E se a Wandinha fosse negra?

Lacre? Não! Seria a ousadia do século se o senhor Tim Burton tivesse entregado esta Família Addams reimaginada por pelo artista Desmond Wilson (CLIQUE AQUI PARA VER A ARTE INCRIVEL).

Estamos em 2022 e há quem ainda seja racista. Além de racista, a pessoa ainda comete a burrice de dizer que não existe vampira preta, a exemplo da sereia Ariel preta de A Pequena Sereia. Não existem anjos, vampiros ou James Bond negros – o mundo só aceita se todos forem brancos. E loiros.

A beleza dessa Família Addams preta é indescritível e o tanto que a cultura africana acrescentaria na história é indiscutível. Haveria um universo de possibilidades de contar a história que renderia fácil de cinco a seis temporadas. Além do choque cultural, o choque étnico e religioso renderia momentos antológicos.

Tim Burton caiu na pauta depois que alguém notou que em toda sua filmografia, ele nunca deu protagonismo a nenhum personagem/intérprete negro. Gótico notório, ele revolucionou tanto Batman, quanto o Pinguim e a Mulher Gato com elementos do estilo e até hoje, visto o Batman de Robert Pattinson, essa cultura reverbera.

A série Wandinha é mais um bem-vindo acerto da Netflix e causou nas redes sociais não só por sua qualidade. Se antes os conservadores não curtiram a escolha do ator Luis Guzman pra ser o Gomez (mesmo o original das HQs sendo o oposto do ator Raul Julia) agora são os progressistas que com razão questionam porque a antagonista da branca Wednesday Addams, é um menina preta que se chama Bianca – traduzindo do italiano, Branca.

Não sei o que é pior: não problematizar esses  pequenos detalhes ou ignorar o quão seria extraordinário se a Família Addams fosse outra e saísse da mesmice. A série antiga ainda é simpática e os dois filmes dirigidos por Tim Burton nos anos 90 (quando ele ainda era relevante) sobrevieram ao tempo, graças ao seu competente elenco. Fazer uma segunda temporada de Wandinha, um quarto filme da franquia (sim, existe um terceiro feito pra TV que é vergonhoso) ou um reboot/remake, será o equivalente a contar a mesma piada pela segunda vez – ou seja, não tem mais graça. O mundo está sedento por uma revolução nos costumes, nas artes e na cultura. Uma Addams Black Family seria um bom passo de uma longa caminhada que precisa acontecer.

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