A Menina Que Matou Os Pais – O Menino Que Matou Meus Pais [Crítica]
Em 2002 o Brasil parou para acompanhar um dos casos de assassinato mais comentados no país, o caso Von Richthofen e o que poderia ter sido uma morte resultado de um assalto, acabou se mostrando na verdade um plano cruel e calculista da filha do casal, Suzane e do seu namorado Daniel e o irmão dele, Cristian Cravinho.
O caso foi mais do que examinado por peritos, mídia e público, foi feito um verdadeiro escrutínio sobre o assunto e os dois filmes produzidos não trazem absolutamente nada de novo. Porém, traz a proposta de mostrar os dois pontos de vista do casal assassino diante do depoimento no julgamento do caso, uma boa ideia, não tão bem executada, principalmente em A menina que matou os pais, narrado pelo ponto de vista de Daniel Cravinho. O que seria talvez o filme mais interessante por mostrar a versão mais psicopata de Suzane Von Richthofen falha em um roteiro extremamente raso, sem a profundidade necessária para mostrar a complexidade da personagem que planejou a morte dos pais.
Os dois filmes mostram como Suzane e Daniel se conheceram e se apaixonaram. Daniel era professor de Andreas em aeromodelismo, inclusive o protagonista foi campeão paulista, brasileiro, pan-americano, sul-americano e o quinto melhor do mundo na categoria. A família Cravinhos de origem humilde mostrava alguns problemas com o filho mais velho Cristian, mas nas duas versões se mostram bem amáveis com Suzane que preferia a família do namorado do que a dela. No entanto, as duas versões se diferenciam obviamente, no que diz respeito aos Von Richthofen. Em A menina que matou os pais, eles aparecem mais rígidos, preconceituosos com o fato de Daniel ser pobre. Pelo ponto de vista do assassino eles eram vilões e ele só queria proteger a namorada que contou inclusive que sofria agressões físicas e sexuais do pai. Como o roteiro é fraco, não fica nada impactante as manipulações de Suzane.
Já em O menino que matou meus pais o roteiro se apresenta melhor elaborado, embora em nenhum momento seja possível acreditar na inocência da Suzane, principalmente porque quem acompanhou o caso na época sabe que os advogados a instruíram antes do julgamento a aparecer infantil e inocente. No entanto, a narração de Suzane feita por Carla Díaz consegue ser mais convincente em vários aspectos. Demonstra que os pais aceitaram Daniel no começo, mas as coisas mudaram quando a relação deles começou a ficar intensa demais, já que não se desgrudavam, o que afetou o relacionamento dela com os pais que ficou cada vez pior. De compreensível eles passam a ficar preocupados e rígidos com a filha e ela abusando cada vez mais do uso de entorpecentes. Com tudo que foi mostrado sobre o caso ao longo desses quase 20 anos, o roteiro de O menino que matou meus pais é um pouco mais realista, a única peça que não se encaixa de fato é a própria Suzane que se faz vítima o tempo todo.
Os dois filmes mostram fatos que parecem reais e falsos. Embora O menino que matou meus pais esteja num nível melhor, os dois apresentam um roteiro frágil que carece de uma profundidade que se exige naturalmente de uma tema complexo. Inclusive, Cristian é um personagem quase sem função na história, totalmente mal explorado, um desperdício porque teria se encaixado perfeitamente trazendo mais bagagem para o enredo.
Carla Díaz se sai muito bem tanto como a garota fria quanto inocente, fica claro que se o roteiro de A menina que matou os pais fosse melhor ela teria mais pra mostrar, mas como não é, o que poderia ser impactante e feroz, acaba morno e sem graça. Já não se pode dizer o mesmo de Leonardo Bittencourt, um pouco mais travado em suas falas.
Em suma, A menina que matou os pais é frustrante porque tinha tudo para mostrar uma Suzane marcante, mas é um filme sem ápice, monótono, com um final que acaba do nada, completamente irrelevante. Já O menino que matou meus pais é mais consistente, talvez seja a capacidade de Carla Diaz de nos convencer como garota doce ou porque Suzane usa o artifício de contar mentiras entre verdades, o que torna a narrativa um pouco mais coesa. No final das contas não acrescenta em nada do que todo mundo já sabe, não existe inocente nessa história.
Trailer
FICHA TÉCNICA
Título: A Menina Que Matou Os Pais – O Menino Que Matou Meus Pais
Direção: Mauricio Eça
Data de lançamento: 24 de setembro de 2021
Amazon Prime Video
Michele Lima
Olá,
Bem curiosa pra assistir. Como viciada em Investigação Criminal não posso deixar batido. Haha
Uma pena o roteiro ser melhor na segunda parte, mas imaginei que a parte do Cravinho fosse ser mais interessante por algum motivo.
até mais,
Canto Cultzíneo
Oie
Parece ser um filme que traz muita realidade, Já que se baseia em fatos reais. Confesso que não tenho vontade de assistir.
Beijinhos
https://tecendoaliteratura.blogspot.com
Assisti neste final de semana e fiquei chocada em como os dois filmes são RUINS. E não só isso, ainda tive que ver gente defendendo Suzane, de que ela não teria condições de manipular o namorado como aparece no filme (e como aparece na investigação da polícia). Não vamos esquecer que dois menores de idade planejaram e executaram o tiroteio em Columbine com bastante frieza e um deles, Eric Harris, era um conhecido manipulador.
Me espantou também, tive que fazer uma postagem no twitter explicando que ali ninguém é bonzinho…. eu não esperava ter que explicar…
Quero muito ver as atuações de Carla Diaz nos dois filmes.
Boa semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia