Pobres Criaturas [Crítica do Filme]

Pobres Criaturas é um dos indicados ao Oscar 2024 e pra mim um dos melhores do último ano! Não à toa Emma Stone está levando como melhor atriz em várias premiações! O longa é escrito por Tony McNamara, adaptado do romance homônimo de Alasdair Gray, com uma leve inspiração em Frankenstein de Mary Shelley, com direção de Yorgos Lanthimos. O enredo aborda a liberdade sexual feminina e a importância de ser dona do próprio corpo em uma história intrigante, surrealista, gótica, repleta de crítica social e expressionismo alemão.

Godwin Baxter (Willem Dafoe) é um médico com vários problemas de saúde e uma aparência física que gera repugnação nos outros. Inteligente e com uma ética questionável, ele cria Bella Baxter, uma jovem com um corpo de mulher e uma mente de criança.

Max (Ramy Youssef) é um estudante fascinado pela mente do mestre Godwin e se torna assistente dele, observando Bella e sua evolução contínua. E ela realmente se desenvolve ao longo do filme. Começa como uma bebê e termina como uma mulher madura! A protagonista desde sempre mostra uma forte curiosidade pelo mundo, algo que aflora bem quando descobre que é possível trazer felicidade a si mesma com a masturbação. A descoberta sexual é o grande gatilho para o impulso de Bella, presa na casa de Godwin, que ela considera seu pai. 

O médico percebe que Max tem um interesse além do científico por Bella e organiza um casamento entre os dois. No entanto, Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), a seduz e a convida para viajar com ele. Bella é uma pessoa prática e antes de se casar resolve conhecer o mundo na companhia do sedutor Duncan.

Uma vez fora dos cuidados exacerbados de Godwin, Bella descobre bastante sobre a humanidade, os prazeres e crueldade.

Em uma fábula de horror e comicidade, Yorgos Lanthimos nos traz uma narrativa inteligente, sarcástica em que tudo se dialoga perfeitamente. As cenas em preto em branco indicam Bella dentro do universo de casa, um mundo sem cores. E as cores se tornam mais vivas à medida que Bella vai conhecendo o mundo. Uma mistura sagaz de expressionismo e surrealismo, com ângulos de câmera diferenciados, ao mesmo tempo que tudo se converge em algo cruelmente real que nos provoca um riso nervoso.

O feminismo aqui atinge diversas camadas. Bella é uma criação de um homem, mas que só ocorre devido a outra vida que sofria ao lado de outro homem. A liberdade sexual de Bella incomoda muitos os homens em sua vida que a todo tempo tentam podá-la, prendê-la e encaixá-la na sociedade. Felizmente, Bella é uma força bruta capaz de fazer até o mais mulherengo enlouquecer. Nenhum relacionamento de Bella com homens neste filme é saudável, todos em algum nível são abusivos.

Além da capacidade do diretor em montar uma fotografia impecável, Emma Stone também se mostra irretocável na trama. A atriz está completamente entregue ao papel, as expressões de prazer, raiva e dor são um show, mostrando a evolução na interpretação dela que vai de uma criança aprendendo a andar a uma mulher consciente do seu corpo e de suas capacidades.

Pobres Criaturas se estende um pouco a mais do terceiro ato, mas ainda assim é um longa realmente digno de um Oscar. Uma crítica forte sobre a sociedade machista e patriarcal, o que faz parecer Barbie, outro filme concorrente ao Oscar, apenas uma comédia legal.

FICHA TÉCNICA

Título: Pobres Criaturas
Título Original: Poor Things
Direção: Yórgos Lánthimos 
Data de lançamento: 01 de fevereiro de 2024
Walt Disney Pictures

Michele Lima

One thought on “Pobres Criaturas [Crítica do Filme]

  • 8 de fevereiro de 2024 em 16:35
    Permalink

    Parece ser um bom filme. Fiquei com vontade de assistir.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está em HIATUS DE VERÃO do dia 03 de fevereiro à 06 de março, mas comentarei nos blogs amigos nesse período. O JJ, portanto, está cheio de posts legais e interessantes. Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

    Resposta

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