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The English Game [Resenha da série]

The English Game é uma minissérie britânica baseada em fatos reais, idealizada por Julian Fellowes (de Downton Abbey) e é uma história linda para os amantes do futebol e para quem gosta de um bom drama histórico.
Em 1870 o futebol era um jogo amador (os jogadores não poderiam ser pagos) dominado pelos times da elite que inventaram as regras. Arthur Kinnard (Edward Holcroft) foi o jogador que mais participou de Copas da Inglaterra e venceu três vezes. Até 1879 nenhum time da classe operária havia chegado nas quartas de final, mas eis que aparece Fergus Suter.
Com a chegada de Suter (Kevin Guthrie) e Jimmy Lover (James Harkness) ao Darwen, os jogos amadores conheceram um novo tipo de futebol, um em que as estratégias começam a ter peso e os dirigentes questionados por suas regras que favorecem a elite. Ética passava muito longe da nobreza e do esporte, aliás, as faltas eram um verdadeiro atentado aos jogadores.
Suter revolucionou logo no primeiro jogo organizando a distribuição de passes e ocupação dos espaços, dando amplitude nas jogadas. Além disso, mostrou a formação em 235. Simplesmente genial! No entanto, o protagonista tem sérios problemas familiares, uma família pobre, um pai violento e uma vontade imensa de livrar a mãe e as irmãs da péssima situação. E é por isso que Suter joga pra quem pagar mais, algo inédito e mal visto pela Associação de Futebol que não queria que o esporte fosse profissionalizado, ironicamente para salvar o futebol. Com uma mentalidade retrógrada e conservadora, os membros achavam um absurdo ganhar para jogar.
Além de Suter, Arthur Kinnard é outro protagonista da série. Alma tinha toda razão sobre o marido, Kinnard não era uma má pessoa, mas o futebol tirava o pior dele, mas isso muda durante os seis capítulos da série. Vemos uma completa transformação do personagem que passa a entender a dificuldade dos operários e ter uma opinião diferente dos companheiros sobre a profissionalização do esporte. Arthur foi o primeiro entre os nobres a perceber que a Associação de Futebol tinha medo de perder para as classes mais pobres. Além disso, o protagonista passa também por um drama familiar ao perder um filho.
No núcleo de Suter temos outras tramas interessantes como a de Martha, mãe solteira, por quem o jogador se apaixona e Jimmy Lover que é um personagem extremamente carismático. Já no núcleo de Arthur, sua esposa Alma rouba a cena várias vezes, com sua perspicácia e sua dor por perder um filho.
Na parte do futebol alguns pontos me chamaram atenção. As pessoas se uniam para escutar as notícias dos jogos e é incrível ver a emoção deles, exatamente como nós amantes do futebol sentimos até hoje, a diferença é que agora a gente não só se reúne nas ruas, mas também nos estádios ou virtualmente nas redes sociais para comentar as partidas. Outra cena que me chamou atenção é da população se unindo para ajudar o Darwen, mesmo sendo pobres eles fazem questão de ajudar financeiramente, o que me lembrou bastante do Vasco, em que os torcedores estão sempre fazendo campanha para contribuir com o clube.
Vale lembrar que a série é baseada em fatos reais, mas obviamente há modificações. Fergus Suter jogou no Blackburn Rovers e perdeu a final de 1882 para os Old Etonians. Em 1883 Blackburn Olympic (time que o Suter não jogou) ganhou por 2 a 1 dos Old Etonians. Suter, na verdade, só conquistou a primeira de suas três FA Cup apenas em 1884. Outra modificação é sobre Jimmy Lover, já que não há registros do jogador ter chegado a Darwen junto com Suter, mas sim antes dele. No entanto, Arthur Kinnaird de fato se tornou presidente da FA.

The English Game é uma série curta, de apenas seis episódios, e mesmo assim consegue enrolar um pouco em alguns momentos da trama e gostaria de ter visto mais cenas de futebol. No entanto, a trama é excelente e consegue nos envolver pelos dramas familiares dos personagens, uma excelente ambientação, contextualização histórica, figurino perfeito e ótima trilha sonora. Um produção lindíssima e que nos faz lembrar, mais uma vez, de que nunca, NUNCA, será só futebol.
Michele Lima
Na Nossa Estante

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