Nomadland [Crítica do Filme]

Com uma pegada documental, a diretora Chloe Zhao fez um retrato comovente sobre os nômades norte-americanos que, por diversas razões relatadas ao longo da projeção, decidiram sair de suas casas e morar em vans.
O fio condutor é Fern (Frances McDormand) uma mulher de 60 anos, que após ficar viúva e perder tudo na Grande Recessão de 2008 embarca em uma jornada pelo oeste norte-americano, vivendo como uma nômade dos tempos modernos.
Nomadland faz um retrato sensível e bastante melancólico sobre este estilo de vida com todas as suas implicações, como o fato de morar numa van e não ter um lugar fixo para estacionar e trabalhar. Peca um pouco ao ser desnecessariamente didático, mas nada que estrague a experiência de mais um tapa na cara do sonho americano.
Fern é uma mulher muito simples, de poucas palavras e ainda assim transmite toda a sua amargura. Aparentemente frágil, Fern vai aos poucos se revelando, camada por camada, até o desfecho, onde concluímos o quão forte ela é. Numa interpretação contida e arrebatadora, Frances é a alma de Nomadland, que aborda sem meias verdades, questões sociais como o trabalho escasso e mal remunerado, previdência social e, claro, pessoas que não tem onde morar e as consequências como solidão e crise existencial.
Em meio a tanta melancolia, tipos interessantes interpretando a si mesmos com elementos ficcionais surgem durante a projeção, como a solitária Swankie (Charlene Swankie, estreando no cinema) que aos 75 anos e com câncer terminal, dá um show de sensibilidade. Aparece até um interesse amoroso para Fern, papel do sempre ótimo David Strathairn, cuja narrativa não força um envolvimento entre eles, mas nos deixa na torcida.
Nomadland não só consagrou a diretora Chloe Zhao (ex-aluna de Spike Lee) como a primeira chinesa a vencer o Oscar de melhor filme e direção, como também premiou Frances McDormand com mais duas estatuetas, já que além protagonizar, também foi produtora. Ambas acertaram muito ao produzirem uma obra plenamente conectada ao século XXI e cada uma na função conseguiu dar o seu melhor. Em seu terceiro longa, Zhao continua fiel ao seu estilo em levar às telas uma história real com atores amadores interpretando a si próprios, enquanto Frances se despe mais uma vez de sua vaidade e feminilidade ao viver uma personagem cujo foco é sobreviver e nada mais.
Essa improvável parceria, juntamente com essa fusão de estilos é o que fazem Nomadland ser tão especial.
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: Nomadland
Direção: Chloé Zhao
Data de lançamento: 15 de abril de 2021
Disney

Italo Morelli Jr.

5 thoughts on “Nomadland [Crítica do Filme]

  • 5 de maio de 2021 em 15:08
    Permalink

    Oi, ÍTalo
    Eu assisti o Óscar e apesar de não ter visto o filme, eu imagino que tenha sido bem emocionante e tocante. Gosto muito da Frances, ela consegue passar tudo o que precisa através de seu personagem. Ainda pretendo assistir a obra!
    Beijo
    https://capitulotreze.com.br/

    Resposta
  • 5 de maio de 2021 em 16:38
    Permalink

    Ainda não conhecia o filme, e gostei dos temas abordados. Se tiver oportunidade, com certeza vou assistir.

    Bjs

    Imersão Literária

    Resposta
  • 5 de maio de 2021 em 18:33
    Permalink

    Eu gostei demais desse filme! Frances sempre arrasa em seus papéis, mas pra mim o oscar de melhor atriz deveria ter ido pra Vanessa Kirby
    Beijos
    Balaio de Babados

    Resposta
  • 6 de maio de 2021 em 03:18
    Permalink

    Olá,
    Eu adorei o filme, muito sensível e reflexivo.
    Gostei ainda mais dos "atores" serem nômades reais. A Swankie me conquistou e adorei vê-la nas premiações. haha

    até mais,
    Canto Cultzíneo

    Resposta

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