Com mais uma edição linda que faz os olhos se deslumbrarem durante a leitura, Tokyo Ghost é a pedida certa para os amantes de ficção científica, steampunk e distopia.
É o ano de 2089, Los Angeles. O planeta foi tomado totalmente pela poluição e a humanidade sobrevive de forma degenerada, perdendo-se em vícios proporcionados pela tecnologia. Em meio a esse mundo de caos, gângsteres comandam a cidade. Flak é um deles. Não só o mais poderoso, mas também o mais influente. E não menos violento. Para garantir que seus viciados e concorrentes mantenham seus pagamentos em dia, o mafioso sempre conta com o trabalho executado por Debbie Decay e Led Dent, seus melhores assassinos de aluguel. No entanto, os dois estão cansados e querem ter a chance de uma vida menos violenta e livre do ópio. Por isso, quando Flak envia os dois em uma missão especial que os leva até uma Tokyo preservada, cheia de natureza e totalmente saudável, eles finalmente encontram a chance de serem felizes. Embora, claramente, aproveitar a paz, tenha mais tarde, seu preço.
Escrito pelo roteirista Rick Remender (que já atuou em produções da Marvel Comics) e com a arte de Sean Murphy (que já atuou na DC Comics), Tokyo Ghost é uma brilhante crítica social em forma de quadrinhos, que questiona não só os valores humanos, mas a sua facilidade de se render a vícios para esquecer os problemas a seu redor. A graphic novel apresenta temáticas interessantes e levanta uma forte bandeira sobre preservação ambiental, mostrando com clareza as consequências da matança que os humanos têm feito. E isso é evidenciado em suas cenas violentas e gráficas. É uma HQ crua, que não tem medo de mostrar o lado mais cruel do ser humano, e logo, obviamente, não recomendada para crianças ou menores de 18 anos. Além de apresentar conteúdo sexual, ainda tem palavras de baixo calão. Mas não tome isso como um ponto negativo, pelo contrário, dentro do contexto ao qual o leitor é situado, faz todo sentido que o mundo seja bestial da forma como é retratado.
Eu confesso que me apeguei rapidamente a dupla de personagens e embora não tenha sentido pena deles, ainda sim, é chocante ver as reviravoltas que o enredo dá. Ao longo da leitura fui surpreendido, esperando que algo acontecesse de uma maneira e acabando por acontecer de outra. Todo capítulo tem um cliffhanger diferente e ainda mais bombásticos, e suas lutas são intensas, sangrentas e bem marcadas pelas cores usadas na colorização de Matt Hollingsworth.
Tanto o desenvolvimento de Debbie quanto o de Led são incríveis. Os roteiristas possuem uma forte determinação de mostrar o pior lado dos dois e em seguida humanizá-los, apresentando um background de seu passado que explique um pouco mais seu comportamento. Além disso, o relacionamento intenso e quase inseparável deles acaba confortando e aliviando todo o teor de ação e violência que cerca a trama do começo ao fim.
Sendo assim, é inevitável o quão profunda essa graphic novel é. Suas mensagens são importantes, interessantes e bem construídas, em um enredo eletrizante repleto de morte e combate. Eu não poderia ter me viciado mais. Com ilustrações lindas e uma edição impecável, Tokyo Ghost vai agradar os fãs mais alucinados de Blade Runner assim como também pode arrebatar os leitores de mangá devido a todo mundo tecno-oriental que é grande destaque dentro de sua trama.
FICHA TÉCNICA
Título: Tokyo Ghost
Autora: Rick Remender, Sean Murphy e Matt Hollingsworth
Nota: 5 + Favorito

Emerson David

Na Nossa Estante

View Comments

    • Oi Kaila!
      Recomendo demais! De uma chance. Ainda mais se tratando de ser uma HQ, a leitura é super rápida.

      Abraços
      Emerson

  • Olá, Emerson
    Eu gostei muito do tema, principalmente agora que sempre acredito que nós iremos levar o fim do mundo o mais rápido possível. Precisamos de obras críticas, que nos abram os olhos, que façam seu apelo. Gostaria muito de ler a obra.
    Beijo
    http://www.capitulotreze.com.br/

    • Oi Miriã!
      Sim! É um baita choque de realidade o quanto a gente ta destruindo o nosso mundo nem para pensar nisso. A Hq levanta boas posições.

      Abraços
      Emerson

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