A Revolução dos Bichos [Resenha Literária]
Clássico e polêmico. A revolução dos bichos é um dos principais livros de George Orwell que funciona como uma sátira à política stalinista e nem precisa de muito esforço para se dar conta, as relações são óbvias em absolutamente tudo, tanto no totalitarismo dos porcos quanto na utópica de um mundo mais igualitário.
Major é o porco com mais idade na Granja e um dia tem um sonho em que os animais deixariam de ser explorados pelos homens e teriam liberdade para consumir tudo que produzem, seria o Animalismo, uma sociedade que coloca os animais como iguais. Depois da sua morte, sabiamente Bola de Neve e Napoleão assumem as rédeas da Revolução, eles conseguem colocar o proprietário do rancho, Sr. Jones, para fora com sua família e pregam, ao menos por um curto período, a liberdade e igualdade. No entanto, com o tempo, Napoleão e Bola de Neve começam a discordar em absolutamente tudo. Bola de Neve cai no golpe de Napoleão e perde o poder e o malandro Garganta entra em ascensão.
Os 7 mandamentos dos animais aos poucos se modificam à medida que os porcos são corrompidos pelo poder. Os animais trabalham mais do que antes, ficam com menos e se tornam submissos, oprimidos e intelectualmente mais limitados, a história é reescrita, as narrativas que interessam são contadas e recontadas e no fim, os animais continuam explorados, agora pela união dos porcos e humanos. Tanto que Napoleão anda em duas pernas e reajusta o mandamento final: todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.
Mandamentos:
1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais.
Os cavalos e éguas representam a força do proletariado, trabalham muito, recebem pouco. As ovelhas são as que repetem o tempo todo o que é dito para elas, os cachorros protegem os porcos cada vez mais humanizados e o burro é único mais inteligente, desconfia da revolução, tenta se manter alheio a ela. E podemos fazer um paralelo também com Major, o porco que um dia idealizou a revolução como Karl Marx.
Algumas passagens na obra são bem marcantes como “humano bom, é humano morto”, ou o hino dos animais que aterroriza os humanos e principalmente todos os discursos manipuladores dos porcos. Orwell cria uma sua fábula distópica que nunca perde o sentido, não importa quanto tempo passe. E apesar de muito críticos focarem bastante na relação com a União Soviética (até pelas experiências do próprio autor), pra mim a obra vai muito além, a mensagem que mais me marca é das relações de poder, não importa suas ideologias ou suas boas ideias, o poder corrompe, inevitavelmente.
Michele Lima
Taí um clássico que tenho muita vontade de ler e só enrolo. Vamos ver se agora com as milhões de edições que estão lançando se não me arrisco.
Beijos
Balaio de Babados
Nunca li esse clássico, mas tenho vontade. Uma das melhores resenhas que li sobre o livro.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está em Hiatus de verão entre 05 de fevereiro e 08 de março, mas não deixaremos de comentar nos blogs amigos. Também tem posts novos no blog.
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