5 comédias românticas no mundo do jornalismo

Talvez porque nos últimos tempos umas quantas pessoas tenham lembrado que eu tenho um diploma de Jornalismo (coisa que às vezes até eu mesma esqueço), talvez porque minha cabeça anda tão cheia que eu cato qualquer coisa banal com a qual aliviar a mente pensante, o fato é que outro dia percebi o quanto o pessoal adora ambientar comédias românticas em redações de jornalismo. Descobrir esse fato me fez ter um indício da origem da crença geral de que ser jornalista é viver em um mundo maravilhoso, mas, lamento, essa é outra mentira que os filmes de Hollywood espalham por aí.

De todo modo, como a constatação veio com uma lista de filmes pronta e como eu claramente não quero pensar em tudo em que deveria estar pensando (e corrigindo), eis-me aqui para listar cinco filmes que fazem parecer que ser jornalista é viver uma aventura que possibilita a autodescoberta, quando na verdade é uma aventura que pode colocar seu pescoço na guilhotina caso você atrase ao fechar a pauta sob tua responsabilidade. Vamos lá.

Como perder um homem em dez dias (How to lose a guy in 10 days – 2003)

Sinopse: Ben Barry é um publicitário que faz uma grande aposta com seu chefe: caso faça com que uma mulher se apaixone por ele em 10 dias ele será o responsável por uma concorrida campanha de diamantes que pertence à empresa. A vítima escolhida por Ben é Andie Anderson, uma jornalista feminista que está desenvolvendo uma matéria sobre como perder um homem em 10 dias e está decidida a infernizar a vida de qualquer homem que se aproximar dela. Ambos se conhecem em um bar, sendo que escolhem um ao outro como alvo de seus planos.

Esse filme veio parar aqui simplesmente porque eu precisava de um quinto elemento. Começo minha lista com ele pelo mesmo motivo que o acho tosco: é o mínimo de senso realidade saber que, se você quer fazer reportagens sobre política, uma revista feminina não é o caminho – especialmente escrevendo uma coluna com a (nem um pouco) instigante temática “Como fazer”. Sério, Andie, esse não é o caminho. Mas, né, aparentemente as pessoas sem experiência jornalística não reparam nesse detalhe e o filme acabou se tornando um referência no gênero. Outra razão para eu não gostar do filme é: quem com o mínimo de empatia usa outra pessoa como aposta ou uma pauta? Não, absolutamente não.

Nunca fui beijada (Never been kissed – 1999)

Sinopse: Josie Geller tem apenas 25 anos, mas já é uma das editoras do Chicago Sun Times. Ela é boa no seu trabalho, e Rigfort, o proprietário do jornal, quer que ela se disfarce de estudante e faça uma reportagem investigativa sobre o que acontece no meio estudantil. Inicialmente, fica animada, mas ao se lembrar de como era impopular na sua época de colégio, tanto que era chamada de Josie Nojenta, fica preocupada sobre como se infiltrará entre os estudantes, pois se sua técnica não der certo provavelmente será despedida. E tudo caminha para este desfecho, pois tirando Aldys, uma aluna, e Sam Coulson, um professor, parece que ninguém lhe dá atenção. Josie precisa bolar um plano rapidamente, pois está sendo pressionada no jornal e seu tempo para entregar a matéria está acabando.

Ok, aqui tem também um absurdo gigante: como é possível que alguém se torne editor sem antes ter sido repórter. A tragédia inicial de Josie é justamente ser editora sendo que gostaria de sair da redação e escrever. Na reunião de pauta mais louca de todos os tempos, ela acaba de infiltrando em uma escola e, em todo o tempo, só escreve uma matéria. É o sonho de todo o jornalista ficar meses envolto com uma única reportagem, mas isso não é real. De todo o modo, esse é um bom filme só pelo fato de Josie ter um senso humano suficiente bom para não usar os outros como pauta – nem pra acabar com a carreira de alguém fazendo reportagem sensacionalista (coisa que o editor dela queria).

Vestida para casar (27 Dresses – 2008)

Sinopse: Jane é uma mulher idealista e romântica, que jamais encontrou o amor de sua vida. Ela imagina tê-lo encontrado em George, seu chefe, por quem nutre uma paixão secreta, mas sua irmã caçula Tess é mais rápida e conquista seu coração antes. Isto faz com que Jane repense sua vida, já que sempre foi boa em fazer com que as outras pessoas sejam felizes sem que ela própria seja.

Eis um filme do qual realmente gosto, mas mais porque a personagem central para de idealizar a vida e esculhamba com todo mundo do que por outra coisa. O repórter em questão tem um pé na realidade, já que vai atrás da pauta ao ver uma louca trocando de roupa no táxi para estar em dois casamentos numa noite só. Ele escreve uma coluna, mas em um jornal de verdade, então ele tem razão para acreditar que uma boa pauta pode libertá-lo da ala comercial e levá-lo para o mundo real. O problema foi ele não ter dito para a sua entrevistada que ela estava sendo, de fato, entrevistada. Isso foi antiético, rapaz. Outra questão legal foi mostrar como uma página de jornal pode enganar as pessoas, especialmente quando a parte em questão tem o objetivo de vender exemplares (afinal o cara odiava escrever o que ela adorava ler).

A verdade nua e crua (The ugly true – 2009)

Sinopse: Abby Richter é produtora de um programa de televisão competente e conservadora. Com os indíces de audiência caindo, seu chefe tem a ideia de contratar da concorrência Mike Chadway do programa “A Verdade Nua e Crua”. Assim, de um hora para outra, a controladora e eterna romântica Abby se vê obrigada a aceitar como colaborador um cara machista, grosseiro e “especialista” em revelar o que – realmente – atrai os homens nas mulheres. Com as relações amorosas em baixa, ela recorre aos “serviços do consultor” para conquistar o vizinho e o resultado obtido acabou sendo além do esperado.

Além de ser uma romântica idealista, Abby também acredita no Jornalismo (que alma inocente!), então é fácil entender porque ela não gostou nada de trazer um analista-amoroso-de-bar para fazer comentários no que deveria ser um jornal matinal. Porém cada vez mais temos certeza de que o Jornalismo não rende atenção, que dirá dinheiro, então também dá pra entender o lado dos responsáveis da emissora. A bem da verdade, vemos cada vez mais esse tipo de alteração para catar espectador, então quase podemos dizer que esse filme só registrou a realidade.

Alguém como você (Someone like you – 2001)

Sinopse: Jane Goodale está feliz, pois é a produtora de um talk-show de enorme repercussão e está fortemente envolvida com Ray Brown, o produtor executivo do programa. Roy parece ser o homem certo para Jane, após ela ter tido vários relacionamentos infelizes, pois Ray está emocionalmente disponível e não teme relacionamentos. Após algumas semanas de um feliz namoro, Ray pede que Jane vá morar com ele. Assim Jane comunica que vai entregar o imóvel aonde mora e o casal procura um apartamento, mas gradativamente Ray se distancia e logo diz que quer “dar um tempo”. Além de ficar arrasada, Jane terá de entregar seu imóvel em poucos dias e como Eddie Alden, um colega de trabalho, está alugando um quarto ela decide ir morar na casa de Eddie. Desesperada para entender o que aconteceu e superar o trauma causado por Ray, Jane cria a “Teoria da Vaca Velha” para interpretar relações macho-fêmea, comparando o comportamento humano com o bovino.

Eis mais uma jornalista romântica o suficiente para acreditar que o cara perfeito existe e, no caso, que vai terminar com a noiva para ficar com ela (bom, jornalistas não são conhecidos pela lucidez, do contrário não fariam Jornalismo, que é sinônimo de muito trabalho e ausência de dinheiro). Mas ao menos Jane foi esperta o suficiente para bolar a melhor teoria que o universo das comédias românticas já apresentou: a Teoria da Vaca Velha. Não bastando criar a teoria, ela a compartilhou com o mundo sob um pseudônimo em uma coluna de jornal. Os aplausos foram tão intensos que o problema foi evitar as inúmeras entrevistas (inclusive no programa no qual Jane era produtora). Não bastasse ter a melhor teoria, Alguém como você tem o cara mais sensato de todos – Eddie tem mais paciência que eu quando minhas amigas falam sobre seus relacionamentos lamentáveis (ok, não é difícil ter mais paciência que eu). Enquanto ele escuta e tenta fazer Jane acordar para o mundo real, eu já teria jogado ela pela janela três vezes.

Se alguém lembrar de mais alguma comédia romântica envolta no Jornalismo, por favor comente abaixo para eu anotar para o próxima lista.

Ana Seerig

11 thoughts on “5 comédias românticas no mundo do jornalismo

  • 12 de outubro de 2019 em 23:21
    Permalink

    Eu já assisti todos esses filmes e amo tudinho!!! Quando vi o post, pensei: certeza que vai ter o filme "Uma Manhã Gloriosa". Se ainda não assistiu, fica aí a dica. Esse filme é maravilhoso e é um dos meus favoritos. Não canso de assistir!

    =)

    Suelen Mattos
    ______________
    ROMANTIC GIRL

    Resposta
  • 13 de outubro de 2019 em 00:22
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    Oi Ana! Vestida Para Casar e Nunca Fui Beijada são filmes que adoro, sinto falta de filmes assim hoje em dia. Vou conferir as outras dicas. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    Resposta
  • 13 de outubro de 2019 em 02:11
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    Pensa numa pessoa que assistia Nunca Fui Beijada em looping. Essa era eu. Assisti tanto a esse filme que decorei as falas. kkkk Eu sou apaixonada pela Drew Barrymore e isso ajudou muito a me fazer amar o filme. Também adorava Como Perder Um Homem em Dez Dias.

    Abraço,
    Parágrafo Cult

    Resposta
  • 13 de outubro de 2019 em 10:44
    Permalink

    Olá querida! Adorei o post, achei super amoroso! Segui o teu blog e quero convidar-te a visitar e a seguir o meu blog! <3

    pimentamaisdoce.blosgpot.pt

    Resposta
  • 15 de outubro de 2019 em 05:57
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    Ahhh eu já assisti esses é realmente acho ótimos!!! Eles são filmes um tanto antigos mas que adoro e sempre que posso assisto novamente só porque sinto saudades!

    Beijos

    Imersão Literária

    Resposta
  • 23 de maio de 2020 em 19:27
    Permalink

    Dá lista só não assisti o último filme, e deu vontade de rever todos os outros. Eu já tive muita vontade de me formar em jornalismo, hoje já não optaria por esse curso.

    Vidas em Preto e Branco

    Resposta

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