A Ilha da Fantasia [Resenha do Filme]

Essa aposta da Blumhouse é no mínimo corajosa: vai na contramão e entrega um longa baseado numa série de sucesso (quando o que vemos nos últimos é exatamente o contrário), pega carona no sucesso de Dark com o intuito de fisgar uma audiência jovem e ao mesmo tempo mira em um público mais velho ao resgatar elementos de Lost, cultuada série que, assim como Twin Peaks, revolucionou o modo como as séries de TV eram realizadas.

Curioso é que mesmo com tantas boas fontes de inspiração, essa reimaginação da série em um longa do gênero terror, bate na trave por não abrir mão de clichês e situações pra lá de manjadas.

A fotografia solar e óbvia, só quer deixar explícito que o que estamos vendo é puro cinema sem ligação alguma com os enlatados televisivos. Porém, não há o cuidado de disfarçar que o resultado final é praticamente um episódio esticado de Lost – sem a mesma qualidade.

Mr. Roarke (Michael Peña) é o enigmático anfitrião de uma exótica e bela ilha que realiza as fantasias mais secretas de seus visitantes.

Quando essas fantasias não são exatamente aquilo que desejavam, os tais visitantes precisam que decifrar o mistério da ilha se quiserem escapar com vida. E dá-lhe plot twist.

A história, muito batida, tenta surpreender aqui e ali com várias reviravoltas, mas nem sempre consegue. A direção de Jeff Wadlow (Kick-Ass 2) é pouco ou quase nada inspirada, o que deixa a narrativa menos empolgante do que deveria. Apesar de ser bem movimentado, as suas quase duas horas são excessivas.

Do elenco bem canastrão (incluindo o outrora talentoso Micheal Rooker, de Retrato de um Assassino) só se salva a carismática Maggie Q, claramente a protagonista mesmo não sendo a personagem central da trama. Maggie já foi protagonista da bem sucedida segunda versão da série Nikita, baseada no longa francês também refilmado em Hollywood. Sem ela, certamente Ilha da Fantasia perderia muito da sua (pouca) dramaticidade.
Ao colocar no mesmo balaio viagens no tempo que misturam sonho e realidade, não tem como não lembrar de A Origem, polêmico longa do diretor Christopher Nolan. A única origem aqui, cujo mistério nos prende até o final, é como o antológico personagem Tattoo será inserido na trama. Só alguém muito desatento ou que não viu nem Lost, nem a Origem e nem Dark, vai se espantar com a revelação.
No balanço final, A Ilha da Fantasia sai dessa sinuca de referências e se impõe como entretenimento que não tem a pretensão de parecer mais do que é, e se assume com um típico filme pipoca, que provavelmente não irá requentar a série.
Trailer:
FICHA TÉCNICA
Título: A ilha da fantasia
Título Original: Fantsy Island
Direção: Jeff Wadlow
Data de lançamento no Brasil: 01 de outubro de 2020
Italo Morelli Jr.
Na Nossa Estante

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