Green Book: O Guia [Resenha do Filme]

Muitas polêmicas envolvem Green Book: O Guia que vão além do roteiro do longa. Nick Vallelonga roteirista e filho de Tony Vallelonga interpretado por Viggo Mortensen, fez um comentário preconceituoso sobre muçulmano anos atrás. O diretor Peter Farrelly mostrou o pênis para Cameron Diaz na época em que trabalharam em Quem vai ficar com Mary e por fim o ator Viggo Mortensen usou recentemente a palavra que não deve ser dita aos negros nos Estados Unidos, e segundo ele fora de contexto, mas conta bastante como mais um ponto negativo ao filme para a corrida ao Oscar. No entanto, se o espectador conseguir ignorar o extra filme, vai se deparar com uma obra muito bonita de amizade entre um homem branco com pouca educação e um homem negro erudito, amizade essa que mudou a vida dos dois.
Anos 60, o longa começa com uma cena de abertura que mostra que Tony Vallelonga, ou Tony Bocudo (Viggo Mortensen), pode não ter tido muita educação escolar, mas nunca foi burro. Espero, sagaz e inteligente, o bruto segurança de um clube local sempre consegue arrumar dinheiro para sustentar a família. E a máfia bem que tenta persuadi-lo, já que o protagonista é de família italiana, mas ele sempre se esquiva. Porém, com o clube fechado, Tony precisa trabalhar e assim conhece Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um homem que tem um trono em casa, bastante metódico, erudito ao extremo, musicista de primeira qualidade e com algumas frescuras. Don precisa viajar em turnê pelos sul dos Estados Unidos e por ser negro precisa de alguém para acompanhá-lo e ajudá lo no que for preciso. Tony é realmente a pessoa ideal para o trabalho.
Tony é pobre e de família italiana, também de alguma forma sofre preconceito e é preconceituoso a ponto de jogar os copos fora porque negros bebem nele. Mas precisa de dinheiro e Don pagará bem se ele conseguir levá-lo em todos os shows. Durante a viagem de 60 dias os dois se conhecem e se tornam amigos, existe uma grande transformação nos dois personagens, principalmente em Tony é um homem de fácil lábia, que conversa com todos, conhece o mundo, mas ao ver de perto tudo que Don passa muda bastante seu comportamento.
Don não é uma pessoa muito sociável, não conhece a cultura pop negra o que deixa Tony bem abismado, vive numa bolha cheia de luxo, bastante paparicado, mas no fundo Don sabe muito bem da dificuldade em ser uma artista negro, ainda mais de música clássica. É incrível que Don é muito bem recebido para tocar, mas não pode usar o mesmo banheiro que os demais, nem comer no mesmo local e muito menos se hospedar com Tony. E é por isso que eles usam o Green Book, um guia de viagens para negros, mostrando em quais lugares eles podem se hospedar, um lugar pior do que o outro.
Don ajuda Tony a escrever cartas para sua esposa, ensina a melhorar seu linguajar, sua dicção, ensina a não julgar as pessoas pela pele e o ensina o valor da dignidade. Já Tony mostra a Don o prazer de comer um frango frito com as mãos, que também existe dignidade em um belo soco, na importância da família. No fim, a transformação que os dois passam emociona bastante.
É um filme claramente sentimental, que tenta nos emocionar (e consegue) em muitos momentos. Don é bastante misterioso e aos poucos vai contando sua vida e algumas atitudes de Tony também surpreendem ao longo do filme, e apesar de tudo existe no final uma tensão sobre se conseguirão ou não terminar a turnê. 
Tony e Don são personagens totalmente opostos, mas igualmente cativantes. Viggo Mortensen está excepcional como protagonista e Mahershala Ali como sempre nos mostra uma ótima performance. 
Green Book: O Guia é baseado em fatos reais, não é um filme profundo e um espectador mais atento perceberá que o roteiro ao mostrar a amizade dos protagonistas foca bastante em mostrar o quanto Tony é uma figura simpática. Mas é um longa bem divertido e com ótimos momentos de drama em que as atuações se sobressaem. A ambientação dos anos 60 é boa, nos mostra bem todo o preconceito da época, nos deixa indignados em alguns momentos, com lágrimas nos olhos e tem uma mensagem que vale a pena ser conferida.

Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: Green Book: O Guia
Título Original: Green Book
Direção: Peter Farrelly
Data de lançamento no Brasil: 24 de janeiro de 2019
Nota: 4/5
Michele Lima

6 thoughts on “Green Book: O Guia [Resenha do Filme]

  • 23 de janeiro de 2019 em 00:38
    Permalink

    Oi, Mi! Tudo bom?
    Minha meta pra esse ano é assistir TODOS os indicados Oscar e esse obviamente tá na lista. O elenco é absurdo de fenomenal e a história parece muito foda!

    Beijos,
    Denise Flaibam.
    http://www.queriaestarlendo.com.br

    Resposta
  • 23 de janeiro de 2019 em 04:15
    Permalink

    Oi, Mi

    Eu só fiquei sabendo da existência desse filme no Globo de Ouro. Não sabia dessas tretas envolvendo a produção, mas a academia liga pra isso desde quando? Maior passadora de pano não há! Hahahaha

    Beijos
    – Tami
    https://www.meuepilogo.com

    Resposta
  • 23 de janeiro de 2019 em 04:34
    Permalink

    Doida para ver! Agora que a lista de indicados saiu, já posso ir atrás dos filmes com tranquilidade XD

    Resposta
  • 23 de janeiro de 2019 em 09:51
    Permalink

    Oi Mi!
    Eu achei esse filme muito engraçado KKK. Ta na minha lista assistir, com certeza, antes do Oscar. Gosto desse ator negro. Ele é incrível! Manda bem demais na atuação.

    Abraços
    David
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com/

    Resposta

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