Maldivas [Crítica da Série]

Muita gente ainda tem uma ideia equivocada sobre produções nacionais como algo sempre ruim. A verdade é que o produto nacional tem melhorado bastante nos últimos anos e um bom exemplo disso é Maldivas, que tem um texto maravilhoso de Natalia Klein.

O elenco global e de peso ajuda bastante, sem dúvida, mas pra mim o ponto forte é sem dúvida o enredo, dinâmico, cheio de mistérios e divertido na medida certa.

A série acompanha o condomínio Maldivas em que temos 3 amigas bem dondocas, cada uma vivendo seus dilemas. Milene (Manu Gavassi) fez várias cirurgias plásticas com seu marido que agora nem toca mais nela, em todos os sentidos. Ela é síndica do condomínio e na carência afetiva do casamento, desconta tudo em compras, o que a faz ficar com muitas dívidas. Para sanar os problemas financeiros, ela aceita um esquema com o Capitão Rafael (Alejandro Claveaux), em que eles ficariam de guarda no condomínio luxuoso, mas para isso ela precisa de aprovação de todos na assembleia. Kat (Carol Castro) parece uma dona de casa comum, mas ajuda o marido corrupto, que está em prisão domiciliar, a dar calotes. Rayssa (Sheron Menezzes) também aparenta ter uma vida ótima, fez parte de uma banda de axé com o marido, mas os dois vivem mentindo para o público. O casamento é aberto e no primeiro episódio descobrimos que Rayssa tem um caso com Victor Hugo (Klebber Toledo), marido de Milene. Todas acabam tendo suas vidas cruzadas de alguma forma com a moradora Patrícia Duque (Vanessa Gerbelli) que é o ponto chave da narrativa, já que sua morte é o grande mistério da trama. Ainda temos Liz (Bruna Marquezine), que assume o protagonismo da trama, já que chega no Rio de Janeiro para encontrar a mãe que a abandonou e Verônica (Natalia Klein), não menos importante, a narradora da história.  

Liz foi criada por sua avó, uma mulher bem controladora, no interior de Goiás, mas ela nunca esqueceu a mãe que matou o seu pai. Ela descobre onde Patrícia mora e vai atrás dela em busca de respostas, mas acaba tendo que investigar o que acontece com a mãe no Condomínio de Maldivas. Liz está noiva, mas acaba de certa forma se envolvendo com Denilson (Enzo Romani), o investigador do caso de Patrícia. Também é preciso falar de Verônica que parecia apenas uma personagem de alívio cômico, mas nos surpreende bastante. Aliás, a série toda surpreende.

O roteiro de Klein, que também assume o personagem da Verônica, é cheio de plot twist e só vai nos revelando aos poucos os segredos dos personagens, alguns bem inesperados, outros nem tanto. É isso que move a trama, os segredos e a cada final de episódio um bom gancho, fazendo com que seja rápido terminar a série que só tem sete episódios e todos de curta duração. Algo não muito comum na Netflix, mas que quase sempre é muito positivo.


Depois da novela Deus Salve o Rei, Bruna Marquezine recebeu muitas críticas sobre atuações, mas aqui ela faz uma ótima Liz, bem séria e pé no chão, ao contrário das mulheres ricas na trama. Gerbelli sempre trabalhou com excelência, Carol Castro e Sheron Menezzes também estão muito bem, agora apenas Manu destoa um pouco, em alguns momentos sendo bem caricata. Uma pena porque a personagem em si é mais complexa do que parece. Já Natalia Klein faz um Verônica extremamente carismática, mesmo quando ela demonstra ser alguém diferente do que aparenta.

Apesar da reta final ter sido um tanto acelerada, de modo geral Maldivas entrega uma produção muito boa. Bom ritmo, sem enrolação, um ótimo suspense, com boas pitadas de humor, bom elenco e bem produzida. Vale a pena conferir. 

Michele Lima

Na Nossa Estante

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