Jovens, loucos e mais rebeldes [Resenha do Filme]

Richard Linklater, depois da grande e incrível jornada de Boyhood (2014), ficou ainda mais conhecido por retratar cotidianos. Suas personagens nunca tem nada muito grandioso ou mirabolante a oferecer, são apenas pessoas que iremos reconhecer do nosso convívio ou da rua onde moramos. Reconheceremos amigos, vizinhos, familiares e provavelmente pensaremos: “nossa, eu estudei com um cara que era bem assim”, ou “lembro da minha professora da oitava série que costumava fazer essas coisas também”. Vamos encontrar os divertidos, os cabeças-duras, os mais introvertidos, os brincalhões, os que falam pelos cotovelos e ainda os que só pensam em fazer besteiras. Porém, mais que isso, viveremos algumas horas, dias, meses e anos de suas vidas comuns, extraordinariamente comuns. Em Suburbia (1996) foi assim, na belíssima trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol, Antes da Meia-Noite (respectivamente 1995, 2004 e 2013), e no premiado Boyhood também. Se existe alguma maestria a ser condecorada aqui, é a de contar histórias seguindo essa linha de storytelling.
Em Jovens, loucos e mais rebeldes vamos acompanhar o final de semana de Jake (Blake Jenner) que antecede o início das aulas na faculdade, onde ele faz parte do time de beisebol, sendo um dos novatos. O time será distribuído em duas casas, meio que caindo aos pedaços, e regras serão impostas – e quebradas, claro. Os típicos estereótipos de filmes de fraternidades americanas estarão todos ali, e nem preciso listá-los aqui. 
My Sharona, dos The Knack, abre o filme e é a primeira canção de uma trilha sonora que, na verdade, mais parece uma miríade de personagens secundárias. Se formos dispensar algumas linhas falando da trilha, que seja dito que ela dá o tom de novela e concede capítulos à história de Linklater. Disco, country, punk, psicodelia. A “trama” também pode ser compreendida através de cada um desses gêneros musicais, permeados por personagens que se destacam mais aqui e outro acolá. O grande problema é que talvez tudo comece a ficar um pouco cansativo e desinteressante a certa altura. O nonsensismo de uns, a falta de punch de outros e a leve “estereotipação” de alguns acabam por vencer a destreza de um baita diretor.

A parte do treino de beisebol, por exemplo, antecedendo o final do fim de semana e o início das aulas na segunda-feira, talvez tenha sido “silenciosa” demais. No frigir dos ovos (como diria minha avó) o que fica é a sensação agradável de ter passado aqueles dias com nossos amigos, indo às festas que foram, arrumando as confusões que arrumaram, fazendo os novos laços de amizade que fizeram. O único problema é que nem todo espectador terá a identificação necessária com as personagens, e talvez Linklater nem estivesse preocupado com isso, afinal de contas. Dois destaques: Finnegan (Glen Powell) e sua incrível lábia com as mulheres e a sequência em que cantam Rapper’s Delight, do Sugarhill Gang, a bordo de Monte Carlo 1972 – melhor sequência do filme todo, como dizia um comentário no Youtube.

Trailer:

FICHA TÉCNICA
Título:Jovens, loucos e mais rebeldes
Título Original: Everybody Wants Some!!
Diretor; Richard Linklater

3.5/5.0


Cristiano Santos

21 thoughts on “Jovens, loucos e mais rebeldes [Resenha do Filme]

    • 21 de outubro de 2016 em 02:58
      Permalink

      Hehehehe, mais ou menos por aí, Luiza. É que o Linklater meio que se 'especializou' nesse tipo de narrativa.
      Bjo

      Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 02:59
      Permalink

      Obrigado, Gabriela!
      Pois é, quem sabe um dia, né?
      bjo

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 13:47
    Permalink

    Não vou negar: amo. E Linklater é maravilhoso. A trilogia Antes do Amanhecer é uma das melhores coisas do cinema, eu adoro essa ideia de conversa, de simplicidade.
    Os anos 70 em Jovens, Loucos e Rebeldes foi o que me atraiu no início, mas o filme inteiro é bem aproveitado.
    Beijos
    whoosthatgirrl.blogspot.com

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:00
      Permalink

      Ahhhh que bacana, uma fã de Linklater! Concordo com sua opinião sobre a trilogia 😉
      E que bom que já tenha visto e gostado desse tbm.

      bjo

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 13:48
    Permalink

    Este comentário foi removido pelo autor.

    Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 13:52
    Permalink

    Gostei da dica de filme, parece ser engraçado pelas fotos e trailer.
    Vou ver se vejo amanhã para comemorar meu aniversário. hehe
    Beijos. ♥

    Diário da Lady

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:01
      Permalink

      Oi Leidiana! Tomara que curta o filme 😉
      bjo

      Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:01
      Permalink

      Olá Fernanda!
      Que bom que curtiu a resenha, thanks!
      Outro bjo

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 16:04
    Permalink

    Olá Cristiano!

    Já tinha visto esse filme por aí, e pelo que vc escreveu creio que seja exatamente como imaginei mesmo. Tô um pouco cheia desse tipo de filme, então creio que não vou querer ver por enquanto.
    Obrigada pela resenha

    Bjo
    http://www.kelenvasconcelos.com.br/

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:02
      Permalink

      Tá certo, Kelen! Isso aí 😉

      bjo

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 16:12
    Permalink

    Oi, Cristiano!
    Confesso que fui atrás para ver o filme só por causa do Blake e da Zoey, mas gostei dele.
    Não é o melhor filme que já vi, mas está bem longe do pior. Gosto de filmes sobre cotidianos, gosto de coisas que não são extraordinárias ou mirabolantes, acho que podemos encontrar muita coisa bacana no cotidiano que não prestamos muita atenção. Por isso gostei dele.
    Deu até vontade de rever agora 😛

    bjs

    http://www.queriaestarlendo.com.br

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:06
      Permalink

      Oi Bibs! Adorei teu comentário, mesmo 🙂
      E fico feliz que tenha curtido. Assista outros do mesmo diretor (se é que já não assistiu, né?), provavelmente gostará de outros.
      bjo

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 18:26
    Permalink

    Oi Cristiano!
    Poxa…o primeiro parágrafo da sua resenha tinha despertado tanto o meu interessando (adoro histórias que sabem aproveitar o cotidiano e usam de personagens nos quais podemos reconhecer pessoas do nosso convívio), mas seus outros comentários me desanimaram. Uma pena que seja um filme medíocre em um currículo tão bom quanto o do Linklater.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:04
      Permalink

      Ahhhhh Mariana, não desanima não! Assista o filme, tire suas conclusões e volte aqui para falarmos delas 😉
      Que acha?
      Obrigado pelo comentário!

      Resposta
  • 18 de outubro de 2016 em 19:08
    Permalink

    Não conhecíamos o filme, mas pela resenha não é o tipo de filme que estamos acostumadas e nos interessamos a assistir!!

    beijos

    onlyinspirations.blogspot.com.br/

    Resposta
    • 21 de outubro de 2016 em 03:03
      Permalink

      Oi Mia!
      Que bom então! Volte pra dizer se gostou 😉

      bjo

      Resposta

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