Do Fundo da Estante: A Bruxa de Blair [Nostalgia]

O estilo Falso Doc nem era novidade, mas a inteligente estratégia de marketing fez muita gente acreditar na veracidade de A Bruxa de Blair. Se o diretor Ruggero Deodato de Canibal Holocausto (1980) só não foi parar na cadeia após levar o elenco vivo a um programa de TV  (quando tudo mundo achava que eles estavam mortos), a dupla Daniel Myrick e Eduardo Sanchez apenas fez fortuna com um filme barato mas com exata noção de ritmo e criatividade: conseguiram transformar uma mentira no assunto do momento e elevaram a nossa Zé Povinho Curiosity a máxima potência. Todo mundo queria ver o que ocorreu com os três jovens metidos a documentaristas que sumiram numa floresta ao buscarem fatos sobre uma tal bruxa sobrenatural.
Os depoimentos carregados de fake news sobre rituais, assassinatos, seitas, psicopatas e é claro, uma bruxa, porque se a culpa é de alguém, só pode ser de uma mulher solteirona que copula com o demônio, disse assim a igreja católica nos tempos da inquisição…
Se o tema hoje merece uma revisão e uma atualização pesada (seria ótimo se uma historiadora escrevesse o roteiro) na época serviu de faísca para uma legião de fãs numa era pré-internet, onde até um cd foi lançando com as músicas que estavam numa fita K-7 encontrada no carro dos jovens. Sério.
Os letreiros oficiais avisam que o que veremos a seguir são imagens encontradas em câmeras achadas numa floresta…será que tais imagens foram editadas pela bruxa?
O trio de atores é péssimo, mas nem isso comprometeu o resultado, que foi além do que esperavam. A atriz Heather Donahue até estampava o cartaz com sua touca de lã e olhos marejados, e foi exatamente esta cena que deveria ser o “momento dramático” típico daquelas cenas selecionadas pro Oscar que arrancou risos das plateias e rendeu inúmeras sátiras.
Enquanto perambulam por uma floresta tentando achar uma saída (tanto de dia quanto de noite) uma tensão crescente de que algo vai dar muito errado permeia a narrativa e, sinceramente, se não é tão memorável assim, também passa longe da mediocridade. Sim, A Bruxa de Blair é tenso. O corre-corre, os gritos e cenas totalmente escuras nos enchem de expectativa para um único frame da bruxa que seja, e que na nossa imaginação tem que ser muito velha, muito feia, muito diabólica e muito assustadora. Um clichê que o cinema colocou em nosso subconsciente.
E se uma jovem linda aparecesse e dissesse: olá, sou a bruxa de Blair e vou matar todos vocês!? Certamente não estaria no contexto de um filme de terror e não seria bem recebido pelo público que anseia pelo horror total.
Então os roteiristas que também são os diretores, apostaram no medo do desconhecido e deu certo. A imaginação e o terror do que você não vê, não consegue ver ou o que acha que viu é o principal motor de A Bruxa de Blair e funciona até hoje.
FICHA TÉCNICA
Título: A Bruxa da Blair
Título original: The Blair Witch Project
Direção: Daniel Myrick, Eduardo Sánchez
Data de lançamento no Brasil: 1 de outubro de 1999

Italo Morelli Jr.

5 thoughts on “Do Fundo da Estante: A Bruxa de Blair [Nostalgia]

  • 23 de outubro de 2020 em 18:37
    Permalink

    Olá, Italo.
    Acredita que nunca assisti esse filme? Eu particularmente não gosto desse estilo de filmes que ficam mostrando imagens de uma câmera. Mas foi um sucesso a época.

    Prefácio

    Resposta
  • 24 de outubro de 2020 em 00:13
    Permalink

    Nunca assisti esse filme pois eu era muito medrosa quando ele saiu… hoje em dia, quem sabe não me arrisco alguma vez
    Beijos
    Balaio de Babados

    Resposta

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