A Criatura [Resenha Literária]


Andrew Pyper foi muito ousado em sua obra. Eu afirmo isso pelo fato dele ter criado sua própria “criatura” e ainda ter mesclado sua existência fictícia com as mais famosas da literatura, frutos das mentes dos escritores célebres Bram Stoker, Mary Shelley e Louis Stevenson.
Quando aponto sua ousadia quero dizer que Andrew sabia muito bem que os leitores que de alguma forma são fãs das obras ou apenas das criaturas dos escritores mencionados acima, assim, iriam sentir algum interesse por sua obra também. Seja apenas por curiosidade ou por expectativas de encontrar finalmente um novo “monstro”, os leitores adeptos com toda certeza acabariam por cruzar com A Criatura de Andrew Pyper.

Eles ganharam fama, que no entanto não os alcança onde estão agora, na terra fria de seus túmulos. Ao contrário deles, estou vivo.

Me enquadro no segundo caso. Minhas expectativas foram a mil. Eu queria encontrar uma nova criatura, mas também queria muito terror, muito sangue jorrando… e não foi isso que encontrei.

Andrew Pyper criou um romance com pitadas de terror e muito suspense. Essa mistura de gêneros me deixou um tanto que decepcionada e por muitos momentos, durante a leitura, quis desistir por não encontrar coerência nas ações da protagonista. Mas ao final, tudo fez sentido. E eu estou maravilhada até agora com a magnitude de A Criatura de Andrew Pyper.

Nas palavras mais simples? Não sou um ser humano.

Imaginem só se os monstros de Stoker, Shelley e Stevenson fossem inspirados numa criatura real? Imortalizada, com essência monstro e humano? 
É desse princípio que o enredo se desenvolve. Mesmo antes de sabermos qual será o segmento e o próprio desenvolvimento da Criatura, já ficamos instigados em conhecer toda sua criação. Mas antes disso, conhecemos Lily, diretora Assistente no Centro Psiquiátrico Judicial Kirby que é acostumada a lidar com mentes perturbadas. 
Lily tem um trauma, viu sua mãe ser brutalmente assassinada por um monstro. Claro que ela não revela a palavra monstro por aí. Enquanto profissional, acredita que tudo não passou da imaginação fértil de uma criança. Ela tenta desvendar o que aconteceu naquele dia. Quem teria matado sua mãe e as respostas chegarão de forma ainda mais perturbadora.

Lily se depara com um paciente diferente de todos que já viu. Alguém que afirma ser seu pai, mas cuja aparência demonstra ter a sua idade. Loucura? Se fosse loucura, como esse paciente sabia tanto a respeito da sua mãe? 
Lily sente um misto de medo e fascinação. E tudo fica ainda pior quando o mesmo paciente, mantido em uma prisão de segurança máxima, consegue fugir e a coloca dentro de uma cena de crime. Lily terá de encontrá-lo, para conseguir se inocentar e buscar respostas sobre si mesma.

(…) isso vai matar você.

Em ritmo calmo a história se desenrola. Essa lentidão dos fatos, que por vezes se tornou maçante, se faz necessária para entendermos a fundo toda a essência dos personagens. É um livro que homenageia clássicos, mas trilha seu próprio caminho para se tornar um.

Andrew Pyper não foi apenas ousado. Foi criativo, foi inteligente e foi magnífico em trazer uma história com pinceladas do passado e com sua própria introdução de presente.
Recomendo! 
FICHA TÉCNICA
Título: A Criatura
Autora: Andrew Pyper
Nota: 4/5
Onde Comprar: DarkSide® Books e Amazon 
 

Bianca Gonçalves

4 thoughts on “A Criatura [Resenha Literária]

  • 23 de setembro de 2020 em 15:41
    Permalink

    Oi, Bianca! Tudo bom?
    Que bom que a leitura foi tão boa pra ti assim. Meu caso foi o contrário. Talvez por ser muito fã dos originais em que o autor se inspirou, eu esperava encontrar uma coisa mais bem desenvolvida e tenebrosa, ou mesmo pegando para o lado filosófico e questionador, e nhé. Infelizmente pra mim, nada funcionou nesse livro :/

    Beijos, Nizz.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

    Resposta
  • 23 de setembro de 2020 em 17:34
    Permalink

    Olá, Bianca.
    Que edição linda é essa. E essa capa. Amei os detalhes dos durex nos cantos. Mas acredito que é um livro que não lerei. Eu já não sou tão fã assim dos livros citados e acredito que não vou gostar tanto assim da leitura.

    Prefácio

    Resposta
  • 23 de setembro de 2020 em 23:57
    Permalink

    Eu acho que não teria uma boa experiência justamente por esse lance das atitudes incoerentes da protagonista, mesmo que venha fazer sentido depois kkkkk
    Beijos
    https://www.balaiodebabados.com.br/

    Resposta
  • 15 de março de 2021 em 01:11
    Permalink

    Uma história insípida. Não achei nada de extraordinário. Li o livro pelo sucesso do escritor e me decepcionei. Tribunal de Almas foi um livro do mesmo seguimento que valeu muito a pena, muito superior em termos literários e pelo teor da trama, extremamente inteligente e subdividido em vários cenários. Os livros de King também, aos menos os que tive a oportunidade de ler são imensamente superiores. Espero ainda ler o Demonologista do Pyper – que segundo me consta promoveu o sucesso do escritor, vamos ver se surpreende.

    Resposta

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