Manifesto [Resenha do Filme]
Conferimos a cabine de imprensa de Manifesto. |
Manifesto não é um filme pra quem gosta de tudo muito mastigado, é um longa artístico, sem uma linha narrativa específica em que Cate Blanchett interpreta 13 personagens, cada uma com um manifesto em relação a arte e todos de certa forma se dialogam entre si.
O longa tem uma clara referência às artes de vanguardas europeias como Fluxus, Futurismo e principalmente o Dadaísmo que tinha como objetivo expressar suas opiniões sobre a arte e também das próprias vanguardas às vezes de modo bem paradoxal: “sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra princípios”. E Manifesto é exatamente assim, uma metalinguagem, um paradoxo, uma colagem de vários outros manifestos.
Temos diversos personagens como a professora que ensina as crianças que nada é original, o que importa é para onde você leva as ideias e de modo irônico ela ensina e questiona técnicas de cinema. Temos a mãe de família conservadora que discursa sobre a arte como uma oração em um texto que em alguns momentos chega ao sarcasmo extremo em relação à cena, principalmente quando a câmera finalmente sai da mesa da cozinha e mostra a sala da família com animais empalhados e um urubu vivo. A magnífica âncora de televisão chamada Cate, nome da atriz, que dialoga (ou seria um monólogo?) com sua repórter também chamada Cate, em que o discurso em evidência é que tudo é falso, inclusive o cenário da repórter. E neste manifesto ainda temos o questionamento sobre a arte conceitual e o tédio sobre ela. E ainda destaco também a cena do funeral em que temos a manifestação do dadaísmo onde própria morte é enterrada. Um discurso forte, vigoroso, diria que até anárquico, mas o dadaísmo é contra tudo, inclusive a anarquia.
Eu sou contra sistemas, o mais aceitável sistema é o princípio de não ter nenhum (Tristan Tzara, 1918)
Com várias vozes diferentes que juntas se formam um grande ruído como mostrado no final, Manifesto é uma colagem de personagens e textos que se manifestam de alguma forma sobre a arte. Em discursos extensos, as cenas dialogam perfeitamente com os textos de diversos artistas ao longo do século como os manifestos de Karl Max, Antonia Sant ́Elia, Tristan Tzara, Sol Lewitt, Lars Vont Trier, André Breton, entre outros.
Nada é original. Roube em qualquer lugar que ressoa com inspiração ou os combustíveis de sua imaginação. Devore filmes antigos, novos filmes, música, livros, pinturas, fotos, poemas, sonhos, conversas aleatórias, arquitetura, pontes, sinais de rua, árvores, nuvens, corpos de água, luz e sombras. Selecione somente coisas para roubar que falam diretamente à sua alma. Se você fizer isso, seu trabalho e roubo, serão autênticos. Autenticamente inestimável; originalidade é inexistente. E não incomoda esconder seu roubo – celebrá-lo se quiser. Em qualquer caso, lembre-se sempre o que Jean-Luc Godard disse: não é onde você pega as coisas e sim para onde você irá levá-las. (Jim Jarmush, 2002)
Temos temas como a velocidade, algo comum na modernidade, o questionamento do tempo numa sociedade de fast food em que tudo precisa ser mastigado ou diminuído para o entendimento geral, quando, na verdade, deveríamos evoluir e não simplificar a arte. Capitalismo, arquitetura, o presente e seu imediatismo, o situacionismo, o egocentrismo da humanidade que não constrói mais castelos e sim hotéis, que não constrói imagens de Cristo, mas de si mesmos, a razão, o onírico, o que é real, tudo é questionado durante os discursos de cada personagem.
E se o texto tem como base os manifestos, alguns já bem conhecidos, o que mais me chamou atenção foi a construção dos cenários internos – já que os externos possuem toda uma ambientação mais fria – e a construção dos personagens. O longa mostra com clareza o poder de metamorfose de Cate Blanchett que sincroniza com perfeição os discurso com as característica físicas dos seus personagens, com 12 sotaques diferentes.
Manifesto não é um filme popular, mas pode sim ser apreciado por qualquer um, desde que você tenha interesse em assistir algo completamente diferente e que vai te fazer sair do cinema com vários questionamentos. Talvez nem todos os discursos em primeiro momento possam ser alcançados com riqueza de detalhes para quem não conhece nenhum dos autores citados, mas ainda assim, não se subestime, a ideia é facilmente passada e sem dúvida é no mínimo um filme distinto.
Oi, Mi. Eu fiquei um pouco confusa com a resenha porque não entendo bem a arte, aliás, eu detestava tudo isso quando estudava, então não sei se gostaria de assistir o filme.
Beijos
http://www.leitoraencantada.com/
ahhh puxa que pena, o filme bem interessante, daqueles que fazem a gente pensar bastante.
Bjs, Mi
Oi, Mi!
Eu gosto bastante de arte, mas sinto que eu ficaria bem confusa no filme, hahaha.
Não entendo taaaanto assim.
Mas a Cate eu não duvido mesmo que tenha sido magnífica, porque ela é muito maravilhosa.
E, cara, 12 sotaques diferentes?
E pelas fotos que você colocou, ela realmente ficou diferente em cada um deles.
Deve ser muito interessante!
Beijooos
http://www.casosacasoselivros.com
http://www.livrosdateca.com
Oi Mi, tudo bem??
Menina, tenho que ser sincera, não entendi muito o conceito do filme, sei que tem algo a ver com os relatos de várias personagens em uma só pessoa. Parece interessante, mas não sei me sinto motivada a assistir… ainda preciso amadurecer a ideia. Xero!!
https://minhasescriturasdih.blogspot.com.br/