A verdadeira história de Ned Kelly [Resenha do Filme]
“Nada do que você vai ver é a verdadeira história de Ned Kelly”, avisam os letreiros iniciais pra que ninguém conteste a veracidade do que for apresentado nas próximas duas horas. É também uma maneira sutil que o diretor australiano Justin Kurzel informa que não cabe aqui nenhum tipo de comparação com nenhum outro épico moderno, porém continua com a mesma falta de personalidade que fez do tão esperado Assassin’s Creed (2016), uma das maiores decepções dos últimos anos. Sabemos que adaptações cinematográficas de games de sucesso sempre são um problema, mas a versão de Macbeth (2015) de William Shakespeare também foi e esse épico baseado em fatos reais também é – Justin Kurzel está virando sinônimo de “será que agora ele acertou”?
A verdadeira história de Ned Kelly (George McKay, de 1917) narra a ascensão e queda do rebelde australiano Ned Kelly, consagrado como o maior bush ranger da história do país. Durante a década de 1870, incentivado pelo foragido Harry Power (Russell Crowe, irreconhecível) e pela prisão de sua mãe (a sempre competente Essie Davis, de Babadook), Kelly recrutou um montante de rebeldes para planejar uma rebelião lendária.
Ned Kelly já foi interpretado por Mick Jagger em A Forca será tua Recompensa (1970) e por Heath Ledger em Ned Kelly (2003), ambos fracassos de crítica e público. O que Justin Kurzel nos entrega é um obra com todos clichês possíveis. Ainda criança, Kelly vê sua mãe se prostituindo pra manter sustentar a família perante o pai que assiste tudo calado. Este foi o gatilho pra que ele trouxesse um perna de boi inteira para alimentá-los e recebesse da mãe o título de homem da casa, um incentivo que o joga na selvagem vida adulta, mesmo com apenas 12 anos. E dá-lhe pegar em armas, atirar no homem mau a contragosto e num passe de mágica do apressado roteiro e da montagem, Kelly já é adulto e valentão volta pra casa depois de ter sido levado pelo militar e fará tudo por sua família.
Nesta saga dos rebeldes australianos versus colonialismo inglês, o diretor tenta fazer de seu filme uma versão punk rock de Coração Valente (1995, dirigido pelo também australiano Mel Gibson), algo que talvez Guy Ritchie pudesse realizar. Com exatas duas horas, A verdadeira história de Ned Kelly é um filme que não possui força necessária para que o espectador se interesse pela história – o resultado é apático apesar do esforço de todo o elenco. Os dramas dos personagens carecem de profundidade e está claro a opção por não trabalhar este aspecto em prol de uma narrativa mais fluída e objetiva. Parece até com as séries da Globo Filmes que são editadas pra serem exibidas no cinema e que faz mais sentido como séries mesmo.
Dividido por “capítulos”, não há uso de flashbacks e apenas nos 10 minutos finais é que um sopro de criatividade se faz presente deixando a impressão que isso poderia ter acontecido mais vezes ao longo da projeção.
Não foi desta vez que Ned Kelly teve seu legado retratado a altura de sua importância, quem sabe numa quarta oportunidade…
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: A verdadeira história de Ned Kelly
Título original: True History of the Kelly Gang
Direção: Justin Kurzel
Data de lançamento: 22 de outubro de 2020
Italo Morelli Jr.
Oi,amei sua resenha. Com certeza vou assistir esse filme❤
Beijos!
https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/
Oi, Italo! Tudo bom?
Eu não conhecia esse filme, mas se são duas horas sem personalidade dificilmente vou tentar assistir. Ultimamente tô bem "ou eu tenho certeza que é ótimo ou nem vou" pra filmes UHASUHASUHASUHASUH
Beijos, Nizz.
http://www.queriaestarlendo.com.br