Recruta [Crítica da Série]
Recruta é a nova série da Netflix e pode agradar os fãs do Noah Centineo e parte do público, mas os mais exigentes vão conseguir encontrar falhas! Porque sim, tem defeitos! Mas funcionou bem pra mim como um simples entretenimento.
Owen Hendricks (Noah Centineo) é um advogado que foi recrutado para trabalhar na CIa, seus amigos que dividem o apartamento com ele, Terence (Daniel Quincy Annoh) e Hannah (Fivel Stewart), que é sua ex-namorada, acham que foi uma escolha ruim de Owen. Aliás, Hannah define muito bem o ex-namorado: um cara egoísta que parece viciado em adrenalina. No entanto, nem o Owen esperava se complicar tanto no seu primeiro caso.
Owen fica responsável em avaliar as ameaças à CIA e percebe que a carta de Max Meladze (Laura Haddock) é realmente uma grande ameaça. Agente na Rússia e Bielorrússia (que novidade…), ela é ameaçada de morte e para não ser morta é enviada para os Estados Unidos, mas chegando em solo americano a CIA simplesmente a abandona. Um dia ela mata um caminhoneiro e é presa, para sair da prisão ela ameaça contar o que sabe da CIA. Owen é responsável pelo caso, mas tirar Max da cadeia não é uma tarefa simples e o coloca em vários problemas. Logo de cara ele é torturado por uma agente da CIA, já que viajou sem passaporte diplomático e chega do nada em uma base pedindo informação. E esse é um dos pontos da trama, Owen é completamente cru como funcionário da agência, ele não sabe como as coisas funcionam nem externamente, menos ainda internamente. Cai nas armadilhas dos companheiros que querem derrubá-lo e se envolve em tramas internacionais bem complicadas, curiosamente Max vai ajudando o protagonista a sobreviver como funcionário da CIA.
Max não é uma mulher nada confiável e Owen sabe que é instrumento de manipulação dela e da própria CIA. Aos poucos ele começa a amadurecer profissionalmente, mas não sem antes passar por crises bem difíceis, inclusive de ansiedade. E o protagonista é de fato um cara bem ambicioso e de boa lábia, o que o ajuda a sair de várias situações de alta tensão.
Se por um lado a série acerta no desenvolvimento do protagonista, ela peca nas cenas de ação com algumas resoluções difíceis de acreditar, uma direção bem falha, com cortes bruscos. A edição e montagem poderiam ter feito um trabalho bem melhor, sem contar a longa duração dos episódios, poderia ter em média de 40 minutos, e não 50 min, com ganchos melhores entre os episódios.
Tecnicamente é uma série cheia de fragilidades, mas ainda assim me interessei em saber como o protagonista se livraria vivo de todos os problemas que se envolve. A trama é bem intrincada, com conspiração, segredos, revelações, bastante ação e uma pitada de comédia em alguns momentos, principalmente quando Owen esbarra em situações mais burocráticas.
Recruta, apesar dos erros, me agradou, mas se terá renovação é um mistério, ainda mais quando se trata de Netflix.
Michele Lima