Pisque Duas Vezes [Crítica do Filme]

Para tudo na vida, temos a nossa primeira vez, podemos errar ou acertar nesse período de aprendizado no contexto em questão. No caso de Pisque Duas Vezes, a atriz, cantora e modelo Zoë Kravitz entra em seu primeiro trabalho como diretora e co-roteirista de um longa cinematográfico. De cara, a mais nova cineasta de Hollywood arquitetou um projeto ousado que aborda um tema importante e que merece ser analisado na forma como é apresentado, como o terror psicológico. Mas será que o pontapé inicial saiu com saldo positivo?

O longa retrata a vida de Frida (Naomi Ackie), uma mulher que é faxineira com poucas condições financeiras e que passa seu dia como muitas pessoas observando as redes sociais e suas “irrealidades”. Ao presenciar um vídeo de um milionário dono de uma empresa de tecnologia, Slater Slave (Channing Tatum), contando sobre sua vida agitada e que precisava de uma pausa na carreira, adquirindo uma ilha para passar o tempo com amigos, Frida acaba se apaixonando pela personalidade, beleza e riqueza de Slater, mesmo com poucos minutos apresentados.

Ao lado de sua amiga, Jess (Alia Shawkat), elas ficam sabendo que o milionário estará no evento em que trabalham e se disfarçam como convidadas para conhecê-lo. O mesmo, com toda simpatia, em poucos minutos acaba gerando uma forte conexão com ambas e as convida para sua ilha mesmo com uma pequena quantidade de intimidade. 

Chegando nesse paraíso particular, muitas coisas estranhas começam a surgir, desde deixar seus celulares para trás, roupas combinadas entre as mulheres e, com o passar dos dias, a rotina entrava em um ciclo de repetição. No entanto, quando Jess desaparece repentinamente, Frida começa a cair na realidade de que algo de errado estava ocorrendo e mesmo assim todos ao seu redor esquecem da existência de sua amiga. 

Zoë Kravitz aplica diversos simbolismos e desconforto diante de toda a narrativa do filme, como: uma simetria constante em seus planos que já indica a igualdade entre as mulheres da trama, o circuito da recorrência de atividades, figuras de animais, pecados capitais, irrealidade do mundo digital, confiança e que acaba levando ao principal tema de discussão, o estupro.

A diretora pega como referência muitos casos mundanos que de fato já ocorreram do mesmo arquétipo para esse crime e claro, retratar também a realidade que as mulheres sofrem na sociedade como o uso da famosa droga “Boa noite Cinderela” para as doparem, fazendo-as esquecerem do ato sexual criminoso sem concessão. 

Além disso, o ponto de ideia desse pilar de sustentação no longa é realizado com precisão, principalmente em suas reviravoltas. As atuações são convincentes e o destaque fica com Naomi, mas são jogadas e acaba tirando um pouco do peso, porém não da abordagem que é feita diante de toda a cosmologia da produção. E muitas vezes lembra o brilhante filme de Jordan Peele, Corra! (2017), no qual também é terror psicológico com um tema pesado e importante, além de ser muito bem construído.  

Kravitz, acaba mostrando que tem grande potencial de se transformar em uma grande diretora e na arte de contar histórias. Seu detalhismo para todo o contexto elaborado em Pisque Duas Vezes é bem feito, prendendo o espectador no suspense e no argumento. 

FICHA TÉCNICA

Título: Pisque Duas Vezes
Título original: Blink Twice
Direção: Zoë Kravitz
Data de Lançamento:  22 de agosto de 2024
Warner Bros. Pictures

Lucas Venancio

One thought on “Pisque Duas Vezes [Crítica do Filme]

  • 19 de agosto de 2024 em 11:24
    Permalink

    Parece ser um ótimo filme, bem marcante.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está em HIATUS DE INVERNO do dia 31 de julho à 05 de setembro, mas comentarei nos blogs amigos nesse período. O JJ, portanto, está cheio de posts legais e interessantes. Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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