O menino feito de blocos [Resenha Literária]

Desde a primeira frase do livro O menino feito de blocos, “Estamos nos separando”, eu sabia eu iria torcer até o final por Alex e Jody! Eu só não sabia que teria tanta empatia por Alex, afinal, pela sinopse a gente já sabia que ele tinha problemas com o filho autista. No entanto, a narrativa de Keith Stuart tem tanto carisma, que ao devorar o livro, notei que comecei a ver as decuplas de Alex como algo real, que se eu estivesse no lugar dele, talvez me apoiaria em outra pessoa também.
Alex começa o livro descrevendo o quanto é difícil ter um filho autista e não temos floreios aqui, o que temos é uma descrição sincera, crua e ao mesmo tempo doce. Sam tem crises de medo, de fúria, de ansiedade e adorei quando Alex diz que na vida real as coisas não são tão lindas como as pessoas costumam pintar. O grande problema é que Alex não sabe lidar com o filho, ele se esquiva o tempo todo, coloca a culpa no trabalho, na insônia e morre de medo de sair sozinho com Sam devido as crises de agressividade. Só a mãe, Jody, enfrenta este dilema diariamente, e cansada de fazer tudo sozinha e brigar constantemente com o marido, ela pede para ele sair de casa. E a partir disso que Alex começa a repensar em suas atitudes. 
A princípio eu confesso que achei que seria uma narrativa densa, tensa, triste, mas na verdade Stuart escreve de uma maneira super leve e com um toque de comédia que faz com que a leitura seja rápida e dinâmica. Temos todas as descrições que precisamos e diálogos incríveis entre pai e filho. E foi bastante interessante acompanhar a narrativa pelo ponto de vista de um pai. Desde que Sam nasceu o casamento de Jody e Alex não é mais o mesmo e é claro que podemos dizer isso para qualquer casal com seu primeiro filho, mas para Alex, o fato de Sam pode ter um ataque de fúria do nada e não se divertir com ele, como muitos pais conseguem fazer, pesa e pesa mais do que ele imaginava e isso chega a ser tocante. Até que eles encontram o Minecraft.
Sou uma daqueles que sempre achou Minecraft bobo e nunca nem sequer perdi um segundo com ele, mas ao ler a narrativa de Alex e como o jogo conseguiu unir pai e filho, percebi o quanto estava sendo preconceituosa. A boba no final das contas era eu. Quantas vezes eu e meu irmão brigávamos terrivelmente, mas nos uníamos na frente do videogame para passar de fase juntos? Inúmeras e sinto até saudades desses momentos! E ao entrar no mundo do minecraft Alex entra no mundo do seu filho, ele entende como Sam pensa, suas necessidades, sua criatividade e inteligência! Sam era muito mais capaz do que Alex imaginava, e criar um mundo novo junto com seu filho, os une a ponto de Sam se abrir com o pai sobre o que passa na escola.

O menino feito de blocos não é um livro de tragédias, é um livro de superação, um livro que mostra o relacionamento de um pai com seu filho. Alex deixa de ver o autismo como desculpa pra tudo, aliás, em um determinado momento um amiga lhe diz que o Sam não é o único a ter ataques de fúria ou birra, sua filha também tem, como qualquer criança!
Criar um filho não é fácil, autista ou não, mas o que aprendemos com Alex é que com o autismo os pais precisam entender melhor os pensamentos de seus filhos e encontrar um meio de se comunicar com eles, já que muitas vezes o convencional não funciona.
E como se não bastasse uma história envolvente entre pai e filho, ainda temos os próprios traumas de Alex que perdeu um irmão em um acidente no qual se sente culpado (e eu também me sentiria) e é inevitável torcer para um final feliz entre Jody e Alex.

O menino feito de blocos me surpreendeu positivamente. Não sou uma leitora de dramas, por isso meu receio em embarcar na narrativa, mas descobri que uma história linda que me prendeu do início ao fim.
FICHA TÉCNICA
Título: O menino feito de blocos
Autor: Keith Stuart
Editora Record
Onde Comprar: Amazon





Michele Lima

20 thoughts on “O menino feito de blocos [Resenha Literária]

  • 19 de fevereiro de 2017 em 23:49
    Permalink

    A primeira vez que ouvi falar desse livro, também achei que a história seria pesada e talvez um pouco triste. Me interessei em saber que tem uma pitada de comédia. Legal saber que é mais focado na relação pai e filho, deve ser lindo.
    Ótima resenha!

    Beijos,
    Mayelle | http://www.infinitosdetalhes.com.br

    Resposta
  • 19 de fevereiro de 2017 em 23:53
    Permalink

    Eu tinha uma ansiedade enorme por um livro literário sobre autismo que abordassem a situação do adulto, achei! Finalmente! Não que eu não tenha adorado "Em Algum lugar nas estrelas" ou "Passarinha", mas depois de ter na minha vida de educadora crianças autistas e senti aquela dificuldade básica – ataque de fúria, como lidar? – e aquela necessidade de encontrar histórias com adultos vivendo essa dificuldade e encontrando formas de superar.

    Já tinha visto comentários seus no instagram sobre esse livro e estava esperando pela resenha! Adorei!

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 00:13
    Permalink

    Oi, Mi. Desde quando vi esse livro também achei que a história seria densa e por isso fiquei com um pé atras. Mas nossa, estou bem mais animada ao descobrir que a leitura flui naturalmente. Acho maravilhoso ler obre relacionamentos familiares, e gostaria muito de entender melhor o autismo. Com certeza é um livro que quero ler agora!
    Beijo, https://leitoraencantada.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 01:22
    Permalink

    Oi Mi, tudo bem?
    Adorei a resenha! Nunca tinha ouvido falar no livro, mas achei a temática sensível e interessante.
    Nunca li nenhum livro com algum personagem autista, acho que gostaria de ler a respeito em uma obra que parece tão tocante quanto essa. =)
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 01:25
    Permalink

    Oi Mi,
    adore a resenha. E te entendo…
    Também tenho receio de embarcar em determinada leituras e acabar não gostando ou me decepcionando. Mas fico muito feliz que você tenha gostado do livro, é sempre ótimo embarcar em uma leitura que te prende. O livro tem uma ótima premissa, e uma escrita inovadora.

    Beijoss, Enjoy Books

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 01:52
    Permalink

    Mi, gostei muito da sua resenha e me interessei pelo livro. Vou colocá-lo na minha lista…
    Com relação ao Minecraft, também achava um jogo bobo e sem sentido mas vendo meu filho de 7 anos jogar e desenvolver tanto a criatividade, mudei minha opinião na hora! Fora que leio pra ele os livros do Zumbi do Minecraft e racho de rir com as histórias! rsrsrs
    bjs

    Amor por Livros

    Resposta
    • 20 de fevereiro de 2017 em 02:13
      Permalink

      Eu tb mudei de ideia Rê! Passei a achar o jogo super válido e deixei meu preconceito de lado rsrsrs

      Bjs, Mi

      Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 06:51
    Permalink

    Oi Mi, sua linda, tudo bem?
    Eu gosto muito quando os personagens masculinos narram a história, é uma visão diferente do que estamos acostumadas. Fiquei encantada com esse livro. Que coisa mais linda, um pai que não consegui se relacionar com o filho conseguir interagir com o mundo dele através de um jogo. A questão não é jogo, a questão é que sempre podemos nos aproximar, e essa foi a forma que ele encontrou. Tenho certeza de que irei me emocionar e torcer muito também por eles. Fiquei louca para ler depois da sua resenha, adorei!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 10:57
    Permalink

    Oi, Mi!
    Mulher, eu juro que não sabia muito bem do que se tratava o livro. Depois de algumas resenhas, achei bem válido de dar uma chance.
    De vez em quando eu curto uns dramas e gostei muito do assunto abordado nesse. Eu cheguei a conviver com uma criança autista e realmente é difícil de se interagir com ela.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Promoção Quatro Anos de Minhas Escrituras

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 16:21
    Permalink

    Oi
    eu tenho esse livro aqui, depois dessa resenha me convenceu e ele vai ser minha próxima leitura, assim que terminar os dois que estou lendo, parece ser uma bela história e eu curto drama apesar de me estressar um pouquinho com o gênero.

    https://momentocrivelli.blogspot.com.br/

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 18:15
    Permalink

    Oii!

    Achei o livro muito interessante, principalmente por não retratar o autismo de forma agressiva, bruta, enfim, mas leve e natural. Deve ser uma ótima leitura.

    beijos

    http://www.mecontanoblog.com

    Resposta
  • 20 de fevereiro de 2017 em 23:08
    Permalink

    Oie Mi =)

    Quero muito ler esse livro, pois temáticas assim sempre me chamam a atenção. Até o momento só estou lendo resenhas lindas desse livro e espero poder ele em breve =D

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

    Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 00:02
    Permalink

    Oi Mi! Que bom que mesmo não sendo um gênero que você costuma ler, o livro tenha sido uma boa experiência. Espero ler e gostar.

    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

    Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 14:05
    Permalink

    Oi, Mi.
    Juro que não fazia ideia do que esse livro se tratava.
    E super quero ler, gosto muito de livros com essa temática, e ainda mais por saber que ele não é só tragédia, mas sim superação.
    E até eu que ainda nem li já estou torcendo para o casal.
    Beijo

    Te Conto Poesia ♥

    Resposta
  • 18 de abril de 2018 em 13:19
    Permalink

    Não li o livro, deve ser interessante, mas as poucas páginas que folhei me deixaram um pouco preocupada com os termos: "vai se foder", "sua vaca" e por ai vai….

    Acho legal mostrar a realidade, mas temos que ter muito cuidado com o que os jovens estão lendo, pq por trás de uma historinha bonita muitas vezes se desencadeiam outras coisas também.

    Eles aprendem rápido demais e é muita informação. Tem literaturas excelentes que falam de autismo sem esse linguajar.

    Ter uma história escrita de forma nua e crua, na minha opinião, não significa usar alguns termos…

    Bem é a minha opinião….

    Resposta

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