre lembrado como um dos melhores filmes de terror da história, além de ser uma verdadeira aula de cinema. Ele consegue equilibrar muito bem a tensão constante de morte e fazer brotar alguma diversão dessa fábula macabra, ainda que infantil. Os efeitos visuais e práticos não envelheceram e ainda funcionam. Os ratinhos convencem como crianças transformadas e a produção em si é de extremo bom gosto. Nunca houve uma bruxa como Miss Ernst. Anjelica surge linda, elegante e diabólica com salto agulha e vestido bem justo, fazendo jus aos tempos em que foi modelo pra depois se revelar uma criatura grotesca no mesmo nível que Jeff Goldblum em A Mosca de David Cronenberg. Nas mãos de profissionais menos habilidosos, o filme poderia (erroneamente) girar em torno de Anjelica e desperdiçar a trama aventuresca do protagonista, mas para nossa sorte o roteiro foi muito bem escrito e faz bom uso de um ou outro clichê sem cair no convencional.
Sim é uma história do bem contra o mal e nesse tipo de história, o bem tem que vencer. Sabemos e querermos que isso aconteça, mas até lá queremos um pouco de emoção, uns sustos e uma boa história e é isso que Convenção das Bruxas nos entrega.
FICHA TÉCNICA
Título: Convenção das Bruxas
Direção: Nicolas Roeg
Data de Lançamento: 7 de dezembro de 1990
Nota: 4/5
Italo Morelli Jr.

One thought on “Do Fundo da Estante: Convenção das Bruxas [Nostalgia]

  • 10 de outubro de 2020 em 16:06
    Permalink

    Ahhh, esse filme me faz lembrar da minha infância! Perdi a conta de quantas vezes o assisti na sessão da tarde.

    =)

    Suelen Mattos
    ______________
    ROMANTIC GIRL

    Resposta

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