Moonlight: Sob a Luz do Luar [Resenha do Filme]

Conferimos a Cabine de Imprensa de Moonlight: Sob a Luz do Luar.
Um dos grandes filmes do ano passado vem diretamente das mãos e do coração de Barry Jenkins. Em 2008, com a indicação ao Best First Feature Independent Spirit Award, Jenkins começou a pôr em prática o que vemos escancarado aqui em Moonlight: ele contou em seu primeiro longa a história de dois estranhos que acordam sem lembrar muito bem quem são, e saem numa jornada pelas ruas de São Francisco para descobrirem mais da cidade e deles mesmos. O nome do filme é Medicine for Melancholy, o que nos dá uma grande dica do estilo de direção de Jenkins. Um desses diretores que prezam por poetizar as possibilidades de nós, seres humanos, em frente a momentos cruciais de nossas vidas – se não tão cruciais, momentos no mínimo de valia com algum grau de preciosidade. 
Não sei exatamente se o que digo deixa claro o que Moonlight nos traz. Ou melhor, o que Barry Jenkins nos entrega com seu segundo longa. Esse é um daqueles filmes que não guardam nenhum momento de reviravolta grandioso em sua trama. Não teremos grandes segredos sendo revelados ou um assassinato que desvendará um inesperado fim. Moonlight é sobre pessoas. Aqui, no caso, negros americanos e seus revezes diários, suas lutas interiores e exteriores, suas formas de lidar com apatia, descrença, bullying e perdas. Mas também com felicidades momentâneas, amizades sinceras e descobertas entranháveis. 
Somos apresentados ao mundo de Little (Alex Hibbert) enquanto ele passa por Juan (o excelente Mahershala Ali) fugindo de bullies que querem atacá-lo pelo simples fato de ser diferente, um tanto mais introspectivo e quieto. Porém, Juan, ironicamente o traficante do bairro que vende drogas para a mãe de Little (mais uma boa interpretação de Naomi Harris), vai em busca do pequeno que com muita dificuldade, se abre à namorada de Juan, Teresa (Janelle Monáe, em uma participação pequena). Juan e Little criam uma conexão que irá libertar o menino em alguns aspectos, definindo assim como deverá ser o caminho que Chiron/Little (Ashton Sanders) seguirá quando entrar na adolescência, não diferenciando muito de como era enquanto criança. 
No entanto, todo adolescente passa por questionamentos e evidenciações que serão os alicerces de sua vida adulta. É nesse ponto que entraremos na reta final do filme, com Black/Chiron/Little (Trevante Rhodes). Se não havia muita escapatória, Black decidiu armar-se, e não necessariamente falo de armas de luta ou guerra aqui. Black se fortalece na relação com sua mãe e com ele mesmo. A forma como somos conduzidos ao final do filme é, no mínimo, contemplativa e imperturbável. E preste atenção em como Jenkins decidiu musicar a vida de Little, e de como a mesma trilha acompanha Chiron. E de como uma espécie de aviso vem na forma da trilha que acompanha Black. Um aviso de que mesmo parecendo igual a todos, Black é especial. Há muita, mas muita mesmo, sensibilidade nessa história. E poesia também, por mais disfarçada que ela se mostre. Um dos grandes filmes do ano passado, sim senhor.



Trailer:

FICHA TÉCNICA
Título: Moonlight: Sob a Luz do Luar
Título Original: Moonlight
Direção: Barry Jenkins
Data de lançamento no Brasil: 23 de fevereiro de 2017
 4.0/5.0 
Cristiano Santos

18 thoughts on “Moonlight: Sob a Luz do Luar [Resenha do Filme]

    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:29
      Permalink

      Ele tem todo um ritmo muito lento e especial de contar essa história, Nessa. Mas é sim um filmão 😉
      bjo

      Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:29
      Permalink

      Tá certo, Vanessa 😉
      bjo

      Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:30
      Permalink

      Só li verdades, Luiza! Hehehehe
      bjo

      Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 11:47
    Permalink

    Oi Cristiano!
    Não conhecia esse filme, mas já veria só por ter o Mahersala. Gostei bastante do trabalho dele na série Daredevil, do Netflix, e quero assistir mais filmes com ele.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

    Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:31
      Permalink

      Grande Mahershala! Recomendado está, Sora 😉
      bjo

      Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 12:59
    Permalink

    Oi. Eu já ouvi falar do filme mas não procurei saber melhor. Acho muito interessante mostrar a realidade que jovens negros da periferia vivem e como eles acabam se inserindo no mundos dos crimes e das drogas. Tenho certeza que o filme traz uma crítica genial a sociedade, e adoraria conhecer mais da história, mesmo não sendo meu gênero favorito.
    Beijo! Leitora Encantada
    Participe do sorteio do blog e concorra a três livros

    Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:32
      Permalink

      Pô, Miriã, tu tem que ver então – mesmo não sendo seu gênero favorito.
      bjo

      Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 14:07
    Permalink

    Olá, Cristiano!
    Nunca tive muito interesse nesse filme, mas depois dessa resenha fiquei com vontade de assistir. Sou fã de filmes que fazem a gente pensar e se botar fora da caixinha, com certeza vou assistir em breve.
    Beijos
    http://www.vidaemmarte.com.br

    Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:36
      Permalink

      Olha, Kathleen, eu diria que se botar fora da caixinha foi exatamente o que a personagem desse filme fez. E o mais bacana foi fzer isso sem perder a essência dele, mostrada a nós ainda quando pequeno.
      Adorei teu comentário!
      bjo

      Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:37
      Permalink

      Recomendo, Gabriela 😉
      bjo

      Resposta
  • 22 de fevereiro de 2017 em 17:42
    Permalink

    Oi, Cristiano!
    Moonlight me ganhou com o quote "In the moonlight, black boys look blue". Estou muito ansiosa para ver ele, mas até chegar nos cinemas por aqui demoraaaaa (isso se chegar). Acho que vou ter é que contar coma netflix :/
    Filmes que contam a histórias das pessoas e cotidianos, ao invés de focar em grandes descobertas ou explosões, sempre me ganham. Acho que há muita coisa interessante no cotidiano, porque ninguém vive igual a outra pessoa.

    bjs
    http://www.queriaestarlendo.com.br

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    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:39
      Permalink

      Ahhh Bibs, isso é lindo, né? Eu queri afalar disso, mas acho (pessoalmente falando) tão mágico que não quis comentar. Que bacana demais que tu também sentiu algo com isso 😉
      Mas não deixe de assistir!
      bjo

      Resposta
  • 23 de fevereiro de 2017 em 23:34
    Permalink

    Olá!
    Estou com muita vontade de assistir esse filme. Parece ser aquele tipo de história tocante que mexe com nosso coração e que nos faça refletir. Vou ter que controlar minha ansiedade e esperar para assistir.
    Sem dúvidas, esse filme merece as indicações que levou ao Oscar.
    Parabéns pela resenha, bem detalhada e escrita, isso nos deixa com muito mais vontade de assistir.

    Beijo, beijos
    relicariodehistoriasma.blogspot.com

    Resposta
    • 24 de fevereiro de 2017 em 12:39
      Permalink

      Brigado, Aline!
      E assista sim! E tomara que se encante 😉
      bjo

      Resposta

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