Maid [Crítica da série]
Maid é uma produção de grande acerto, pelo elenco e pelo enredo que aborda com muita sensibilidade violência doméstica psicológica. É uma série curta de 10 episódios, mas com um tema pesado devidamente diluído ao longo da trama, ainda assim, acho válido o alerta gatilho.
Alex (Margaret Qualley) foge no meio da noite com sua filha de quase três anos, Maddy, depois que o marido alcoólatra, Sean (Nick Robinson), tem um ataque violento. Ele não bate nela, mas quebra tudo dentro de casa. E a ausência de dano físico é o primeiro ponto abordado na série, já que Alex não se considera uma vítima de violência, até que a assistente social que a atende começa a apontar sutilmente os danos do seu relacionamento. A partir de então vemos a protagonista enfrentar toda uma enorme burocracia para se manter segura com sua filha.
Como qualquer relacionamento tóxico, Sean tira toda a liberdade de Alex, que vive dependente dele e sem dinheiro. O primeiro passo da protagonista é arrumar um trabalho e consegue como faxineira. Sem ter nem onde dormir, Alex aceita qualquer serviço e assim, ela conhece sua primeira cliente, Regina (Anika Noni Rose). Rica e solitária, a advogada trata muito mal Alex que chega desmaiar sem comer na casa da mulher, mas é interessante que aos poucos as duas estabelecem um intrigante relacionamento. E enquanto a sua vida é um caos, a protagonista tenta escrever sobre as casas que passa alimentando o sonho de um dia ser escritora.
Alex e Maddy passam por nove mudanças, dormem na estação da balsa, dentro do carro, em um trailer, na casa de Nate (Raymond Ablack), um homem visivelmente interessado em Alex, mas o mais marcante é sem dúvida a casa de apoio às mulheres vítimas de violência. É lá, com a diretora Denise (BJ Harrison) que a protagonista encontra ajuda para os momentos mais terríveis. E claro, Alex ainda batalha pela guarda da filha, já que Sean tenta dificultar tudo, ainda que nem ele tenha condições de sustentar Maddy.
Aos poucos vamos entendendo o ciclo de abuso que Alex passa, começando com seu pai e a falta de apoio familiar. Sua mãe, Paula (excelente Andie McDowell que é mãe da protagonista na vida real também) é uma personagem fortíssima, não sabemos exatamente o que ela tem, mas é evidente que ela tem sérios transtornos, mudanças repentinas de humor e negação da realidade. Entendemos que Paula sai de um relacionamento abusivo para outro com frequência, é uma nômade sem a menor condição de auxiliar Alex. Na verdade, Paula mais atrapalha do que ajuda.
É incrível a resiliência de Alex porque já no primeiro episódio eu teria entregado os pontos com tudo que ela passa, mas a protagonista coloca o bem estar da filha em primeiro plano e a batalha para se restabelecer é bem dura.
Molly Smith Metzler mostra com perfeição como o sistema público de ajuda à vítimas de abuso é burocrático, é forte o desespero de Alex sem ter o que comer e nem onde dormir, tendo como alternativa voltar para um lar abusivo ou ficar com um homem que não quer porque ele oferece um lar. Ou ainda a quantidade de vezes que mulheres retornam aos seus maridos porque quebrar um ciclo é difícil e exige ajuda.
Enfim, Maid é uma minissérie excelente com uma trama delicada e um roteiro que trabalha amplamente o tema da violência contra a mulher. Recomendo! E vale lembrar que a série disponível na Netflix é uma adaptação do livro Maid: Hard Work, Low Pay, and a Mother’s Will to Survive, história real de Stephanie Land.
Michele Lima
Oie, tudo bem?
Ainda não conhecia, mas pela história parece ser muito boa e forte! Já vou procurar para assistir!
Blog Entrelinhas
Olá, Michele.
Fiquei bastante interessada porque gosto do tema. Infelizmente não é só nessa parte que os sistema é muito lento, vide os casos de adoção por exemplo. Em vez de ser algo rápido para realmente ajudar a pessoa.
Prefácio
Quero muito assistir essa minissérie, mas já sei que vou sofrer e chorar bastante.
Boa semana!
Jovem Jornalista
Instagram
Até mais, Emerson Garcia