Do Fundo da Estante: Evita [Crítica]
Madonna disse em uma entrevista que teve muita dificuldade em cantar as músicas da trilha sonora de Evita. Voltava pra casa chorando e a única solução foi fazer aulas de canto – ficou mais afinada, aumentou a potência vocal e perdeu o som anasalado que tinha desde o início da carreira. Ligava pros amigos e cantarolava para mostrar o quanto havia evoluído.
Meryl Streep também não é uma boa cantora, mas perdeu o papel de Eva Perón para Madonna, o que desagradou os devotos argentinos que a proibiram de filmar na Argentina.
O empenho da Rainha do Pop lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor atriz, mas não foi o suficiente para conseguir sua tão sonhada indicação ao Oscar. Já Antonio Banderas, que interpreta Che Guevara, precisou ter sua voz corrigida digitalmente.
O musical Evita estreou em 1978, baseado no álbum de ópera rock lançado em 1976 que por sua vez se inspirou no longa-metragem argentino Queen of Hearts do diretor Carlos Pasini-Hansen. As composições são de Andrew Lloyd Weber (música) e Tim Rice (letras), os mesmos de Jesus Cristo Superstar, de 1970. A direção, ficou curiosamente a cargo do britânico Alan Parker, conhecido por O Expresso da Meia-Noite (1978), Coração Satânico (1987) e Mississipi em Chamas (1988), filmes polêmicos com alto teor dramático.
Com uma Argentina recriada em estúdio e com todos os diálogos e canções em inglês, Evita foi elogiado e também muito criticado. Indicado a cinco Oscar em categorias técnicas, levou apenas o de canção original.
Mas quem foi Evita?
Maria Eva Duarte nasceu em Los Toldos em 07 de Maio de 1919 e em 1935 partiu para Buenos Aires, determinada a seguir a carreira de atriz.
“Só me casarei com um príncipe ou presidente?”
Em 1944, Evita conheceu o então vice-presidente da Argentina Juan Carlos Perón e casou-se com ele. Ao se eleger presidente da Argentina, Maria Eva fez uso de seus dotes de atriz e criou a personagem Evita, amada até hoje pelos argentinos. Bastante atuante na política, com projetos voltados para a população mais pobre. Ela faleceu em 1952 aos 33 anos de idade em decorrência de um câncer no útero
Evita, o filme é bom?
Sim, com impecável reconstituição de época, Evita cobre todo o período de vida da protagonista, que se foi muito jovem. Sua história é contada através dos versões de canções, muito bem interpretadas por Madonna. Sua vasta experiência em vídeo clipes e turnês foi crucial para os números musicais, porém em termos dramáticos, Madonna fica devendo um pouco, dividindo o protagonismo com Antonio Banderas e Jonathan Pryce, atores mais experientes que não são cantores.
Evita é indicado apenas aos fãs de Madonna ou de musicais, já que a parte política fica um tanto quanto diluída. Também não vale como aula de história, mas instiga a procura por mais informações. O diretor Alan Parker tentou recriar o premiado musical da Broadway, mas é nítida sua falta de afinidade com o gênero. Ele se saiu bem melhor com o ótimo The Commitments – Loucos pela Fama (1991), sobre um grupo de jovens que resolve montar uma banda. Não é um musical mas sim um dinâmico filme sobre música. E dos bons.
FICHA TÉCNICA
Título: Evita
Direção: Alan Parker
Data de lançamento: 14 de dezembro de 1996 (Estados Unidos)