Entrevista com Helena Hilario, diretora de Umbrella

Conferimos recentemente o belíssimo Umbrella, curta-metragem brasileiro que atingiu a marca histórica de produção nacional do gênero participando de 19 festivais que qualificam para o Oscar, entre eles: Tribeca, Cinequest, Chicago International Film Festival, Calgary International Film Festival, Animayo, entre outros.
Gentilmente, a diretora Helena Hilario respondeu nossas perguntas sobre a animação. Confira!
Italo: Olá Helena, tudo bem? Assisti ao seu curta Umbrella via cabine de imprensa online e fiquei profundamente emocionado. Quando se pensa em animação, logo nos vem à mente que o público alvo é o infantil e Umbrella se mostra politizado ao tocar no tema dos refugiados. Não há como esquecer daquela imagem do garotinho morto na beira da praia e no seu curta, o protagonista Joseph sobreviveu, mas leva uma vida triste em um orfanato, onde foi abandonado pelo pai.
Italo: Qual foi sua maior intenção em contar a história?
helena: Olá Italo, obrigada pelo apoio e carinho. Fico muito feliz que você tenha gostado do Umbrella.
A intenção desse filme foi puramente contar uma história de empatia, gentileza e esperança. E levar adiante a mensagem que devemos olhar mais para o próximo e não julgar as pessoas sem sabermos o que ela está passando, a mensagem é também de que temos que olhar para o lado positivo de cada situação que acontece nas nossas vidas e crescer com isso. Não podemos nos tornar pessoas ruins como resultado de experiências negativas que passamos na vida. Nós tocamos delicadamente e de uma forma muito sutil no tema dos refugiados, fizemos isso para nos conectarmos emocionalmente com os motivos que levaram o personagem do pai a tomar as decisões que ele tomou na nossa história , sem julgamentos. Apenas aceitamos e entendemos.
Italo: Algo que me chamou muito a atenção ao assistir Umbrella foi a direção de arte. É tudo muito detalhado, muito rico. Os lugares mostrados existem? E se existem, onde ficam?
Helena: A direção de arte realmente é uma jóia, nosso diretor de arte, Dhiego Guimarães, fez um trabalho lindo e rico em detalhes. Foi um processo colaborativo muito legal. Os lugares não existem, foram todos criados a partir de uma mistura de referências de lugares que eu e o Mario, meu marido e co-diretor do Umbrella, gostamos e conhecemos em algum momento da nossa vida. Tomamos o cuidado de não definir a cidade, época ou país em que o curta é ambientado para ser uma história atemporal.
Italo: Torço muito para que Umbrella traga nosso primeiro Oscar, mas se não acontecer, você já pode se considerar uma vencedora. Sendo mulher e brasileira, quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou e superou ao trabalhar no exterior?
Helena: Obrigada pela torcida, estamos muito felizes com a jornada incrível do Umbrella! É uma honra imensa ter a chance de representar o Brasil na maior premiação do cinema e com uma mensagem tão bonita de empatia e esperança.
Trabalhar no exterior é uma experiência muito enriquecedora, no geral conhecer e trabalhar com outras culturas é um aprendizado diário imenso. A gente aprende a prestar atenção no outro, a saber que cada pessoa tem uma vivência diferente que pode nos ensinar muito. O desafio no início era expressar e comunicar em outra língua, aquilo que realmente eu queria passar, mas com o tempo tudo foi ficando mais fluído.
Italo: Quais as suas expectativas para o Oscar 2021?
Helena: Estamos muito contentes em termos chegado até aqui. Já é uma vitória imensa para toda a nossa equipe. Esperamos que essa nossa singela história sobre empatia seja contagiante entre os membros da Academia e que o Umbrella tenha a oportunidade de ser indicado ao Oscar como o primeiro curta metragem de animação brasileiro. Estamos na torcida!
Quem quiser conferir nossa crítica sobre a animação CLIQUE AQUI
Italo Morelli Jr.
Na Nossa Estante

View Comments

  • Olá Italo! Tudo bem?
    Eu não conhecia essa animação, mas gostei muito dela abordar assuntos tão importantes. Realmente quando vemos um desenho assim, a primeira impressão é que é algo infantil, mas pelo que vimos na entrevista, está muito além disso.
    Até mais!

    Quanto Mais Livros Melhor

Share
Published by
Na Nossa Estante

Recent Posts

Antes Ódio Do Que Nada [Resenha Literária]

Antes ódio do que nada é o segundo livro das irmãs Wilmot da autora Chloe…

1 dia ago

Mufasa: O Rei Leão [Crítica do Filme]

O clássico O Rei Leão (1994) completou 30 anos de seu lançamento e ainda é…

2 dias ago

Black Doves [Crítica da Série]

Assisti Black Doves (disponível na Netflix) por conta da Keira Knightley, já que o tema…

3 dias ago

Aquele Natal [Crítica do Filme]

Cansada das comédias românticas natalinas, resolvi conferir Aquele Natal, animação na Netflix, baseada nos livros…

1 semana ago

Mais Sombrio [Resenha Literária]

Mais sombrio é a nova coletânea de contos do Stephen King e é para mim…

2 semanas ago

Detetive Alex Cross [Crítica da Série]

Baseada em um dos personagens dos livros de James Patterson, a série Detetive Alex Cross,…

2 semanas ago

Nós usamos cookies para melhorar a sua navegação!