As Primeiras Quinze Vidas de Harry August

Quando eu recebi o livro As Primeiras Quinze Vidas de Harry August, ao ler o título eu pensei que de alguma maneira pudesse ter algo relacionado a encarnação, mas me enganei! Com uma excelente narrativa de ficção científica, Claire North fala de viagens no tempo, mas não qualquer viagem, mas sim da mesma vida, da mesma pessoa que sempre nasce no mesmo ano, no mesmo lugar, no mesmo horário, só que com as lembranças das vidas anteriores.
Harry August é o protagonista que narra a história e todas as suas quinze vidas e desde a primeira ele nos conquista. Nascido em um banheiro de uma estação de trem, Harry é fruto de um estupro. Sua mãe era empregada de uma família rica e depois de violentada pelo patrão a mulher acaba morrendo no parto. A família abafa o assunto e o caseiro e a esposa adotam Harry. Na primeira vida tudo é novidade, Harry perde a mãe adotiva cedo e segue os passos do pai adotivo. Já na segunda vida, ele percebe que tem lembranças da anterior, já sabe quando mãe adotiva vai morrer e ninguém acredita na criança, que acaba se matando, o que pra mim foi bem impactante. 
Entretanto, uma das vidas mais marcantes foi a quarta, em que Harry conta a sua esposa que ele volta a vida constantemente depois que morre, sempre no mesmo local, mesma hora, mesmo ano. Infelizmente sua esposa não acredita nele e o interna em um hospício. O manicômio por si só já causa arrepios, mas o personagem teve um de seus piores momentos na quarta vida. Mesmo lúcido o médico não acredita nele, não acredita que ele está pronto para sair e começa uma série de tratamento que vão debilitando-o cada vez mais. E quando ele acha que foi salvo, a coisa só piora, já que ele encontra um homem que acredita em suas histórias e o chantageia para que Harry conte tudo que sabe. E o protagonista conta, conta sobre a Segunda Guerra, sobre fatos históricos, sociais, tudo, e quando se recusa a contar mais é cruelmente torturado. No entanto, é na quarta vida que o protagonista descobre sobre o Clube Cronos e consegue uma forma de se matar e escapar da tortura constante.
O Clube Cronos é uma sociedade composta por membros como Harry, todos voltam a nascer no mesmo dia, no mesmo local e possuem uma consciência imortal. No entanto, é possível morrer se alguém conseguir impedir o nascimento dessas pessoas. O clube tem um sistema bem interessante e cuida das crianças porque elas recuperam a memória por volta dos três anos e precisam passar a infância escondendo quem são. Por isso, o clube sempre arruma uma maneira de tirá-los dos pais e dar toda a ajuda que precisam. Harry se apoiou muitas vezes no clube, até que alguém começa a matar todos os membros.
O clube tem uma regra muito importante, não alterar os fatos da história, um membro anteriormente até tentou e por muito pouco não acabou com a humanizada e por isso é estritamente proibido alterar qualquer coisa. No entanto, temos um personagem que é praticamente um cientista maluco, com um ego enorme e acha que pode ajudar a humanidade com seus experimentos, quando na verdade ele está matando o mundo de maneira cada vez mais acelerada.
Eu sempre achei a ideia de imortalidade algo interessante, seria incrível passar anos viva, lúcida, sabendo tudo que a humanidade faz, mas viver a mesma vida constantemente me parece algo mortalmente tedioso, mas Harry consegue fazer de cada uma delas algo interessante. Por vezes a narrativa é muito detalhada, o que deixa o ritmo bem mais lento, outras vezes a história acelera com cenas de ação e tudo flui tão bem que eu terminava dizendo o famoso bordão “só mais um capítulo”.
Claire North me surpreendeu bastante com uma história original, não estamos aqui falando de reviver um dia, mas sim uma vida toda. Harry viu a Segunda Guerra por diversas vezes, aprendeu a escapar dela, aprendeu vários idiomas, usou o Clube Cronos para saber do futuro e do passado, adquiriu tanta coisa que é difícil não admirar o personagem.
Algumas vidas foram mais interessantes que as outras, mas ver como Harry foi se adaptando a cada uma delas é o ponto que nos move na leitura e depois quando o inimigo fica claro, o suspense aumenta, mesclando mistério e ficção.
As primeiras quinze vidas de Harry August me apresentou algo novo, diferente, com um protagonista cativante, uma ficção que me fez refletir sobre a imortalidade e o poder do conhecimento. Para quem gosta de ficção e não se importa às vezes com uma leitura mais lenta,  fica minha recomendação.
FICHA TÉCNICA
Título: As Primeiras Quinze Vidas de Harry August
Autora: Claire North
Onde Comprar: Amazon
Michele Lima

7 thoughts on “As Primeiras Quinze Vidas de Harry August

  • 24 de janeiro de 2018 em 11:28
    Permalink

    Bom dia, Mi
    Já li várias resenhas desse livro, pessoas que amaram até pessoas que abandonaram…
    Acho que o tipo de livro que irá depender muito de cada leitor.
    Que bom que foi uma experiência boa para você.
    Beijos

    Divagando Palavras
    http://www.divagandopalavras.com

    Resposta
  • 24 de janeiro de 2018 em 12:02
    Permalink

    Oi Mi, tudo bom?
    Opa, viagem no tempo pode contar comigo! Já fiquei interessada. Amo histórias que mexam com esse conceito, tem tanta coisa pra abordar.
    Pelo que você falou, é uma leitura lenta, mas que segura o tema muito bem, então acho que é perfeita pra mim! Vou procurar mais sobre a obra, com certeza.
    Adorei a resenha 😀

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

    Resposta
  • 24 de janeiro de 2018 em 13:18
    Permalink

    Oi Mi! Tudo bem?
    Nossa, amei essa resenha, me deixou cheia de curiosidade pelo livro! Gosto muito desse tema de viagem no tempo e vejo que nesse é retratado de uma forma diferente né.. Quero saber como o personagem vai se sair!
    beeijo

    https://lecaferouge.blogspot.com.br/

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  • 24 de janeiro de 2018 em 16:23
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    Oi! Gostei bastante da premissa do livro e achei bem diferente. Eu acharia desesperador reviver sempre a mesma coisa, que bom que o personagem conseguiu aproveitar da melhor forma. Apesar de ter passado por situações difíceis, fiquei curiosa para saber quem quer matá-los. Bjos <3

    Click Literário

    Resposta
  • 24 de janeiro de 2018 em 17:50
    Permalink

    Oi, Mi. Levei o maior tapa na cara ao descobrir na sua resenha sobre o que o livro é. Totalmente diferente do que já li, eu adorei o modo como a autora aborda sobre imortalidade. Pela capa, eu juro que não leria, mas a história traz rumos tão diferentes que eu fiquei muito interessada. Espero poder ler um dia!
    Beijos
    http://www.suddenlythings.com

    Resposta
  • 27 de janeiro de 2018 em 22:55
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    Oii Mi, eu achei esse livro super diferente, e quero ler ficção científica esse ano, mas não sei se começaria por esse livro, por ele ter em algumas partes uma narrativa mais lenta, mas quem sabe futuramente eu não dou uma chance né.
    – Beijos, Carol!
    http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br

    Resposta

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