Norwegian Wood [Resenha Literária]

Norwegian Wood é a minha primeira experiência lendo alguma obra do autor Haruki Murakami. E não me arrependi. O nome do livro por si só, em referência a música dos Beatles do álbum Rubber Soul, já é um ótimo atrativo para começar a leitura. E é embalado na letra dessa música que a história de Watanabe Toru começa. 
O livro é narrado em primeira pessoa, de uma maneira simples e direta, é como se a todo momento as experiências fossem vividas pelo autor, tamanho detalhismo e sentimento com que ele expressa as ações, mesmo que por vezes pareça surreal mas também intrínseco. Toru se encontra aterrizando no aeroporto de Hamburgo quando começa a relembrar e refletir em uma espécie de rememoração alguns momentos de sua vida a partir da adolescência nos anos 60. Como pontos principais conhecemos Naoko e Midoro
E as memórias começam quando ele tinha 16 anos, passando pelo momento em que seu melhor amigo Kizuki acaba inesperadamente se suicidando, deixando tanto ele como Naoko, namorada de Kizuki, abalados e afetados pelo acontecimento, fazendo com que Toru mude a perspectiva como ele próprio lida com a morte e a dor.  E este ao meu ver é um dos pontos principais do livro, que fala abertamente sobre perdas, de como lidamos com elas e das dificuldades que muitas pessoas têm de enfrentar o sofrimento. 
Pulando para 1968, já como um estudante universitário de arte dramática em Tóquio e dividindo seu tempo trabalhando em uma loja de livros, ele acaba se reaproximando de Naoko, que se encontra morando em um sanatório depois de nunca ter se recuperado completamente do suicídio do namorado. A todo momento, tanto ele quanto ela tentam resgatar a memória da figura ausente do amigo em um ambiente de melancolia e introspectividade. Mas é nesse ínterim que ambos se apaixonam. Tudo isso com a música como alicerce para seus encontros e caminhadas. Aliás, um dos melhores pontos desse livro são as inúmeras referências musicais de Beatles a Rolling Stones, que é algo bastante marcante do autor, que usa também muito referências literárias. 
Passado alguns meses Toru conhece Midoro, que é o contraponto dele e de Naoko na forma como assumem o protagonismo de suas próprias vidas e também muito mais de como reagem ao sofrimento. E é a personagem que eu mais gostei de acompanhar, sempre com falas muito engraçadas e diálogos irreverentes, além de demonstrar sua força interior perante seus conflitos internos. 
A força de Norwegian Wood está também em como o autor conecta a época dos anos 60 ao período de revolução cultural, liberdade sexual e de muitos movimentos estudantis. Principalmente em Tóquio dos anos 60, que se abre mais para o mundo ocidental e onde os jovens começam a manifestar sua liberdade de uma maneira mais clara. É um livro que mostra através dos personagens diversas maneiras de encarar a solidão, o apego e a ideia de perda. Mas o livro também revela ser uma história sobre decisões que tomamos ao longo da vida, sobre como nos comportamos frente a elas e o peso que têm em nosso destino. Valeu a pena conhecer Haruki Marukami, para quem gosta de referências culturais, musicais e literárias, o autor consegue entregar um verdadeiro arsenal disso, e de uma maneira simples, delicada e também sensível.
FICHA TÉCNICA
Título: Norwegian Wood
Autor: Haruki Murakami
Nota: 5/5
Onde Comprar: Amazon
 

Ana  Carolina

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